quando eu perceber
a alegria existente em cada mínimo objeto e em cada mínima criatura
quando eu perceber que a alegria é minha e Tua
quando eu perceber
que o Eu não existe
a alegria que persiste e me persegue, me fecundará do presente
quando eu perceber
a música do silêncio
a musa de-quando-fecho-os-olhos
a poesia dos corpos em movimento
a vida nascendo nas nuvens
os sonhos trazidos pela chuva
a história dos meus ancestrais
a minha história ancestral
o meu futuro ancestral
o nosso futuro ancestral
quando eu perceber
que perceber é mais Ser do que ter
quando eu dar sem procurar receber
quando eu perder o medo
da morte
do desafio
de revelar a minha ignorância
quando eu perceber
que somos Um
será poesia
domingo, 25 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
coisas
é difícil aceitar
mas as coisas acabam.
até uma poesia acaba.
o fim é uma etapa importante
de todos os processos.
a memória acaba?
pode ser. até a memória pode acabar.
é preciso o fim para que venham novos começos
e novos fins para outros novos começos.
o fim evidencia a mudança, o movimento do mundo.
a saudade acaba?
pode virar memória. e até a memória pode acabar.
saudade só tem no português. maldita e linda língua essa que
espalha saudade pelos portos. até a língua portuguesa terá seu fim.
fernando pessoa, de certa forma, voltará para o rio de sua aldeia, o rio nenhum,
em formato de pó e silêncio.
e o amor?
o amor pousou de levinho em nosso futuro, só pra fazer cosquinha, contar causos
e partir,
mas deixou o sorriso. o amor é generoso. deixa coisas, mesmo que seja nada,
deixa coisas.
coisas que não pesam e pesam mais do que bagagem
coisas que lembram do futuro
coisas que resolvem poesias
coisas feitas de pedaços de parede e mel
coisas pequenas que você deixou cair
coisas que voam de carona em perfumes
coisas que alguém se esqueceu de dizer e vento às vezes trouxe
coisas
mas as coisas acabam.
até uma poesia acaba.
o fim é uma etapa importante
de todos os processos.
a memória acaba?
pode ser. até a memória pode acabar.
é preciso o fim para que venham novos começos
e novos fins para outros novos começos.
o fim evidencia a mudança, o movimento do mundo.
a saudade acaba?
pode virar memória. e até a memória pode acabar.
saudade só tem no português. maldita e linda língua essa que
espalha saudade pelos portos. até a língua portuguesa terá seu fim.
fernando pessoa, de certa forma, voltará para o rio de sua aldeia, o rio nenhum,
em formato de pó e silêncio.
e o amor?
o amor pousou de levinho em nosso futuro, só pra fazer cosquinha, contar causos
e partir,
mas deixou o sorriso. o amor é generoso. deixa coisas, mesmo que seja nada,
deixa coisas.
coisas que não pesam e pesam mais do que bagagem
coisas que lembram do futuro
coisas que resolvem poesias
coisas feitas de pedaços de parede e mel
coisas pequenas que você deixou cair
coisas que voam de carona em perfumes
coisas que alguém se esqueceu de dizer e vento às vezes trouxe
coisas
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
eu guardo as palavras dentro da boca
e mastigo, castigo
eu guardo sentimentos no peito
e grito, mito
histórias que existem desde o começo do mundo
desde quando as águas andavam na face do nada
e quando o verbo se fez árvore
dentro de mim tem uma casca
e fora tem um centro
quem quiser saber meu nome
é só olhar no espelho
e mastigo, castigo
eu guardo sentimentos no peito
e grito, mito
histórias que existem desde o começo do mundo
desde quando as águas andavam na face do nada
e quando o verbo se fez árvore
dentro de mim tem uma casca
e fora tem um centro
quem quiser saber meu nome
é só olhar no espelho
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
se meu coração fosse um espelho
ele refletiria
se ele fosse um reflexo
ele fingiria
as batidas de coração
vêm do centro da terra
um centro onde todas as bocas do mundo
urram
se as batidas fossem minhas
elas seriam de todos
em cada boca e em cada beijo
se espera um segredo
embrulhado em saliva
se meu coração fosse de plástico
estaria boiando na baía
com uma carta ainda vazia
que eu mesmo leria
um dia
se meu coração fosse seu
ele seria meu
se meu coração fosse real
ele seria feito de sonhos
o mundo dorme sonos dogmáticos
e nós preparando o jantar para a morte
se meu coração fosse
ele seria
ele refletiria
se ele fosse um reflexo
ele fingiria
as batidas de coração
vêm do centro da terra
um centro onde todas as bocas do mundo
urram
se as batidas fossem minhas
elas seriam de todos
em cada boca e em cada beijo
se espera um segredo
embrulhado em saliva
se meu coração fosse de plástico
estaria boiando na baía
com uma carta ainda vazia
que eu mesmo leria
um dia
se meu coração fosse seu
ele seria meu
se meu coração fosse real
ele seria feito de sonhos
o mundo dorme sonos dogmáticos
e nós preparando o jantar para a morte
se meu coração fosse
ele seria
domingo, 4 de outubro de 2009
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