domingo, 31 de agosto de 2008

Lemon Tree - o silêncio




Meu pai trouxe mais reflexões sobre o filme.

"A força do silêncio. O silêncio como um grito, manifesto, rebelião."

Boa pai!

Lemon Tree - impressões


Um filme sobre as fronteiras.

O limão é uma fruta ácida.

Pode ficar azedo, depende.

Pode se colocar açúcar, então fica doce.

Um muro vazado nos mostra o outro lado.

A câmera assume o sentimento de cada lado.

Do lado palestino, câmera em movimento, inquieta.

Do lado judeu, estática, enquadramento duro, enclausuramento.

Como falar sobre o que é falado há milhares de anos?

Como mostrar o que é mostrado há milhares de anos?

Que imagem brota dessa fronteira?

A paranóia anti-terrorista de um lado.

O machismo de outro.

Dois lados da mesma moeda.

O que seria de um sem o outro?

Um filme sobre confrontos.

vizinho X vizinha

palestino X judeus

liberdade X prisão

natureza X ganância humana

Um filme sobre encontros.

um homem e uma mulher.

uma mulher e uma mulher.

um pomar de limão e um conflito antigo.
Do clichê para o simbólico.
Da imagem banalizada para a imagem poética.
Não há unanimidade.
Só o suco de limão que é uma delícia, tanto para uns como para outros.

Marcas da Violência - crítica imatura


Acabei de assistir o filme "Marcas da Violência" do Cronenberg.

Não é muito bom escrever logo depois que se assiste um filme, ainda está tudo muito quente na cabeça, não deu tempo de amadurecer.

Portanto escrevo aqui uma crítica imatura.

Me lembrei do "Imperdoáveis". Aquele lance do cara que era assassino e não é mais, tenta esconder o passado, mas o passado o assombra, até que ele se assuma, em toda a sua dualidade.

Já ouvi, ou li, sobre o lance biológico do Cronenberg. Algumas de suas marcas estão na direção de atores. As cenas são realmente corporais, o diálogo é linguagem corporal. Ainda não assisti o mais novo, chamado "Senhores do Crime", mas pelo que li tem muito disso tembém, corporiedade.

Vi um pouco dos extras do dvd e tem bastante coisa interessante, making-off, o cronenberg falando sobre as cenas. Isso é sempre muito enriquecedor para quem está estudando cinema. São verdadeiras aulas. Dá pra perceber o modo diferente que cada diretor trabalha, pensa a direção.

A sondagem dos personagens envolve suas vidas sexuais, fica evidente no filme. Ele utiliza o contraste do sexo em dois momentos para nos contar mais sobre a relação entre a mulher e o marido/gangster. A atuação é muito boa. Percebi como uma cena de sexo pode ter inúmero sub-texto. É sério. Ela é toda decupada, como um diálogo. Há mudanças de intenção...Muito bem feita.
As cenas de tiros e luta são coreografadas quase como dança. Ele faz questão de mostrar sangue, o tiro, e os sons "quase" exagerados de osso quebrando e socos (que já são realistas pelo nosso aprendizado em filmes de ação) também chamam a atenção. Mas não são gratuitos. Existe uma espécie de linha do personagem, que também é a linha dramática do filme: o espectador descobrindo o personagem e ele se redescobrindo.
Tudo culmina no banho de sangue do clímax.
Aliás, Wiliam Hurt está bom no papel do irmão.
A questão do contraste no filme também é marcante:
- mundo comum do cara X o passado de gangster
- sexo do cara com a mulher X sexo do gangster com a mulher
- o filho pacífico X o filho de gangster gangster é
- a casa modesta do cara X o casarão do irmão
Até o contraste da mise-en-scene fica claro:
os planos seqüências da vida pacata do cara, e os picotes rápidos da porradaria gangsteriana.
Não percebi nada de interessante na fotografia. Pensei no que o Walter Carvalho disse sobre a fotografia hollywoodiana. Realmente é muito comportada. Podia ter entrado mais no filme, na narrativa, se embrenhado no lado negro assim como o personagem. Ficou comportada, mas dá uma crueza pra luta, é verdade. Também não há aquela trilha de ação quando a pancadaria rola.
Aumenta a crueza e força de "realidade".
A cena final é bonita. Tudo com o jogo de corpo, movimento. Olhares em movimento.
Um filme clássico na sua construção. Mas amplia um pouquinho (só um pouco) o leque da narrativa hollywoodiana.
Depois eu vejo de novo e penso melhor ou pior outras coisas.

sábado, 30 de agosto de 2008

O lugar da Música na Civilização Ocidental

Reflexões:

I.Introdução: A Grécia Clássica; o Apolíneo e o Dionisíaco na música.



O pensamento musical grego esta presente em grande parte do inconsciente coletivo ocidental. Sua base técnica foi formulada, principalmente, pelos estudos de Pitágoras, que descobriu a importância das relações matemáticas na música, e que a música, em si, não deixava de ser fundamentada sob relações numérico-intervalares. Ao mesmo tempo, investiu num caráter místico dessas relações, em analogia as esferas celestes: A Harmonia das esferas, a música inteligível do Cosmos.Damón chama a atenção para a questão do Ethos (Ética) dos modos musicais, cada um correspondendo a uma região diferente de atuação, bem como diferentes estímulos de comportamento no ouvinte, representados pelo antagonismo básico: Apolíneo e Dionisíaco. Apolo, deus grego da Música, representava o comportamento equilibrado, o ideal de cidadão da pólis, e sua música característica exaltava esse caráter de Ordem, de disciplina do bom cidadão. Dionísio, deus grego do Prazer, representava, pelo contrário: o comportamento instintivo, desequilibrado, e sua música exaltava a festa, a orgia, a Desordem, tudo o que a visão político-pedagógica de Platão e Aristóteles censurava para o “bem andar” da pólis.Platão, influenciado pelas idéias pitagóricas, acreditava que Música atuava como metáfora da sociedade, representação, simulacro. Defendia a imposição de um padrão musical como parte de um projeto político, que utilizava a música e a ginástica para a formação do cidadão. A ginástica fortalecendo seu autodomínio, sua disciplina, e a música aproximando-o da filosofia, através do Belo. Logicamente, a música “apropriada” para Platão é a Apolínea, com sua ordem e harmonia. Identificada como pertencente aos cultos dos escravos, a música Dionisíaca, com seu predomínio do pulso sobre as alturas vai sendo abolida, num processo que a deixará aprisionada pela música das alturas durante toda a tradição, do cantochão ao seu retorno em Stravinsky e nos minimalistas.Com Platão torna-se evidente uma dicotomia que, como uma cicatriz há milênios marcada, divide a música em música inteligível (aceita) e música sensível (não aceita).Aristóteles, porém, como todo bom aprendiz, irá questionar seu antigo mestre, resgatando a questão do prazer, do hedonismo presente na música sensível. Defende o conteúdo social da música, ou seja, a utilização de diferentes formas do poder que ela exerce, dependendo do objetivo visado e do contexto social que ele se insere. Pensava, também, na educação musical para formar o ouvinte. Nessa época, o músico intérprete era visto como mero artesão, não como artista. Quem tinha esse papel era o compositor, “o pensador” da obra. Os músicos instrumentistas geralmente eram escravos, que se viam obrigados a tocar para seus senhores.Outro filósofo importante no pensamento musical grego é Aristóxeno. Destacou o conteúdo estético da música, indo de encontro à divisão platônica e seu privilégio da música inteligível: refletiu principalmente sobre a dimensão técnica da música sensível.Ordem e caos, razão e prazer, Apolo e Dionísio, música inteligível e música sensível. As bases de uma filosofia da música que irão desenvolver conceitos duradouros não só na história da música, como também na civilização ocidental.

II. Idade Média: A Teologia na Música e a Música na Teologia.


Ao longo do período conhecido como Idade Média, quando o Feudalismo vai se firmando na Europa, outro elemento de extrema importância adquire cada vez mais poder e influência: A Igreja Católica. Sendo, ela mesma, uma síntese de duas culturas e tradições diversas, a greco-romana (com todo o background musical-político discutido anteriormente) e judaico-cristã, com noções musicais igualmente diversas, haverá uma necessidade primordial, explicitada no pré-Renascimento, de garantir uma Unidade uma Uniformização, para o melhor funcionamento e dominação da instituição católica.“O canto gregoriano é um herdeiro, neoplatônico, da Harmonia das esferas.”, e integrante dessa tentativa de unificação litúrgica da Igreja Católica. O pensamento teológico na música, sendo seus principais ícones Santo Agostinho e Boécio, “tricotomizará” a música: Mundana (cósmica), representando a Verdade, Humana (pensada), teologia da música, e a Instrumental (execução humana), “ruim, mas necessária”. Quando dizemos instrumental nos referimos somente à música vocal: o instrumento é banido da Igreja. “Mais explicitamente do que na teoria platônica, a música das esferas a que o cantochão corresponde é a música que se desenvolve no campo das alturas, negando o ritmo recorrente e as estruturas simétricas da canção popular para fluir estaticamente sobre seu leito de sílabas sonoras, evoluindo sob o arco dos seus desenhos melódicos. O arco é, justamente, a forma arquitetônica que permite aumentar a distância entre as colunas sob o teto de um templo: a ampliação do tempo sob o arco frásico das melodias dá ao canto gregoriano a sua temporalidade particular, sua respiração ao mesmo tempo flutuante e grave, seu caráter tendencialmente extático, em oposição às músicas do transe (o transe é dinâmico, um zero mental que se transforma em movimento de corpo; o êxtase é estático, o corpo não se move).” A idéia de uma música que sublima o pulso, o ruído, estática, para valorizar o texto litúrgico, uma música divina, será confrontada em sua própria essência pela sensualidade da sedução diabólica que ela mesma oferece. Nessa oscilação entre a negação e a volta do sensual na música, exigindo que ela esteja completamente “depurada”, é que a polifonia medieval irá se desenvolver. A medida em que técnicas de contraponto e de notação musical vão exigindo uma necessidade pragmática, aproximadamente a partir do século XIII, ocorrerá uma sistematização do fazer musical, que será parte do firmamento do Tonalismo na música ocidental européia, bem como servirá de base para o conceito básico da ciência moderna: a mensuração do tempo.

III. Música pré-Renascentista e Renascentista: laboratório experimental da construção do tempo-espaço moderno.


“A passagem do modal para o tonal acompanha aquela transição secular do mundo feudal ao capitalista e participa, assim, da própria construção da idéia moderna de história como progresso.”Nessa transição, uma mudança radical de paradigma se dará: a naturalização do mecanismo inventado do tempo métrico: o tempo como invenção humana moderna.Historicamente, as medidas do espaço foram mais necessárias do que as de tempo. Antes, era só necessário acompanhar o tempo, e não medi-lo.Funcionando como um grande laboratório de experimentos: a composição, a notação e a execução musical; as músicas polifônicas pré-Renascentista e Renascentista estabeleceram conceitos para o desenvolvimento da ciência experimental. Galileu abstrai a idéia de tempo, “pegando emprestado da experiência polifônica”, matematicamente regulado, um fluxo mensurável, para estudar o movimento dos corpos.As bases da física moderna estão lançadas.A música litúrgica polifônica havia adquirido um nível de complexidadetamanho, que os chamados motetos eram compostos com até três línguas: o latim da linha de tenor e fragmentos de canções profanas nas vozes agudas. Mistura de sagrado e profano, dentro da Igreja. O papa João XXII, em 1324, acaba por condenar os excessos da chamada Ars Nova. O caminho que se dará a seguir será o da afirmação do Tonalismo em contraposição aos modos modificados dos motetos de diferentes regiões da Europa. Assumindo, como analogia às artes visuais, podemos utilizar como exemplo:- Gregoriano - Pintura medieval- Ars nova - Pintura pré-Renascentista- Polifonia (mais consolidada) - Pintura RenascentistaA questão chave é a conquista do tempo e do espaço como formadora do mundo Moderno. O interessante é que a matematização do mundo nasce das artes.A música Renascentista considera a medieval como confusa, e vai buscar um controle maior, uma maior compreensão do texto, evitando a confusão da intertextualidade. A idéia de Unidade da obra artística e sua comunicabilidade. Começa a haver, então, uma tentativa de trazer o sensório para o texto, a ilustração do texto pela música: imagens musicais.

IV. Conclusão

Refletir sobre as interseções da Música na Sociedade e vice e versa é sempre valioso. Podemos perceber a importância da Música relacionando-a com o contexto histórico: muitos de nossos pré-conceitos têm como fundamentos elaborações teóricas dos pensadores da música, compositores de música da Grécia Clássica, Idade Média, Renascimento.Ainda hoje, a arte é menosprezada na educação, porque a ciência é vista equivocadamente: o cientista não deixa de ser um compositor, um artista que formula hipóteses para explicar o mundo.“A Física surgiu graças à Música”Maravilhoso.


Bibliografia:


- WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas.2 ed. São Paulo: Companhia das Letras,1999.

-FUBINI, Enrico. Pláton, Aristóteles y la crisis del pitagorismo. In :La estética musical desde la Antigüedad hasta el siglo XX:Alianza, 1999, p61-82.

-SZAMOSI, Géza. Lei e ordem no fluxo do tempo: a música polifônica e a revolução científica. In: Tempo & espaço: as dimensões gêmeas.Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988, p.104-188.

Euclides, candidato sincero

Euclides só dizia a verdade.

Nunca contou uma mentira, na vida.

Quando chegou o seu dia de filmar sua propaganda eleitoral,

afinal, estava se candidatando a vereador, Euclides desconsiderou

o texto, com o slogan: "vamos mudar!":

ao ouvir o "ação" do diretor, que estava sentado numa desconfortável cadeira de madeira comida pelos cupins daquele estúdio no Rio Comprido, Euclides parou um segundo, tirou os óculos, e olhou sério para a câmera:

"Olá, me chamo Euclides Almeida, vote em mim, preciso do seu dinheiro, não vou fazer nada por você, nem pela cidade, só quero mesmo ser eleito, para poder contruir a lage lá de casa e fazer o puxado para o Gumercindo, meu neto. O filho da mãe do meu genro pegou 2 anos agora, é essa juventude né? O que eu posso fazer? Peço o seu voto, de coração. Euclides Almeida, 999223312."

Silêncio no set.




"ok..., ok..., agora, Euclides, pode repetir só que falando no final 'vamos mudar'?"

Meu tio Ivan

Lembrei do meu tio Ivan, irmão da minha avó.

Era muito engraçado, pensando hoje, mas eu ficava um pouco assustado na época.

Era começo da década de 90, tinha uns 4, 5 anos.

Ele assistia o horário eleitoral de modo muito peculiar.

Sentando de short e sem camisa, com uma pança de cerveja, a cada vez que aparecia uma figura na tela e dizia o seu slogan ele retrucava, gritando:

"Mudar é o car....lho.... LADRÃO!!! FILHO DA P..TA..!!!"

E jogava o chinelo na tv.

Horário Eleitoral Gratuito



Que miscelânea de seres nessa propaganda política...


Deve ser a maior concentração de imagens bizzarras de nossa sociedade contemporênea.


Mais do que filmes B de terror. Mais do que o Saara do Rio.


É um programa para ser estudado. Já devem ter feito algum estudo, alguma tese sobre isso.

Se não fizeram ainda estão de bobeira.


Algumas perguntas não calam:


Por que os canditados precisam ler um texto de 2 linhas, de 5 segundos?

Eles não conseguem guardar o seu próprio nome, número e slogan?

Sendo que o slogan pode ser algo como: "é hora da mudança", "conto com você", "por um rio melhor", "acredito na verdade", "o rio está cansado", "por uma vida digna", "vamos juntos", "trabalhando pelo povo"?


A maneira apática de uns, ridícula de outros, torna tudo um grande vaudeville, como nos tempos do começo do cinema. Acaba de aparecer um ser bizzarro, e já vem outro, sempre nos surpreendendo em nossos sofás. O riso é inevitável.


Muitas pequenas produtoras conseguem sobreviver do horário eleitoral. É um trabalho de sobrevivência mesmo. Filmagem de guerrilha.


Cheguei ao cúmulo de ver uma propaganda de um tal partido que em todos os canditatos o TIMECODE (dispositivo eletrônico gerado pela câmera) e o DISPLAY estava na imagem!

Imagino a velocidade e a estupidez com que foi feita essa propaganda...


A APOTEOSE DO CLICHÊ


- levantar o punho serrado e bradar: "vamos mudar".

Farofa

Perdida na lembrança de um final de semana,
teu rosto me apareceu e as paredes da cidade,
teu rosto me apareceu como parede
e a cidade não era mais de pedra e madeira.

Os nativos se misturavam na feira
pedra-sabão e solidão
esculpindo no tempo o desejo de estrada,
deixando fotografias amareladas na memória.

A lembrança se constrói como cinema também,
recorte imaginário do real,
A realeza dos tempo coloniais, café colonial, pinga,
em cada ponta do morro uma igreja, um mar.

Longe vejo tua dança de folcore no meio da rua,
no meio do carnaval que não existe,
a cada degrau que subo, mais um caminho para a distância,
a cada jornal do passado, um sonho de minas.

O piano no lombo da mula, harmonia distante feita de chão,
Trem de ferro no chão de verde,
O quiabo servido se aquece de frio, de tanto sorrir de saudade,
fumaça faz sinais de cidade.

Onde foi parar a curva da estrada?
As pedras no chão são de farinha.
Enchendo a boca de solidão sozinha.Agora, cheias, diga: “Farofa”.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Milton Nascimento - o começo do infinito


É a primeira vez que escrevo aqui sobre o Milton, mas, podem ter certeza, não será a última.
Muito pelo contrário.
A vida e a obra de Bituca merecem estudos atenciosos. Para quem não sabe, Milton é a minha
maior inspiração artística. Nada supera a força que sua voz, suas músicas e seus discos tiveram
na minha alma.
Tudo começou na casa a minha vó.
Ao visitá-la, gostava de xeretar as coisas antigas do quarto da minha mãe e do meu tio.
Livros, fotos, e é claro, discos.
A vitrola estava cacarecada, mas funcionava. Entre umas e outras, coloquei o disco "Clube da Esquina".
Minha vida mudou.
Nunca tinha ouvido algo como aquilo. O que conhecia de Milton era aquela "música do Senna" e Maria Maria, ou seja, a coisa mais manjada (acho que são uma das mais chatas músicas dele, e olha que gosto muito das 2).
Esse disco merece textos e mais textos.
Amanhã escreverei mais sobre ele.
Tenho que sair.
Aguardem.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Fala

Falar desse tempo é falar ar-vento
e falar vendo o falar tempo
desse tempo falho de fala o
que falo se falta, é lento.

falar do país, de um Brasil estrangeiro
é falar um estranho dialeto senil
sendo os pais de uma fala falhando o tempo inteiro
pra que o Brasil se não o fala dentro de mim?

a farsa se forma na fama do peito
fecunda na fala formando outro feto
feito folha que fenece ao vento
falta ainda falar do fundo do peito.

Walter Carvalho na UFF


Hoje contamos com a presença magnífica do nosso mestre da fotografia Walter Carvalho.

Ele veio ao debate na UFF de divulgação do documentário "Iluminados", um longa que fala justamente dos grandes fotógrafos brasileiros e mostra seus trabalhos, através de entrevistas e uma idéia muito interessante:

cada um dos 5 ( Edgar Moura, Pedro Farkas, Mário Carneiro, Fernando Duarte e o Walter) receberam um roteiro de uma cena e tiveram liberdade para iluminá-la como quisessem.

O resultado é muito interessante de ver. Parece que vai estreiar dia 12 de setembro.

Enfim, como é comum em debates, o assunto principal deixou de ser o filme para se voltar ao próprio trabalho de Walter, e sua visão sobre o cinema.

Quando fala, sentimos a sua verdadeira paixão pelo cinema. Aliás, o amor, é mesmo a metáfora que Walter mais se identifica para entender o cinema. Uma relação amorosa entre um grupo de pessoas que gera um filho: o filme.

Nessa conversa descontraída, podemos perceber seu grande talento e experiência. E bom-humor além de tudo. Sua busca pela linguagem é o que mais me cativa.

"Se agarrem na linguagem, ela é a força maior disso tudo"

falando sobre a matéria do O Globo de hoje ( http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/08/27/especialistas_discutem_que_fazer_para_que_cinema_nacional_volte_ter_publico_opine-547970540.asp ) , sobre a crise de público do cinema brasileiro:

"Essa história de fazer filme para o público é que tá afastando o público, que está cansado da mesma coisa, da mesma linguagem, essa coisa da imagem hollywoodiana, é essa linguagem que está matando o público.

o público vai pela emoção, mas quem pega ele é a linguagem.

a relação se inverteu, o espectador é que tem que ir ao filme."

Ao falar de seu processo de criação, Walter também nos trouxe valorosas reflexões:

"eu preciso me agarrar em alguma coisa, busco um conceito...
e a partir disso vou seguindo,
posso estar errado, mas o que é errado em fotografia?
acho que é preciso estar um pouco errado, é preciso estar inseguro, quando fico seguro fico
com medo... procuro esse risco de acertar."

"quanto menos OSCAR de fotografia ganhar, melhor, quanto mais buscar outros caminhos pra essa imagem desgastada, pasteurizada americana, que não tem a menor graça, melhor, essa ousadia é que dá tanta evidência ao cinema asiático atual, por exemplo. Os caras tão fazendo algo diferente."

Para fechar legal:

"a fotografia não se aprende, se pratica."

"é tudo redescoberta. tá tudo lá na pintura. vai estudar os pintores. vai ler João Cabral de Melo Neto."

Valeu Walter!

Pra fechar mais legal, stills de alguns de seus filmes:

Lavoura Arcaica


Madame Satã

Terra Estrangeira

Moacyr: Arte Bruta (na direção - seu filho Lula na foto)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Filmagem do "Cotidiano" - stills


Grande Paulo Betti


A equipe toda reunida (eu tirei a foto)




Filmagens do "Cotidiano" 2

Voltando ao assunto do curta "Cotidiano", gostaria de falar mais sobre as filmagens,
principalmente sobre o trabalho de Paulo Betti como ator e André Carvalheira como
diretor de fotografia e câmera.

Bom, como já falei, Paulo deu corpo ao filme. Apesar de ser simples, não haver diálogo,
a ação era baseada em gestos do cotidiano (acordar, ver tv, olhar-se no espelho...), que,
pensando bem, tem a sua dificuldade de atuação: como fazer tudo isso no personagem?
como não ficar uma atuação vazia, afinal, não são simples movimentos mecânicos, mesmo
que o personagem esteja realizando-os mecanicamente: é o personagem que realiza
mecanicamente, não o ator.

A concentração que Paulo Betti apresenta na hora das filmagens também demonstra a sua
grande experiência: onde um ator novato realizaria rápido, nervoso, inquieto, Paulo demorava o
tempo necessário, com uma tranqüilidade veterana.

Outro aspecto legal foi perceber a preocupação dele e o olhar que ele tem para as questões
técnicas de câmera, luz, e como ele sabe se posicionar no quadro e na luz.
Ele também dirige cinema (o filme "Cafundó") e esse olhar de fora da cena que quer entender a luz
e os dispositivos também foi uma surpresa boa no set.

Além de todos esses atributos, temos que destacar o seu bom-humor. Naqueles intervalos de
silêncio da equipe ele soltava:

"Essa arma é de brinquedo né? Olha lá, olha se eu morro numa porra de filme da UFF!"

"O Nelson Pereira contou que sabia exatamente quando tinha terminado de fazer um filme.
Ele dizia: fecha a janela! E a mulher dele: fecha você. Em cinema alguém já teria ido lá e fechado
a janela."

"Agora tá acabando? Qual é o take? É o TAKE MBORA?"

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André Carvalheira é nosso professor de fotografia e de direção de atores da UFF.

Tem cara de muleque, mas já filmou muito, tem muita experiência, saca de artes, estudou na França,
ou seja, está trilhando uma bela carreira.

O seu olhar artístico está presente no filme. Sem ele o filme não seria possível.

Eu e Zeka, que fizemos a sua assistência ganhamos um know-how só de olhar o que ele fazia.

Primeiro, na concepção da luz, podemos perceber o pensamento das 3 luzes:
Ataque/ Difusão/ Contra-luz e Fundo.

Sendo que o ataque foi feito com luzes dicróicas, que nem eu nem Zeka tínhamos experimentado.
Elas são perfeitas para filmagens em apartamento e locações pequenas. São práticas e leves.
Além de não fritar o ator. Funcionam que é uma beleza. Não sei se a galera da UFF as usa, mas
com todos esses "filmes de apartamento" tão comuns da galera de cinema, temos que espalhar essa
dica. Dicróica na vêia!

A luz de fundo ficou bem interessante, feita com um Fresnel com bandeira imitando grade de janela.
Colocando o filtro CTB, ficou aquele azul-noite-na-cidade bem "Sexto Sentido". Ficou bem bonito.

A luz difusa, de preenchimento foi basicamente uma Fotoflood com difusor na frente. Cuidado, desse
jeito ela esquenta muito! Tanto que explodiu no meio da cena e quase deu um enfarte no Paulo Betti.
Tô brincando.

Enfim, só de ficar olhando o André toda hora indo mexer e remexer nas luzes, colocando um pouquinho
pra lá, um pouquinho pra cá, mudando uns centímetros de lugar, olhando no visor, na tv, voltando a mexer,
percebemos o zelo dele com a fotografia, essa arte de pintar com um luz, pois foi isso que ele fez:

pintou com a luz.

Vou postar algumas fotos do set mais tarde, ainda hoje.
Aguardem.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Não existe arte - imagens











Não existe arte

Discutindo o conceito de CULTURA na aula de Antropologia, surge a pergunta:
o que é cultura? ou: qual a origem da cultura?

A galera diz que só o Homem tem cultura. Os animais não, tem instinto.
Cultura seria inteligência. Incompleta definição.

Parece que a capacidade de simbolizar, de se apropriar da Natureza e trasmitir simbolismo, signos, se comunicar, passando de geração em geração esse conhecimento, parece que é um conceito de origem da cultura bastante aceito.

O Homem e o poder do simbólico.

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Na aula de Edição e Montagem, falamos sobre a atenção na Modernidade.

no século XIX, ocorrem mudanças no estatuto da visão, estabelecendo uma nova era da história da visualidade: a constituição do sujeito.

a corporificação do olhar, entendendo-o sem a objetividade científica, visão imperfeita; a experiência perceptiva passa a não mais ter parâmetros científicos, passa a ter uma relação subjetiva, interior.

Visão Subjetiva - modernização da sociedade - IMPOSIÇÃO DE UM REGIME DISCIPLINAR DA ATENÇÃO

a vida e o modo de produção, antes rural e dispersivo, agora industrial-urbano e altamente focalizado, especializado.

questão: como se manter atento em meio a tantas mudanças?

Atenção apresenta, ao mesmo tempo, o que impede que nossa percepção seja um fluxo caótico de sensações, capacidade de síntese em meio a fragmentação, quanto o excesso de concentração também gera distração.

o olhar que se despreende - aquele olhar que não exatamente olha, é perdido em pensamentos, distraído, e altamente concentrado, ao mesmo tempo.

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como diz Jean Claude Carrièrre, em seu livro "A Linguagem Secreta do Cinema", quando os administradores coloniais franceses passaram filmes europeus para uma tribo africana, ninguém entendeu nada. Simplesmente não entenderam. Não fazia sentido. Não estavam catequizados para a imagem cinematográfica.

"Com uma cultura baseada em rica e vigorosa tradição oral, não conseguiam se adaptar àquela sucessão de imagens silenciosas, o oposto absoluto daquilo a que estavam acostumados. Ficavam atordoados. Ao lado da tela, durante todo o filme, tinha que permanecer um homem, para explicar o que acontecia...De pé com um longo bastão, o homem apontava os personagens na tela e explicava o que eles estavam fazendo. Era chamado explicador."


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o objeto da arte, o sujeito criador e o espectador estão ligados por um cordão umbilical.


existem artistas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Filmagem do "Cotidiano"

Acabei de chegar da filmagem do filme do meu amigo Renato: "Cotidiano", estrelando Paulo Betti.

Através de um bom planejamento, conseguimos realizar em um dia.

Foi uma grande experiência, contamos com dois nomes "de peso" na equipe, que elevaram em muito o nível do filme: Paulo Betti (na atuação) e André Carvalheira (na direção de fotografia e câmera).

Paulo realmente deu corpo ao filme. Sua vivência e segurança são visíveis. A atuação, mesmo simples, foi brilhante.

André realmente pintou com a luz. Fez um excelente trabalho. E ainda deu altas dicas para mim e pro Zeka. E pro Renato. Grande artista da luz. Deu a cara do filme. Foi uma honra ser seu assistente.

E o resto da equipe... Todos estão de parabéns.

É isso ai, até os festivais da vida aê...

Fai ficar legal, e estou meio cansado, vou dormir,

sem reflexões filosóficas por hoje,

vou filmar o melhor TAKE:

TAKE "MBORA"

tchau

domingo, 24 de agosto de 2008

O Demolidor e a Mulher-Submersa - Vestígios de Jia Zhang-Ke


Acabei de rever o filme "Em busca da vida", de Jia Zhang-Ke; filme chinês de 2006, vencedor do Festival de Veneza daquele ano.


Antes de alugar o filme, falei com meu amigo Carlos (o Orson Welles brasileiro) que agora estava começando a fazer sentido para mim. Eu vi no cinema. Naquele momento, achei o filme muito bonito, de fotografia e música, mas estranhei-o bastante. A "frouxidão" narrativa, os longos silêncios, aquela já consagrada duração exagerada dos planos, e os efeitos (discos voadores, prédio virando nave-espacial), aquilo tudo não fez sentido pra mim.


De uns tempos pra cá andei pensando nele.


Talvez influênciado pela Olimpíada, a China tem se tornado uma reflexão em pauta nas minhas reflexões. O que será desse país? O que será do mundo daqui pra frente? Como se dará essa nova etapa do Capitalismo? Da globalização? O que devemos fazer nesse encontro de mundos?


OCIDENTE - ORIENTE




Tenho raízes no Oriente (Japão), e de certa forma de identifiquei muito com os protagonistas do filme de Jia Zhang-Ke: o Demolidor e a Mulher-Submersa.


O Demolidor é um mineiro (não de Minas Gerais, trabalhador das minas - lá da China) em busca da sua filha.


A Mulher-Submersa é uma mulher em busca de seu marido.


O Demolidor fica desolado - não há mais a antiga cidade, agora está debaixo d'água, para a construção da hidroelétrica das Três Gargantas (a maior do mundo).


A Mulher-submersa procura por toda parte seu marido, que não volta pra casa à dois anos.


Meu avô japonês faleceu ano passado. Nunca conversei direito com ele. Não tinhamos intimidade.

Às vezes tentava trocar uma idéia, perguntar sobre o passado, e ele me respondia algumas coisas, daquele jeito carregado de sotaque, um pouco difícil de entender.


Assim como a Mulher-Submersa e o Demolidor, assisto uma parte da minha História ficando submersa, inundada. Como diz o personagem do garoto que imita o Chon Yun-Fat (o astro chinês de "O Tigre e o Dragão"): "somos melancólicos".


Revendo o filme, pude entendê-lo melhor. Isso tudo é subjetivo, como toda a crítica. E cada vez acho que o cinema dito "de arte" busca exatamente isso, e é isso o seu valor: a subjetividade do olhar do espectador.


A maestria de Zhang-Ke em trabalhar os detalhes é impressionante. Os vestígios de Chinas e Chinas submersas, os vestígios de povos sem destino, os vestígios da invasão cultural do Ocidente, os vestígios da tecnologia e do arcaico, os vestígios do amor.


Traduzindo isso para a mise-en-scene: a riqueza do contraste entre o primeiro plano e fundo, a paisagem estranha do cotidiano, as multidões sem rumo, a juventude ocidentalizada, o estranhamento plasmado em discos voadores e prédio-foguete, as ruínas, o rio.


A Mulher-Submersa passa o filme inteiro se inundando de água. O Demolidor só caminha e causa ruínas.
A China já é a grande potência mundial. Tomou o lugar dos EUA. Que mundo nos espera? Que mundo não espera?
Que cinema nos espera?

sábado, 23 de agosto de 2008

Teatro de Improviso

Considerado um fenômeno de bilheteria e crítica, o espetáculo "Z.É - Zenas Emprovisadas"- www.zenasemprovisadas.com.br - chamou a atenção para uma modalidade nova de se fazer teatro no país: o improviso.

Criado aos moldes do programa de TV estadunidense "Whoose line is it anyway?", o espetáculo brazuca conta com quatro atores improvisadores e um músico que os acompanha nos jogos musicais. A cada semana dois convidados participam jogando, assim como um apresentador-diretor convidado que comanda a brincadeira.

Utilizando sugestões do público, que as escreve num papel entregue logo na entrada, os improvisadores participam de vários jogos de improviso, sempre utilizando muita criatividade, pensamento rápido e é claro humor.

O espetáculo é uma herança da escola de humor STAND-UP COMEDY, mais conhecida pelos brasileiros pelo seriado estadunidense "SEINFELD". O foco é na piada, no riso, com muitas tiradas cômicas.

Ao mesmo tempo que o "ZENAS" iniciava seu espetáculo, um outro grupo estudava uma forma diferenciada de improviso, chamada "TEATRO-ESPORTE". Idealizado por Keith Johnstone - www.keithjohnstone.com -, o teatro-esporte, acabou desenvolvendo uma série de técnicas para criação de narrativas improvisadas coletivamente, sem combinação prévia. O "IMPRO", como é conhecida a técnica, aborda o improviso de outra maneira: aqui quem manda é a história.

O grupo chama-se "TEATRO DO NADA"- www.teatrodonada.com.br -, e está prestes a competir no CAMPEONATO DE IMPRO que vai rolar no CHILE, reunindo diversos países.

Inspirado nas competições de luta-livre da Inglaterra, Keith Johnstone, que buscava um teatro onde o público pudesse torcer, gritar, votar nas melhores histórias, criou uma série de técnicas e vários formatos de espetáculo de improviso, sendo o mais conhecido deles o TEATRO-ESPORTE: 2 times de 4 atores-improvisadores competem entre si para ver quem realiza as melhores histórias improvisadas com sugestões do público.

Foi com esse formato que o TEATRO DO NADA realizou os espetáculos "TEATRO DO NADA" e "NADA CONTRA".

Com o desenvolvimento de cursos de improviso ministrado por Claudio Amado, membro do TEATRO DO NADA, outro grupo surgiu: "OS IMPROVINSANOS" - www.improvinsanos.com.br - trazendo novos jogos e investindo no improviso músical. Um dos aspectos mais interessantes é o fato de que o grupo é formado em sua maioria por não-atores. O ideal coletivista de contar histórias no IMPRO abraça qualquer um que deseje participar.

O fenômeno do improviso no Brasil ainda está num estágio inicial, mas acredito na sua expansão e consolidação no teatro nacional. Diversas companhias já estão estudando a técnica e fazendo espetáculos ao redor do Brasil. Todas elas devem muito ao pessoal do "Z.É" e do "TEATRO DO NADA", por serem os pioneiros dessa história toda, cada um com seu formato.

Como estudante de IMPRO e improvisador musical dos IMPROVINSANOS, percebo aspectos interessantes na prática da técnica que trazem habilidades importantes para o cotidiano pós-moderno: a capacidade de se adaptar, elaborar soluções, trabalhar em grupo, enfim, como o meu amigo Riba (ator-improvisador dos IMPROVINSANOS) gosta de dizer: a soma do grupo é maior do que as contribuições individuais.

Recomendo a todos que procurem assistir esses grupos, seja ao vivo ou no YOUTUBE.

Que o IMPRO esteja CONOSCO!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Werner Herzog e a visão cinematográfica

Hoje na aula de direção de arte (prof. Pierre - da UFF) falamos sobre a mise-en-scene.

Um documentário sobre Werner Herzog trouxe questões muito interessantes sobre a mise-en-scene na obra desse cineasta:

- A questão da mise-en-scene atrelada a uma visão poética/transcendental da existência

- Colocar em cena a imaginação que engravida a realidade

- Devolver à imagem seu poder mágico a partir da concretude dos seus códigos

- Jogo dos significantes da linguagem

- Os personagens têm paisagens interiores, visões, sonhos

-"existe um porta dos fundos por onde a estética pode entrar e sair"

- O resgate de arqúetipos mitológicos

- Pós-modernidade: o sujeito constrói a sua própria mitologia

MISE-EN-SCENE: traduzir visões que dão sentido a realidade

enfim,

como dever de casa - rever os filmes de WERNER HERZOG

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Apresentação do Blog

Olá, nesse blog escreverei reflexões envolvendo cinema, teatro, música, arte, poesia.

O objetivo desse blog é me obrigar a escrever algo de interessante todos os dias.

Prometo que tentarei cumprir essa tarefa.

Se você gostou, mande o link para amigos.
Se não gostou, mande o link para amigos.

Se tudo der certo, dentro de alguns meses algum texto ficará bom.

Se tudo der muito certo, idéias para possíveis roteiros, projetos, estudos, poderão pintar por aí.

Vamos ver no que vai dar.

Abraço

TAIYO OMURA