e só com isso em mente, ela desafiava as leis da gravidade.
pulava cocôs de cachorro com a plasticidade de um Nijinski.
quebrava o pescoço dos pedestres.
e ela nem tinha um poodle.
encontrou um bebê num lixo.
lavou-o com sabão de coco.
colocou numa prateleira.
e vendeu.
já senhora, lembrou de quando dançava na festa junina
vestida de marinhachiquinha
com sardas de mentira
de braços dados com um menino
que ela não lembrava o nome.
depois se casou e teve 4 filhos.
só 2 vingaram.
era pra lá de Getúlio Vargas.
as cartas de amor e poemas foram queimados
no dia em que flagrou o marido com a secretária.
recortou o corpo dele das fotografias
e comprou um poodle.
depois, saiu pelas ruas da capital
distribuindo beijos e bolinadas boas.
ela tinha uma bunda boa.
ainda bebê
só queria o peito da mãe, mamou até os 4 anos.
dormia com o dedo na boca
até morrer.
um dia ela sonhou que estava indo comprar pão
e todo mundo da cidade parecia que estava num filme
musical, dançando
como um balé de Nijinski.
no ato final, ela terminava seu número
abrindo os braços
e desaparecendo.
ah, mlk!
ResponderExcluirisso da um ótimo curta, porra! vamos filmar!