um dos meus avôs veio do pantanal
o outro veio do japão
nasci na holanda
sou brasileiro
nasci num clube da esquina
no encontro de várias ruas
andei de skate
coloquei o pé no pacífico
vi a torre eiffel ascender suas luzes
numa paris sobrenatural
provei vinho de mendoza
senti a brisa de uma geleira derretida
pelas bandas do canadá
tremi com um terremoto na costa rica
e subi num vulcão lá
dizem que três vezes por ano
quando o céu está totalmente aberto
dá pra ver o pacífico e o atlântico
indefinir o longe e o perto
de cima daquele vulcão
um dia quero ver...
já morei em frente ao mar
já quase me afoguei
tive amores imaginários
alguns amores deixei
vi um céu muito estrelado
de dar dó
lá em visconde de mauá
e a cachoeira mais bonita aquela
acho que foi em serra do cipó
parecia um lugar de sonhos
de repente era
não canso de ver
o horizonte do arpoador
olhar o mar sem pressa
seja de onde for
funciona pra mim como uma reza
de repente é...
quando eu nasci
uma anja loira, alta, holandesa
disse: vai, Taiyo!
ser outros na vida
navegar é precioso
vai ser outros
outras pessoas
fazer poesia
do pantanal eu trago uma pré-história
um gosto de antes dos começos
como tocar no mar pela primeira vez
achar os olhos da mãe e do pai quando bebê
do japão tem um olhar invertido
olhar o que está dentro
do brasil eu colhi um sorriso
a alegria de estar vivo
da holanda um olhar subversivo
como jogar uma bicicleta num canal
nasci mesmo foi numa esquina
na esquina entre o bem e o mal
caminhando em saltos
pulando moças, cheiros, apartamentos
até encontrar aquela visão
que eu tinha desde pequeno
até ver o meu sol,
viver, meu nome, viver
escrito em corpo de mulher
até encontrar carol
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