"A vida é um ringue onde não há oponente mais forte que a sua própria sombra."
Foi o que ele me disse, depois de cuspir o sangue da boca.
Minha mão estava doendo.
Foi a última vez que o vi.
Depois disso, larguei tudo. Foi como se tudo o que eu tinha construído até aquele momento não significava nada. Eu precisava sentir o vento na cara.
Na estrada as coisas ficam mais leves. O vento na cara ajuda a limpar as sujeiras da cabeça, as sujeiras que não saem no banho.
"A vida é um ringue...". Idiota. Por que? Por que? Se ele ao menos tivesse falado comigo. Mas agora é tarde. Mais um, garçom. Bares são iguais em qualquer parte. Homens idiotas e bebidas. Só os garçons tem mães. "Só os garçons...". Sem querer eu repito todas as frases dele. Dizem que até o jeito de andar, de falar, é igual. Quando falam isso me dá nojo. Dá vontade de sumir. Saí sem pagar a conta. O segurança encostou em mim. Agora ele vê dois de todo mundo.
Antes eu não faria isso. Agora, já não tenho nada a perder. Vou perder o que?
A estrada é uma coisa bonita. Hoje eu chorei, olhando a estrada. As coisas que passam, as casas ferradas, as crinças ferradas, os pneus furados, os cadáveres de cachorros. Isso me emociona. Não sei por que. Isso me emociona.
tayo, criador!
ResponderExcluirlindos textos, linda forma de pensar!
adorei a forma como vc descreveu seu processo de criação.
Vc sabe das coisas.
bjs
(foi pro meu rss)