quinta-feira, 15 de abril de 2010

sussuro

lentamente,
caminhando em névoa de minha infância,
vem, passo curto e voz profana,
alcançar a tristeza da minha alegria.

atrás de mim,
como um vento que sussurra,
um cafuné nos meus pensamentos,
numa carícia de avó, tocar a poesia.

sinto uma coisa,
não sei bem o que é, o que sou,
faz os raios de mim raios de sol,
e me acordam da ilusão que é morrer.

essa poesia então,
me mata, me sobrevive, me comove,
tal força de um avião em queda,
de uma prece, de um filho a nascer.

dedilhando,
as palavras, como se tocasse violão,
chorando melodias de terras distantes,
meu coração se inebria e canta,
essas planícies distantes dentro de mim.

vejo o teu rosto,
percebo o amor presente nas coisas,
e embrulho o presente em amor e em coisas,
coisas que não podem ter fim.

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