segunda-feira, 8 de outubro de 2012

sentinelas da noite escondidos em nuvens

sentinelas da noite escondidos em nuvens
um silêncio afogando os prédios
cães em outro bairro debatem o tempo
mães em silêncio sonham no passado

gatos brigam na beirada de muros
algum grilo desaparece de si mesmo
no japão já é outro dia
coração ainda bate acelerado
era pra cidade dormir agora
mas os prédios insistem em sonhar

uma moça tira o sutiã
coloca o pijama
e desliga o computador

parece algum alarme de carro
lá no final da rua
ou será minha respiração?

nessa noite tão escura
escondem no asfalto preto dessa rua
um suave leito da visão

pareceu um navio atrás do morro
e nem estou dormindo
sonho acordado submerso em vida
ou a vida sonha com o verso findo?

escuto meu coração batendo fora de mim
nas paredes e no teto
bate também por entre os prédios
é com o coração que arquiteto

sonhos sólidos
metro a metro
até chegar

longe do perto



3 comentários:

  1. não vou prender esse poema seu a um adjetivo aqui, pq acho que vai exatamente contra o que ele me passou...

    ele me passou uma coisa, uma coisa meio gay mesmo, ele me fecundou cara...me fecundou com uma melodia mesmo...um rasgo de melodia pelo menos, um rasgo de espanto.....uma coisa dessa de madrugada que acontece quando se ouve um Coltrane da vida, ou um Bob Dylan invocado, ou um Belchior, ou até um Caetano, ou um bregão-"rifado", sei lá...

    mas, enfim, tô de útero crescendo, pq ouvi com seus ouvidos, vi as paredes, tentei sentir o navio atrás do seu-morro,...

    "um silêncio afogando os prédios"
    isso é..isso é...

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