terça-feira, 23 de novembro de 2010

Onironauta - 1

Sonho do dia 22 de novembro de 2010.

Na estrada SP-RJ. No ônibus.

O sonho era um filme.

Tinha voz off narrando.

Como se fosse um diretor, um narrador.

As partes iniciais eu lembro pouco.

Sinto como se 2 cenas tivessem sido desenvolvidas, algo como um barco a vapor, mas logo depois o narrador (eu) disse que não era esse o filme.

Estou num trem ou ônibus. Uma mistura dos dois.

Como se fosse um ônibus bem longo. Pessoas dentro.

Um cara com terno está olhando aquele quadrado de ventilação, parece que tem uma mulher de vestido lá. Ela parece que recita um texto teatral.

Pergunto para um dos comissários de bordo: o que é aquilo?

Ele responde que depois eu vou entender, que eles estão ensaiando.

Sinto como se eles fossem de uma cia de teatro que faz teatro em lugares públicos.

(pensando bem, isso tem a ver com o Peter Brook que eu tava foleando)

Um dos comissários era o Romério, meu antigo inspetor da escola.

Ele estava distribuindo cobertores e explicando que era pelo EFEITO .... não lembro o nome do efeito, mas era semelhante ao filme A ORIGEM.

Um pequeno fone de ouvido, localizado no apoio do assento, quando colocado, você começava a ouvir o sonho e entrava nele. Comecei a entender o porque do cobertor. Vi exemplos de outras pessoas, sentindo frio, e como num filme, entrei na subjetividade delas e vi que no sonho estava nevando.

Acho que coloquei o fone.

Uma rua, semelhante a da capa do disco Wish You Were Here do Pink Floyd, uma pessoa vestida com o corpo de um pássaro (mas a carne do pássaro estava assada, estava como se fosse para comer e os olhos piscavam, os olhos tinham vivacidade) e no chão ele ia interagindo com uma outra pessoa vestida de pássaro.

O mais impressionante é que tocava uma musica, com letra em português e violão dedilhado:

“tua pele.......

tua .....

manoel de barros...” a letra eu não lembro, mas era bem elaborado...

o pássaro então bica a cabeça do outro pássaro no chão e arranca-a desvendando uma cabeça (que era a do meu personagem no sonho) mas a cabeça estava virada ao contrario e sorria...

percebi que estava num sonho, a musica continuava em fade, vi de olhos fechados o ônibus que estava, com a mesma textura granulada do sonho/filme e abri os olhos, com a musica rolando ainda e sumindo em fade!!!!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

escribir

fecho meus olhos - e ainda continuo de olhos abertos
mas continuo escrevendo - a escrita é parte do olhar
e continuo vendo - minh`alma está a venda
mas com ojos libres - cuba libre

una chica está sentada - yo soy a chica
espera su madre e su padre - yo soy la madre e lo padre

yo espero que dios
apareçå em mi poema

vou escrever até que deus apareça no meu poema

quando chegar ao ponto
de atravessar as paredes
e cortar o tempo
com os dentes

continuarei a escrever
até que deus apareçå no meu poema

no tengo nada

sento-me num banco
em frente a uma das casas
de Pablo Neruda

não me interesso muito
por Neruda

chega uma mulher
com aparentes 30 e poucos anos
diz que é estudiante
que trabalha com medicina
para Síndromes de Down
eu sei que é mentira
e digo que no tengo nada

voltando a Neruda
não me interesso muito
não quero saber tanto
o discurso que a guia turística
vai querer me vender

poesia não se compra
se troca, e eu não tengo nada

o que me interessa
aqui
em frente a uma das casas
de Pablo Neruda

é o calor do sol
e o frio da sombra

é a inocência das crianças
com suas vozes anasaladas
chateando a tranquilidade do lugar

me interessa o canto
de alguns pássaros
que sobrevoa
o ar lento de Santiago
quase como palavras suaves
sussurradas dos Andes

o problema do turismo
é o condicionamento do olhar
é dar preço
às coisas da vida

quando o que é mais valioso
pode ser peidar, livremente,
sentando num banco
em frente a casa de Pablo Neruda
e sentir o seu cheiro
pútrido
subindo pelas narinas
alcançando as raras nuvens
até sumir nas estrelas
da próxima noite
onde provavelmente
espalhados pela galáxia
nossos restos mortais
- pó e cia. -
encontraram com os do poeta
e juntos
numa composição natural

serão poema

Tantos tontos

são tantos tontos
tantos tantras
todos tão tudo
que a gente é melhor ficar
mudos
não falar nada
ficar
mundos
são tantos tontos
tateando o escuro
que entortam tudo
tornando o tato
um tarot telúrico
de toscas figuras
desfigurando fundos
são todos tontos
são todos mortos
em seus casacos de pele
humana
e normose

tantos tontos
portando nomes
pra que tanta perna meu deus
se eu não sabia que eu era deus?
pra que tantos nomes meu deus
se sou somos o mundo e são se somos sei?

tantos todos
formigando pernas
pra que tanto tanto meu deus
se sabias que eu era o mundo?

todos recitando o mesmo texto
o mesmo tênue sêmen
o mesmo sentido
o mesmo sentimento
sem sentimento
todos tantos tontos
um turbilhão de sábios

é melhor a gente ficar mundo
não falar nada
falar o nada
seria falar
é melhor mesmo falar o pior
do que melhor falar
falar o pior também é poesiar
é elevar o baixo e rebaixar o elevado

quem poesia reequilibra o desequilíbrio constante desse segundo eterno

sábado, 6 de novembro de 2010

sueño lúcido

os passos até o infinito
se extendem dentro de mim
em espirais
e palavras se convertem
ao zen-budismo
sem emitir som
sal
só sim

caminhando dentro desse abismo
me viro o avesso
e vejo o mundo transvisto
faz parte de um sonho

lúcido

e nele te convido
para sonhar compartilhado

o sonho dos deuses

que somos

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

La Danza de la Realidad

extender o imaginário
através dos 4 operadores matemáticos básicos:

somar, subtrair, multiplicar, dividir.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pacìfico: primeiras impressiones

se continuar a pisar
no Oceano Pacífico
pela primeira vez
sempre pela primeira vez
poderei supor que ele só existe
quando eu o piso

o que significa que
o Pacífico só existe
se eu existir
(o fato é que eu ñao existo
ai fica difícil o raciocínio).