domingo, 1 de novembro de 2009

zentimental

no brilho do sol que bate na janela
na janela do sol que bate no brilho

eu vejo só o miró do mirror
eu vejo, só, o sozinho de mim
eu vejo o Tejo e a liberdade
a pátria a morte oh liberdade
eu vejo o Oriente a oriente do oriente sorridente
o rio rente o Rio
eu rio do que vejo por que vejo o sole mio
eu canto o beijo que recebo do sol
na testa na cabeça no trem asul

zentimentos em meu peito eu tenho demais
zentimentos em meu peito eu tenho eu
o eu zente muito a minha mente
e zentimentalmente falando a gente não mente
fosse um samba seria canção
fosse uma cueca seria branca
fosse uma bandeira seria do Brasil

tenho em mim todas as respostas para as perguntas que elas geram
mas tenho em mim todas as respostas para as respostas que elas não respondem

fosse eu Deus e transformaria arte em ouro
poesia em ouro
e ouro em poesia

mas sou humano, demasiadamente humano
e só opero equações de primeiro grau
e ditado com 10 palavras. ponto final.

eu aprendi na escola como escrever as palavras
mas o significado eu aprendi na rua
em todas as minhas pequenas mortes
e pequenos nascimentos
em todos os cuspes e tapas na cara
e carrinhos do futebol

se você queimou aquelas poesias
feitas de caderno amarelo e lápis
só fez questão de ilustrar o que estava escrito
cinzas e promessas e futuros já passados

poesia de criança só serve para queimar papéis
e embrulhar balas ice-kiss

a verdadeira poesia
ficou guardada no meu futuro

a verdadeira promessa
já pegou o primeiro ônibus escolar

a verdadeira canção
eu cantei e esqueci

estou de pé e pulo e grito e gesticulo com o abismo
numa luta eu me domino e continuo a continuar
piso duas vezes no mesmo rio
jogo a piada no lixo
e planto um som no mundo

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