domingo, 31 de agosto de 2008

Marcas da Violência - crítica imatura


Acabei de assistir o filme "Marcas da Violência" do Cronenberg.

Não é muito bom escrever logo depois que se assiste um filme, ainda está tudo muito quente na cabeça, não deu tempo de amadurecer.

Portanto escrevo aqui uma crítica imatura.

Me lembrei do "Imperdoáveis". Aquele lance do cara que era assassino e não é mais, tenta esconder o passado, mas o passado o assombra, até que ele se assuma, em toda a sua dualidade.

Já ouvi, ou li, sobre o lance biológico do Cronenberg. Algumas de suas marcas estão na direção de atores. As cenas são realmente corporais, o diálogo é linguagem corporal. Ainda não assisti o mais novo, chamado "Senhores do Crime", mas pelo que li tem muito disso tembém, corporiedade.

Vi um pouco dos extras do dvd e tem bastante coisa interessante, making-off, o cronenberg falando sobre as cenas. Isso é sempre muito enriquecedor para quem está estudando cinema. São verdadeiras aulas. Dá pra perceber o modo diferente que cada diretor trabalha, pensa a direção.

A sondagem dos personagens envolve suas vidas sexuais, fica evidente no filme. Ele utiliza o contraste do sexo em dois momentos para nos contar mais sobre a relação entre a mulher e o marido/gangster. A atuação é muito boa. Percebi como uma cena de sexo pode ter inúmero sub-texto. É sério. Ela é toda decupada, como um diálogo. Há mudanças de intenção...Muito bem feita.
As cenas de tiros e luta são coreografadas quase como dança. Ele faz questão de mostrar sangue, o tiro, e os sons "quase" exagerados de osso quebrando e socos (que já são realistas pelo nosso aprendizado em filmes de ação) também chamam a atenção. Mas não são gratuitos. Existe uma espécie de linha do personagem, que também é a linha dramática do filme: o espectador descobrindo o personagem e ele se redescobrindo.
Tudo culmina no banho de sangue do clímax.
Aliás, Wiliam Hurt está bom no papel do irmão.
A questão do contraste no filme também é marcante:
- mundo comum do cara X o passado de gangster
- sexo do cara com a mulher X sexo do gangster com a mulher
- o filho pacífico X o filho de gangster gangster é
- a casa modesta do cara X o casarão do irmão
Até o contraste da mise-en-scene fica claro:
os planos seqüências da vida pacata do cara, e os picotes rápidos da porradaria gangsteriana.
Não percebi nada de interessante na fotografia. Pensei no que o Walter Carvalho disse sobre a fotografia hollywoodiana. Realmente é muito comportada. Podia ter entrado mais no filme, na narrativa, se embrenhado no lado negro assim como o personagem. Ficou comportada, mas dá uma crueza pra luta, é verdade. Também não há aquela trilha de ação quando a pancadaria rola.
Aumenta a crueza e força de "realidade".
A cena final é bonita. Tudo com o jogo de corpo, movimento. Olhares em movimento.
Um filme clássico na sua construção. Mas amplia um pouquinho (só um pouco) o leque da narrativa hollywoodiana.
Depois eu vejo de novo e penso melhor ou pior outras coisas.

2 comentários:

  1. Opa, ja vi Senhores do Crime. E' bom, vale a pena ver.

    ResponderExcluir
  2. a coisa interessante da fotografia enm é a luz, é a lente: só usou-se quase em todo o filme grande angular.

    ResponderExcluir