calor de 50 graus
condições naturais e imaginárias
no mesmo dia em que morreram
Andy Warhol e Américo Vespúcio
num quarto em cinzas
longe da civilização e da barbárie
em que pretendo relatar nessa carta
os lugares que vi com as mãos
e com os pés
nessa terra sagrada do Sol
o cristo redentor não redimiu ninguém
com seu abraço concreto
fez poemas abstratos
a chuva não veio
nem o silêncio
depois da bateria
sobrevoando a cidade
como moscas famintas
helicópteros lambem o azul
o ventilador agoniza
e só nos refrescamos
com as lembranças
vou mergulhar na piscina
aqui do play?
ou continuo mergulhando
na poesia que sou?
o corpo sua
sendo o que sou
cada coisa você diz uma hora
a escola de samba
não me ensinou nada
que bom!
desaprendi sobre as danças
enquanto desconstruía o samba
dentro do coração
descobrindo américas
e moças
e arte popular
cantando amélias
e coisas
que não vou lembrar
coisas que o vento...
e bla bla bla...
lô, beto, bituca...
só com o nariz vermelho
se pode distinguir
a cor azul do mundo
só com meu corpo aberto
se pode sambar
na miopia de enxergar perto
eu já tomei guaraná
hoje tomo poesia
o mundo vive
eu já comi paçoca
e já brinquei de pique
o mundo vive
cada coisa você diz uma hora
e mesmo assim
o tempo invisível
inventa uma coisa
assim que não sei o que
disfarçado de outra
essa outra pode ser
fora da lógica
fora do óbvio
cada coisa você diz uma hora
e nem tenho relógio
(o meu escangalhou)
magnífico.
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