quinta-feira, 22 de julho de 2010

velhos sapecas


hoje voltando do remo parei a bicicleta na frente de uma lanchonete para tomar um açaí e enquanto estava colocando a corrente dois velhinhos, bem sapecas, me pararam, um perguntou ela é toda de alumínio? eu respondi que sim e ele perguntou se podia levantar, pegou nas mãos o guidão e levantou e fez uma cara é é boa! uma dessa pra mim ia ser boa, essa tá bom pra velho! ae o amigo dele me mostrou a parte de cima da mão direita e disse ó aqui isso aqui é que eu fui atropelado quando tava andando de bicicleta, e me mostrou uma cicatriz grande, um risco meio branco-cor de pele. eu falei caramba foi por aqui? e ele é. ae o amigo dele, com uma cara bem sapeca, olhou pra mim e disse sem sair som da boca, só gesticulando com a boca, ele é barbeiro...

quero ser um velho sapeca
pegador
esportista
zuador

que nem esses




dedico esse poema ao Seu Adyr, remador ilustre do Clube de Regatas Guanabara, e ao barco canói aberto batizado com o seu nome.



quarta-feira, 21 de julho de 2010

um poema de taiyo omura

se não posso voar por palavras
que seja pela vida
e vício e verso.

descubro nos olhos de um cão a incerteza que me move.
aquilo que as paredes calejadas do edifício onde não moro sussurram no meu paladar diz mais sobre o meu paladar do que as paredes.
meu paladar só sente as cores de música quando durmo acordado.

se não posso voar pelo céu
que seja pela onda do pensamento.

preciso escrever menos num poema,
mas consigo.
conseguir me impede que eu faça.
o desafio me move parado.
a inércia de andar me estimula ao cansaço.
eu tenho até medo de sair desse escuro.
eu tenho até vergonha de não me expor.

o silêncio das palavras pode ser ensurdecedor.

por isso eu canto, danço e faço programa.
p
e
d
r
a
q
n
ã
o
r
o
l
a
c
r
i
a
l
i
m
o

PAH!

(geralmente eu termino com uma frase de impacto)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ditado - nota R

Rio de Janeiro, 12 de julho de 1996
Taiyo Jean Omura

1- macaco

2- retaurantes X restaurante

3- panela

4- árvore

5- casa

6- jornau X jornal

7- gato

8- lipeza X limpeza

9- rato

10- trabalio X trabalho




precisa prestar atenção nos sons parecidos,
quero ver melhoras no próximo, ok?

ass: professora Vilma

domingo, 18 de julho de 2010

como é que se fala?

é bost?

que?

- pousti

bost?

- pousti!

ah, tá

então vou bostar lá aqui no blogue

o poema anterior era um poema

era uma vez um blog
chamado limitedapalavra
ele vivia sozinho
porque linguem nia ele
foi intão que um dia
era uma vez
que alguém falou
pra escrever alguma coisa
sério

mas ae num deu
porque poesia
é é essas coisas que nego faz pra mulher e tals

- pára porra! num é a sua vez
e tu também ta roletrando, num vale

mas voltando
então um dia desses
o blog resolveu se irritar
e bater com o pé no chão

- poesia num é porra nenhuma!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

aviso aos meus 3 leitores assíduos

vou parar de escrever nesse blog por um tempo.
ser mais seletivo na postagem.
chega de poeminhas babacas.

abraço.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

costura

azul azimute
polca pouca
bairro barro
vermelho ver melhor
joga yoga
trança trance
azul asas
balão ballroom
vento vem tu
azul ao sul
rouca rock
gorjeio de passos
passeio de pássaros
bem-vindo benigno
ao sul dos sentidos

(o rolling stones me ensinou a mexer com o hemisfério sul)

um canto encanto adão tapado mão
um canto da esquina
do quarto calado
linha de nylon
new york e london
linha do equador
cintura do mundo
prefiro a sua
nas minhas mãos impuras de tão calejadas de ruas

ruas rugas
fuga de putas
vermelho ver melhor de noite é pra quem tem saudade de dia
diazul diamarelo diabonito

diadorim

te adoro teatro
do absurdo absorvente
sorvete sou vedete
cadete do exército
exercício de rima
rinoceronte creonte
das tragédias gregas latinas
tina é a cachorra do dan tadinha tá velha já

já são meio-dias
como dividir um dia ao meio
se a terra não é redonda
nem tem alguém para comê-la
a terra não é uma pizza
com sobremesa
como dividir um dia ao meio
se nós fazemos parte dele?

seria dividir a si mesmo
num banquete sobre a mesa
eu prefiro coração
de poetas
que bundas
de burocratas
creta tebas
e outras cidades imaginárias

onde eu durmo acordado e sonho em pé
de cabra
de brasa
de pravda kino pravda
kino-glaz

agora é hora de comer

domingo, 11 de julho de 2010

E assim, no meio da madrugada, vem um canto que eu cantava com as vísceras, depois de saber que...

ÁHA!!!, UHÚ!!!,

HOJE O PÁTIO É NÓOSSOU!!!

ÁHA!, UHÚ!,

HOJE O PÁTIO É NÓOSSOU!!!

ÁHA!, UHÚ!,

HOJE O PÁTIO É NÓOSSOU!!!

(uns 13 muleques gritando cuspindo um gordinho com uma bola fudida emoção de copa do mundo e de saber que os grandes não vão encher o saco no pátio é todo nosso pra jogar e se metidar pras meninas de repente no final rola até um porradobol quem sabe)

sábado, 10 de julho de 2010

estrela cadente

era de noite e olhei pro céu.
isso foi agora, daqui a pouco.
vai passar uma estrela cadente
eu vi e fiz um pedido
pedi pra que eu pudesse voltar no tempo
antes de passar a estrela
para poder fazer um montão de pedido
que eu não sou bobo nem nada
e agora passou uma estrela no céu
fiz um pedido
se eu puder pedir pra voltar
a um milhãozíssimobilhonésimo de tempo
antes da estrela passar
eu posso aproveitar e fazer outro pedido
na hora eu invento
e olhei e passou!
uma estrela cadente
vou fazer um pedido
fiz
foi agora
antes vai passar uma estrela
eu tava sentindo depois
que ia
e olha a estrela cadente

chão

pego um lápiz.
risco no chão um círculo. ao redor de mim.
de dentro dele pulo. para cima. mas caio de novo.
algo não me deixa simplesmente voar. é o círculo.
apago.
desenho um quadrado.
um quadrado tem quatro cantos, bem como o elevador.
só que quando a gente fica num, só tem três.
então na verdade o quadrado tem sempre três lados.
anotei isso com caneta preta no meu braço, acho que é importante.
(sei lá, vai que cai na prova de geografia?)

apago o quadrado. já aprendi.
desenho uma casa.
dentro dela tem pessoas, eu sei que tem, não precisa desenhar.
qual o nome?
acho que eles não são de ficar falando com gente estranha.
devem ser de outra cidade.

apago a casa, eles foram morar em outra, não tem problema.

deito no chão e desenho o contorno do meu corpo.
levanto e olho. dou tchau para mim. mas não recebo tchau de volta.

- é que eu sou tímido.

me puxo pela perna até ficar de pé.
você é da minha altura!

pronto chega já brincamos.
apago meu contorno. fica o chão ali. só o chão.
mas tem algo diferente.
parece que o chão tem vida ou coisa assim.

foi o chão que me ensinou que eu não tinha limites.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pensar/fazer kynema/somnema




durante a própria filmagem do filme que o Grupo Lelepídedo de Criação está realizando, algumas questões vem à tona:

- liberdade.

muitas vezes o processo de realização impõe um resultado estético.
um filme de grande orçamento, dependendo de várias empresas, tendo que responder pelos seus argumentos, não pode se dar a liberdade de filmar o que quiser, de dizer o que quiser.

trazendo isso para a realidade subdesenvolvida de jovens da classe média que somos, com recursos digitais bons, e uma certa irresponsabilidade, os métodos possíveis de se realizar um cinema realmente surreal, que tenha impacto e vigor, não podem deixar de serem pensados/feitos, não necessariamente nessa ordem: pré-produção, produção, pós-produção canônicas.

afinal, o que é um filme?

na idéia?
tudo começa com a vida. o que você viu ontem dentro do ônibus vindo para o rio?
com quem você ficou? o que uma árvore te contou? em quem você vai votar para presidente do brasil?

no tema? o presente.
mostrar não só a fome de comida, mas principalmente, a de idéias.
mostrar que não queremos nem a faca, nem o queijo, mas a fome.

no enquadramento? a função da câmera varia de acordo com a desfunção mental. quanto menos razão melhor.
uma câmera pode ser sujeito, objeto, divindade, corpo humano, pensamento, som, invensom.

todos os mestres podem ser seguidos. dialogar com eles.

na movimentação de câmera? pesquisar o tempo.
e a câmera estática? pesquisar o espaço.

no som?
o som falaremos mais no somnema

na música?
a música como ruído produzido ao se jogar coisas que não existem na tela.
a música como a criação de um universo que não existe mas a gente acredita.
a música como manipulação invisível do sentimento de um tijolo.

- enorgia: energia/orgia.

é preciso alongar e aquecer a voz para filmar.
usar as expressões do corpo.
usar as inexpressões da alma
beijo, gozo, sexo.

engendrar a câmera dentro de um ritual de movimento e repouso e repetição
a câmera tanto pode ser a fogueira como a roda ao redor dela.
o importante é não registrar uma visão. ser uma visão. e ser um tato.

filmar com olhos vendados uma luta sexual.
uma suave violência.
o câmera morde o cangote da atriz e geme junto com ela.


- poética da antropofagya das aculturas

nosso herói nunca foi herói nem ator
nossa câmera tem miopia - que é a minha utopia
não enxerga de longe - é preciso estar perto, junto, colado, se movimentar junto
lutar junto, suar junto, entrar no ritual, desnudar a câmera é enxergar de perto - CLOSE: abrir.

ele é índio tomando coca-cola.
para nós é até branco. multicores. incolor.

no CineOP vimos um filme filmado por uma tribo indígena falando de um ritual.

esse índio, com sonhos americanos, é um sujeitobjeto dos nosso cinema.
assim como a visão que temos do índio que mora dentro da gente. não somos índios,
nem europeus, nem africanos, nem brasileiros. não somos nada. não podemos querer ser nada.

a parte isso temos em nós todos os sonhos do mundo.

- montagem barreana.

utilizar os preceitos de barros: tudo que não invento é falso.
nada pode ser inventado que já não tenha sido pela vanguarda soviética e sua classificação extensa
das impossibilidades do kynema em ter limites.

o montador é uma criança de aproximadamente 3 anos que nunca tocou na areia do mar.
o programa de edição é um tecladinho CASIO de brinquedo, que faz sons engraçados.
é preciso batucar para ter ritmo.
uma criança batucando um filme.

uma criança que come um filme e planta outro através da máquina-corpo, cagando numa tela.

- somnema.

o som é 50% de um filme.

o som é uma tela.
a tela é um ambiente acústico.

será preciso criar imagens através do som.
será preciso criar sons através da imagem.

no próximo artigo, mais sobre o somnema.




flavia doria

seus palavrões desamplificados pela sua figura pequeno-singela-bela saem como ópera de grilos masturbando folhas presas em grades de sol



poema inspirado numa fotografia tirada por uma menina pequenina mas com grande nada poesial dentro. ela me mostrou essa foto amanhã. na foto, em preto-e-branco, dá pra se ver bem nada.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Zoubri Tudho Quin Naun Vemmws Kun Ahs Mauls

depois de duas noites mal-dormidas
acordo mal-acordado
e mal acordo o acordado
que era acordar todos os dias

depois de tuas febres e tuas frias
mãos calejadas de sonhos
inventando outros olhos castanhos
e ver pelo tato tuas ruas e vias

agora com o desejo liberto mias
de cima do teto cuspindo utopias
do ventre, do sexo, em gozo diário

embora pudesse dormir não dormias
queria descobrir o que se escondia
do lado de lá da noite que é claro

segunda-feira, 5 de julho de 2010

o mundo mudou

noite solar no quintal da sua casa
tem torresmo e quiabo
deus e o diabo

eu preciso esvaziar minha mente
até falar a verdade
até sobrar
tudo

tudo que eu vejo me move
tudo que é silêncio
eu ouço

esvaziar o coração até sobrar mangue
a cada hora que passa
uma hora passa
e eu só sei o que são as horas
quando desmonto um relógio
e vejo que quebrou
mas não vejo o porquê

meu sonho se perdeu pelos mitos
e quero ele de volta para poder voar

pegadas de curupira na calçada principal
perfume de colchão
teu mystério me chama
no silêncio que de dele emana
um bebê a cada beijo
um gole da bebida: desejo

quero partir para o oriente
e sentir o que se sente
quando se sente
o nada

noites quentes
os grilos já masturbam o orvalho
os homens se recolhem no recanto de seus lares
as moças se aprontam para sair e conhecer
homens
os cachorros uivam em busca dos donos
um mendingo chora por dentro

e um emo chora por fora
borrando a maquiagem preta

o mundo mudou
num é mais simples

mas eu queria ele simples

domingo, 4 de julho de 2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

fotografia que eu tirei sem filme

as listras do sol na persiana enfaixam o corpo dela
era para ser um simples sábado
mas era hoje
olhando seu corpo listrado de sol
ela mumifica um futuro
onde será rainha
de suas próprias emoções

e lá fora
a gente caça sonhos em pipas