quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

cada coisa você diz uma hora

data estrelar 22 de fevereiro de 2012
calor de 50 graus
condições naturais e imaginárias

no mesmo dia em que morreram
Andy Warhol e Américo Vespúcio
num quarto em cinzas
longe da civilização e da barbárie
em que pretendo relatar nessa carta
os lugares que vi com as mãos
e com os pés
nessa terra sagrada do Sol

o cristo redentor não redimiu ninguém
com seu abraço concreto
fez poemas abstratos

a chuva não veio
nem o silêncio
depois da bateria

sobrevoando a cidade
como moscas famintas
helicópteros lambem o azul

o ventilador agoniza
e só nos refrescamos
com as lembranças

vou mergulhar na piscina
aqui do play?
ou continuo mergulhando

na poesia que sou?
o corpo sua
sendo o que sou

cada coisa você diz uma hora

a escola de samba
não me ensinou nada
que bom!

desaprendi sobre as danças
enquanto desconstruía o samba
dentro do coração

descobrindo américas
e moças
e arte popular

cantando amélias
e coisas
que não vou lembrar

coisas que o vento...
e bla bla bla...
lô, beto, bituca...

só com o nariz vermelho
se pode distinguir
a cor azul do mundo

só com meu corpo aberto
se pode sambar
na miopia de enxergar perto

eu já tomei guaraná
hoje tomo poesia
o mundo vive

eu já comi paçoca
e já brinquei de pique
o mundo vive

cada coisa você diz uma hora

e mesmo assim
o tempo invisível
inventa uma coisa

assim que não sei o que
disfarçado de outra
essa outra pode ser

fora da lógica
fora do óbvio
cada coisa você diz uma hora

e nem tenho relógio

(o meu escangalhou)






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