no meu quarto
à noite
ponho-me em silêncio
de pronto os grilos dormem alto
na paisagem desse silêncio
cães conversam sobre ossos
carros insistem em descobrir o fogo
e o calor de estar vivo
põe preguiça até nas estrelas
(cogitam parar de brilhar)
meu corpo quer dizer algo
ou melhor, quer dançar algo
mas faltam-lhe palavras
ou melhor, sobram-lhe sonhos
de modo que é fácil se perder
em cada nervo uma gaveta
nas dobras do joelho cultivo sonetos
no suvaco, descrevo poentes com o suor
e em cada vértebra os versos vergam vocábulos
que, tortos, desabrocham na superfície aberta
da mente
seria mais uma noite qualquer
não fosse essa gritaria toda
à noite
ponho-me em silêncio
de pronto os grilos dormem alto
na paisagem desse silêncio
cães conversam sobre ossos
carros insistem em descobrir o fogo
e o calor de estar vivo
põe preguiça até nas estrelas
(cogitam parar de brilhar)
meu corpo quer dizer algo
ou melhor, quer dançar algo
mas faltam-lhe palavras
ou melhor, sobram-lhe sonhos
de modo que é fácil se perder
em cada nervo uma gaveta
nas dobras do joelho cultivo sonetos
no suvaco, descrevo poentes com o suor
e em cada vértebra os versos vergam vocábulos
que, tortos, desabrocham na superfície aberta
da mente
seria mais uma noite qualquer
não fosse essa gritaria toda
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