tag:blogger.com,1999:blog-28338824063343197422024-03-18T19:49:05.518-07:00l - i - m - i - t - e - d - a - p - a - l - a - v - r - aTaiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.comBlogger616125tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-75291284014076804392017-04-03T11:47:00.002-07:002017-04-03T11:47:37.767-07:00estórias que escrevem pessoas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
se na tv o casal quase que se beija, <div>
bom,<div>
eu prefiro olhar a reação dela</div>
<div>
um caracol de óculos no futon</div>
<div>
- pára de me olhar olha pra tela!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
eu não gosto dessa série</div>
</div>
<div>
é muito de menininha</div>
<div>
eu não gosto... </div>
<div>
- hahahaha,</div>
<div>
esse número me anima!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
existe uma quinta dimensão</div>
<div>
daquelas conhecidas pela humanidade</div>
<div>
que trama...</div>
<div>
mas não é além da imaginação</div>
<div>
fica logo ali na nossa cama</div>
<div>
<br /></div>
<div>
não preciso de ficção científica</div>
<div>
nem de comédia romântica</div>
<div>
o paradoxo de ver você, tendo você, sendo você, amando você</div>
<div>
- um coração que anda</div>
<div>
dobra as leis da física quântica</div>
<div>
<br /></div>
<div>
e mais uma florzinha brota na varanda</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-50688474432156805612016-01-04T08:10:00.000-08:002016-01-04T08:10:15.786-08:001<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
uma fogueira na praia de maricá<div>
um cachorro vagabundo </div>
<div>
viralata em guapimirim</div>
<div>
a geografia feminina dessa cidade</div>
<div>
que já não é a mesma</div>
<div>
<br /></div>
<div>
shopping</div>
<div>
estamos no shopping</div>
<div>
consumindo</div>
<div>
estamos consumindo</div>
<div>
(cantar isso no ritmo de o meu sangue ferve por você)</div>
<div>
<br /></div>
<div>
um trio big bob adiantando</div>
<div>
um moleque soltando pipa</div>
<div>
um idiota de quadriciclo</div>
<div>
suco de caju da fruta</div>
<div>
<br /></div>
<div>
as marcas de bolinha da espreguiçadeira de madeira</div>
<div>
vassoura elétrica</div>
<div>
os discos da rita lee, gil e secos e molhados</div>
<div>
o violão de 12 cordas quebrado</div>
<div>
as bananas podres</div>
<div>
<br /></div>
<div>
um balde d'água nem com veja tira o aedis</div>
<div>
tem deixar escorrer pelo ralo</div>
<div>
lista de compras na porta do escritório</div>
<div>
uma sunga para secar</div>
<div>
muito picolé de macurujá</div>
<div>
4 de novembro</div>
<div>
<br /></div>
<div>
os passarinhos da janela não comeram canjiquinha</div>
<div>
o fora ccr me adicionou no face</div>
<div>
encontraram um rato perto do refeitório</div>
<div>
com pouco carvão o negócio é pegar lenha</div>
<div>
<br /></div>
<div>
comecei dois mil e quinze cagando na beira do rio</div>
<div>
é uma sensação de libertação</div>
<div>
dois mil e dezesseis começa com aquela camisa azul xadrez</div>
<div>
a base estabelecida para voar</div>
<div>
fritada mista com alface e tomate</div>
<div>
bobó de camarão revisitado</div>
<div>
<br /></div>
<div>
e as portas da casa para pintar colorido</div>
<div>
<br /></div>
</div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-90686365952560640032015-03-06T11:30:00.001-08:002015-03-06T11:30:16.848-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
é como se eu não tivesse o que dizer<br />
mas tivesse muito o que mostrar o que movimentar o que fazer<br />
<br /></div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-20611559616016269292015-03-06T11:19:00.002-08:002015-03-06T11:19:55.634-08:00parece que alguém quer cantar<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
parece que alguém quer cantar<br />
mas não consegue<br />
<br />
o motor do ar-condicionado central<br />
parece que não entende a temperatura<br />
no visor aparece 19 º, mas é mentira<br />
<br />
a maçaneta da porta parece que quer girar<br />
mas a ferrugem entre o metal desgastou o movimento<br />
<br />
uma canoa antiga, dos índios, foi achada<br />
no interior de minas gerais<br />
<br />
acabou a tinta de uma máquina de escrever Olivetti<br />
que era da minha avó<br />
<br />
alguma formiga com certeza está sendo morta<br />
com um pisão<br />
nesse instante<br />
porque andava distraída demais<br />
por entre papéis importantes do escritório<br />
<br />
parece que alguém<br />
lá, atrás daquele prédio<br />
quer cantar ou gritar<br />
mas não consegue<br />
<br />
eu sei que o faxineiro que limpa os banheiros aqui<br />
gosta muito de cantar funk melody<br />
não era ele quer cantar e não consegue<br />
é alguém diferente<br />
mas ele também não consegue<br />
<br />
o sol teve alguma preguiça<br />
e só apareceu na metade da janela<br />
da minha casa<br />
<br />
minha caneta caiu no chão<br />
atrás da mesa<br />
eu tentei me esticar, mas acabei caindo da cadeira<br />
a caneta, eu acho, está ali atrás ainda<br />
<br />
e sem escrever<br />
eu acho que sou a caneta com que deus desenha alguma bobagem<br />
enquanto as galáxias dançam<br />
<br />
alguém na praça da cinelândia queria cantar alguma música<br />
eu acho<br />
mas não consegue<br />
<br />
o calor agora já diminuiu, acho que o ar voltou a funcionar<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-20212538261703087922015-02-23T09:43:00.002-08:002015-02-23T09:43:27.751-08:00verdes<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
eu atravesso uma baía todo dia<br />
atravesso cidades, cabelos, sinais<br />
transpasso ferrugens, miolos de pão, morcegos<br />
atravesso as linhas da palma da mão<br />
os pedestres passados futuram-me<br />
num tempo presente já findo<br />
eu atravesso estações sem mapa<br />
sem tênis, sem calos nos pés<br />
eu atravesso o mar todo dia<br />
atravesso sofás boiando<br />
na beira da visão<br />
mas canso<br />
e paro<br />
<br />
atravessar a noite em sonhos verdes<br />
<br /></div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-35120021160902206632015-02-23T09:36:00.004-08:002015-02-23T09:36:50.575-08:00amarela<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
os peixes de seda<br />
em cima da mesa<br />
voa uma abelha<br />
no lustre da sala<br />
dorme na rede<br />
amarela<br />
o corpo da bela<br />
janelas do quarto<br />
abrindo a tarde<br />
o sol ao contrário<br />
de ponta cabeça<br />
reflete na mesa<br />
amarela<br />
os peixes de sede<br />
abelha que pousa<br />
no lustre da sala<br />
enfeites de luz<br />
<br />
<br /></div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-65838166291641697362014-12-03T17:56:00.002-08:002014-12-03T17:56:27.927-08:00uma noite qualquer<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
no meu quarto<br />
à noite<br />
ponho-me em silêncio<br />
<br />
de pronto os grilos dormem alto<br />
na paisagem desse silêncio<br />
cães conversam sobre ossos<br />
carros insistem em descobrir o fogo<br />
e o calor de estar vivo<br />
põe preguiça até nas estrelas<br />
(cogitam parar de brilhar)<br />
<br />
meu corpo quer dizer algo<br />
ou melhor, quer dançar algo<br />
mas faltam-lhe palavras<br />
ou melhor, sobram-lhe sonhos<br />
de modo que é fácil se perder<br />
<br />
em cada nervo uma gaveta<br />
nas dobras do joelho cultivo sonetos<br />
no suvaco, descrevo poentes com o suor<br />
e em cada vértebra os versos vergam vocábulos<br />
que, tortos, desabrocham na superfície aberta<br />
da mente<br />
<br />
seria mais uma noite qualquer<br />
não fosse essa gritaria toda<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-15808796899839161762014-09-18T07:48:00.004-07:002014-09-18T07:48:45.892-07:00barca da visão<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
hoje na barca fiquei em pé em frente ao portão vazado na proa<br />
olhando o rio de janeiro se aproximando da visão<br />
os prédios altos, o centro da cidade, as artérias da cidade<br />
os prédio baixos, o centro histórico da cidade, as veias da cidade<br />
enquanto no fone de ouvido a trilha sonora fazia daquilo tudo um cinema<br />
<br />
hoje a baía de guanabara me atravessou<br />
como uma barca atravessa um prédio<br />
como uma cidade atravessa a visão<br />
como a visão atravessa um cinema<br />
como um cinema atravessa um corpo de gente<br />
<br />
como um corpo de gente é menos espesso que um corpo de coisa</div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-75491415117101795682014-09-17T07:53:00.003-07:002014-09-17T07:53:54.023-07:00scenas urbanas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
um mendigo vestindo uma camisa escrito pantanal inundando o centro da cidade ao meio-dia<br />
do alto do arranha-céu somos todos formigas carregando pedaços de folhas mais pesadas que a alma<br />
um silêncio atravessa o sinal vermelho antes que o cego de bengalas pudesse ver<br />
<br /></div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-4433632310474546652014-05-20T20:18:00.001-07:002014-05-20T20:18:11.229-07:00tem palavras<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
tem palavras<br />
que não encontram<br />
experiências</div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-57586356783336825602014-05-05T10:52:00.000-07:002014-05-05T10:52:21.589-07:00no teto da casa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
no teto da casa<br />
comer guacamole<br />
cerveja e pimenta<br />
a vida é pequena<br />
pra que tanto rio? <br />
<br />
no teto da casa<br />
falar besteira<br />
contar as estrelas<br />
o som das abelhas<br />
dançando no frio<br />
<br />
o casamento do cedro com a araucária<br />
um abraço de nuvem no teto da casa<br />
uma chaminé, um chamamé<br />
o mundo girando no teto da casa...<br />
<br />
no teto da casa<br />
ver a namorada<br />
deixar o vestido<br />
de flor amarela<br />
confundir o poente<br />
<br />
no teto da casa<br />
saber o tempo<br />
de colher estrelas<br />
o céu nas telhas<br />
chamando o vento<br />
<br />
o casamento do cedro com a araucária<br />
um abraço de nuvem no teto da casa<br />
uma chaminé, um chamamé<br />
o mundo girando no teto da casa...<br />
<br /></div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-46250889558517680462014-04-29T18:42:00.002-07:002014-04-29T18:45:31.708-07:00deriva<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
andar à pé sem rumo<br />
no meio da cidade<br />
achar um atalho<br />
um mijo de cachorro<br />
que leve a lugar algum <br />
ver, inventar, ser setas<br />
ser sinais abertos verdes<br />
abrir asfaltos com o dente<br />
cavar o céu com os pés<br />
andar à pé sem rumo<br />
no meio dessa gente<br />
enquanto o dia queima<br />
veludos pelos ares<br />
em ruas sem saída<br />
achar por entre árvores<br />
um ninho passarinho<br />
achar por entre carros<br />
e lixos retorcidos<br />
um ser humano bicho<br />
deitado em papelão<br />
andar à pé sem rumo<br />
sem sulco nos sapatos<br />
no meio da saudade<br />
buzina um coração<br />
é tudo coisa falsa<br />
me diz a consciência<br />
são vidros e vitrines<br />
comidas e bebidas<br />
e gente no celular<br />
andando pelas ruas<br />
descubro uma pessoa<br />
que veio do ceará<br />
e canta titanic<br />
com voz de violino<br />
passeia com cachorros<br />
de uma senhora morta<br />
descubro um porteiro<br />
que rega passarinhos<br />
com água e açúcar<br />
que manda nessa rua<br />
sem saída para o mar<br />
descubro um ponto nulo<br />
por entre outros postes<br />
onde se vê escrito<br />
algum amor ou ódio<br />
invento essa estória<br />
e depois esqueço<br />
andar à pé na rua<br />
sem rumo e sem sapato<br />
será que é verdade<br />
boatos de assalto<br />
ali naquela esquina<br />
alguém perdeu sandália<br />
é tudo da cidade<br />
perdida em-si-mesmada<br />
andar à pé sem rumo<br />
esquecer que existe o tempo<br />
supor que atrás do muro<br />
alguma vida dorme<br />
alguma vida acorda<br />
e tudo é o que invento<br />
no meio da cidade<br />
descobrem-se rios<br />
imaginários<br />
e nos olhos dos pedestres<br />
nos pés dos automóveis<br />
alguma coisa vive<br />
alguma coisa morre<br />
lembrar que um dia a gente<br />
andou por essas bandas<br />
lembrar que a gente é só<br />
que a gente é um mundo<br />
lembrar que os pés doem<br />
de tanta alegria<br />
andando à pé sem rumo<br />
à deriva</div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-51757963387914936822014-04-21T10:34:00.000-07:002014-04-21T11:01:25.333-07:00na minha beira<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
vive no canto da boca um canto sem boca<br />
como paisagem perdida no canto do olhar<br />
foi como a flor esquecida num canto de moça<br />
ou poesia de areia nas beiras do mar<br />
<br />
fotografias e rimas de um cego caduco<br />
sonho do eunuco de um dia ser imperador<br />
fruta madura que sonha um dia ser suco<br />
vive na beira do ódio esquecido um amor<br />
<br />
se procurar dentro da viola<br />
a melodia na beira da corda<br />
um som azul<br />
<br />
se procurar no canto da boca<br />
aquele beijo de beira de moça<br />
um iguaçú<br />
<br />
e se procurar por um espaço<br />
pelas beiras entre seu abraço<br />
um corpo nu<br />
<br />
não vai encontrar nem mesmo o canto<br />
onde se escondia por enquanto<br />
o que eu fui<br />
<br />
lembranças sem ter fim na minha beira<br />
é de nascença em mim um mar pirata<br />
tesouros que perdi por cordilheiras<br />
tem mais presença em mim o que me falta<br />
<br />
é de nascença em mim um mar pirata<br />
tem mais presença em mim o que me falta </div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-18608969008352509652014-04-16T01:34:00.000-07:002014-04-21T10:59:07.420-07:00Talvez<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
talvez seja essa noite<br />
deitada em minha janela<br />
talvez seja o vinho tinto<br />
na minha camisa velha<br />
<br />
talvez seja essa rua<br />
por onde o silêncio ia<br />
talvez seja só eu mesmo<br />
querendo ver poesia<br />
<br />
talvez seja esse tempo<br />
de nuvem e chuva fina<br />
talvez é o pensamento<br />
a meteorologia<br />
<br />
talvez seja essa insônia<br />
que bebe meu corpo ao poucos<br />
talvez seja o meu silêncio<br />
gritando até ficar rouco <br />
<br />
talvez seja o fim do mundo<br />
ou só é saudade dela<br />
talvez seja essa noite<br />
deitada em minha janela </div>
Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-42524351420031313332014-03-08T21:04:00.001-08:002014-03-08T21:04:32.788-08:00pensando em coisas que o Suassuna disse numa palestraainda preciso entender Canudos<br />
para entender o Brasil<br />
<br />
dar de presente uma pedra pequena, dessas comuns, de beira de rio<br />
<br />
guardar pedras por mais de 50 anos, dessas comuns, pelo valor sentimental<br />
pelo desvalor<br />
<br />
guardar pedras em vez de guardar coisas úteis<br />
<br />
dar presentes achados no chão, no mato, no rio<br />
em vez de comprar camisetas na hering no amigo oculto do natal<br />
<br />
ainda preciso dar as camisas que não uso<br />
<br />
e dar mais tempo ao não-uso das coisas usáveis<br />
de forma que o tempo não me use Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-66973218183962206902014-03-08T20:56:00.000-08:002014-03-08T20:56:57.931-08:00púrpuraa casa completamente silenciosa<br />
a cidade também<br />
há todo um sentido no ar<br />
projetos de vida<br />
sonhos<br />
a imaginação das pedras montanhas grilos<br />
os sonhos dos mendigos<br />
<br />
o cristo redentor vestido de luz roxa<br />
no dia das mulheres vestem cristo de púrpura<br />
<br />
tento me fazer mulher<br />
para escutar as águas que escorrem<br />
os fetos que gero<br />
<br />
uma garrafa de vinho<br />
minha vó, carol e queijos<br />
põem a gente emocionado como um cristo de vestido púrpura<br />
de braços abertos<br />
<br />
dançando valsa com o silêncio do rio Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-30941966617543341022013-09-24T05:34:00.000-07:002013-09-24T05:34:04.833-07:00o homem da rua me disseque o Homem é um macaco<br />
metido a besta.Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-69006179576528601482013-09-17T18:24:00.002-07:002013-09-17T18:24:22.222-07:00picolé itáliaprocurando uma concha numa praia<br />
importa se é bonita, feia, quebrada?<br />
coisa concreta, concha, ou espiral inventada<br />
o que é preciso é o som do mar estar dentro<br />
<br />
lugar náufrago<br />
é pele de gente<br />
<br />
ilhas lá longe me avistam<br />
terras à vista me perdem<br />
águas profundas me dançam<br />
longe lá na infância<br />
<br />
inda quero descobrir conchas raras<br />
ainda quero um picolé itáliaTaiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-50457915676840054022013-08-03T00:01:00.000-07:002013-08-03T00:01:02.396-07:00contar causos num barcontar causos num bar<br />
rir desses causos<br />
relembrar uma idiotice<br />
que a gente fez menor<br />
e rir da idiotice<br />
<br />
conversar com estranhos<br />
até virar grandes amigos<br />
inventar futuros<br />
diferentes fins<br />
<br />
tragar um fumo<br />
olhar a fumaça se misturando com a luz<br />
<br />Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-34567072507667425112013-07-29T21:24:00.006-07:002013-07-29T21:25:28.555-07:00fantasiaquando ela goza<br />
- fantasia -<br />
alguma prosa<br />
vira poesia Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-35171828991698029412013-07-28T20:46:00.001-07:002013-07-28T20:46:47.825-07:00rodoviajanela do ônibus<br />
de um ônibus entre milhares de outros que ninguém sabe onde estão<br />
(e se soubessem onde estão, o que saberiam?)<br />
<br />
dais para o mistério de cidadezinha qualquer<br />
vida mixuruca<br />
constantemente cruzada por caminhões<br />
com os cartazes mal-escritos a anunciar lojas e igrejas<br />
com os móteis com nomes de músicas de roberto carlos<br />
com essa solidão lotada de gente<br />
e esses vira-latas mancos a esmolar pedaços de pão e carinho<br />
<br />
(vivi, estudei, amei, e até cri<br />
e hoje<br />
não há mendigo na beira de estrada que eu não inveje<br />
só por não estar nessa janela do ônibus)<br />
<br />
não há nada que aconteça<br />
nessas cidades<br />
nunca nada vai acontecer<br />
não se pode querer que aconteça nada<br />
à parte isso, vem na janela um homem sem dentes<br />
que diz ser Deus<br />
<br />
<br />
<br />Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-63260808037150529912013-07-23T10:36:00.003-07:002013-07-29T19:04:20.472-07:00quartoestou nesse momento<br />
no seu quarto<br />
<br />
em cada pedacinho dele<br />
eu lembro do espaço que nossos corpos criaram<br />
ocuparam<br />
em cada objeto tem um pouco você<br />
tanto que a saudade se torna quase<br />
insuportavelmente acolhedora<br />
<br />
é uma ausência tão grande que preenche tudo<br />
<br />
(as ruas lá fora estão cheias<br />
ouço gritos<br />
grito também)<br />
<br />
mas no seu quarto a maior presença é a sua falta<br />
<br />
olho para o armário<br />
consigo visualizar nós dois sem roupa<br />
entrando em transe<br />
olho para as fotos em cima da mesa do meio<br />
uma ausência sua muito presente<br />
de vários passados<br />
o ventilador ligado<br />
circula um ar que também contém fragmentos seus<br />
e esse ar passa na minha pele<br />
e é como se fosse a sua falta que me soprasse de leve<br />
<br />
(soube que aquele seu amigo foi levado preso,<br />
estava filmando com o celular e já foi liberado)<br />
<br />
é como se me faltasse um órgão essencial<br />
sangue, oxigênio, não sei<br />
e ao mesmo tempo<br />
eu estivesse na mais equipada incubadora<br />
com tudo para me fazer saudável, respirar<br />
seu quarto me dói como um parto bom<br />
<br />
o seu toque está em cada objeto<br />
no diprosalic<br />
nos controles remotos<br />
nos florais<br />
no estojo<br />
nas moedas<br />
na maçaneta da porta<br />
o seu olhar nos olha<br />
do quadro dourado do beijo<br />
da tela escura da tv<br />
da tela acessa do computador<br />
do teto<br />
dos seus próprios olhos nas fotos<br />
e penso que nunca fui olhado tão desprotegido<br />
sinceramente real<br />
com essa tristeza calando fundo<br />
e essa alegria de saber que você volta em breve<br />
e essa coisa que chamam amor<br />
que se mistura em tudo que penso, faço, imagino, sou<br />
<br />
(o cheiro de gás ainda está forte na camisa. até saiu o teu cheiro)<br />
<br />Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-63198991754929406042013-07-08T23:33:00.000-07:002013-07-09T11:49:08.880-07:00ela deita sobre a gramaela deita sobre a grama<br />
o céu é que se derrama<br />
<br />
ela sonha com o sol<br />
o sol é que lhe acorda<br />
<br />
em alguma paisagem<br />
remota<br />
traz beijos na bagagem<br />
<br />
cartão postal é música<br />
teu corpo é túnica<br />
com que vou falar com deus<br />
<br />
olhos virados em júpiter<br />
você louca<br />
<br />
e eu aqui<br />
deito sobre a cama<br />
a noite é que se derrama<br />
<br />
eu sonho com a lua<br />
e a lua é que me dorme<br />
<br />
em alguma saudade<br />
próxima<br />
trago beijos de verdade<br />
<br />
cartão postal é o rio<br />
teu corpo é um rio<br />
com que vou falar com deus<br />
<br />
à nado <br />
há nadaTaiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-23754521755765098092013-07-02T21:18:00.003-07:002013-07-02T21:18:32.038-07:00a incrível surdez branca de ouvir o grito silenciado da noiteo mosquito que fica no ouvido<br />
as sirenes da polícia lá longe<br />
um casal de grilos<br />
o gerador do hospital aqui da rua<br />
o estalo da geladeira<br />
meu coração de saudade<br />
<br />
o motor de um carro<br />
algumas fotografias suas<br />
o disco muito do caetano<br />
a luz vagabunda da luminária<br />
o arrastar de uma cadeira no apê de cima<br />
a incrível surdez branca de ouvir o grito silenciado da noite<br />
<br />meu coração de saudade<br />
inventa modos de dormir<br />
pra esquecer um pouco essa saudade<br />
<br />Taiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2833882406334319742.post-49601055094830772122013-07-02T19:06:00.001-07:002013-07-02T19:06:48.580-07:00cão mancoum cão manco pelas ruas de uma cidadezinha mixuruca<br />
ele seguia qualquer um<br />
qualquer um<br />
<br />
como se fosse seu dono<br />
<br />
eu acho que vi deus<br />
nesse cão manco<br />
<br />
e ele me viu também<br />
e eu fui perdoadoTaiyo Jean Omurahttp://www.blogger.com/profile/08231623775359959555noreply@blogger.com0