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durante a própria filmagem do filme que o Grupo Lelepídedo de Criação está realizando, algumas questões vem à tona:
- liberdade.
muitas vezes o processo de realização impõe um resultado estético.
um filme de grande orçamento, dependendo de várias empresas, tendo que responder pelos seus argumentos, não pode se dar a liberdade de filmar o que quiser, de dizer o que quiser.
trazendo isso para a realidade subdesenvolvida de jovens da classe média que somos, com recursos digitais bons, e uma certa irresponsabilidade, os métodos possíveis de se realizar um cinema realmente surreal, que tenha impacto e vigor, não podem deixar de serem pensados/feitos, não necessariamente nessa ordem: pré-produção, produção, pós-produção canônicas.
afinal, o que é um filme?
na idéia?
tudo começa com a vida. o que você viu ontem dentro do ônibus vindo para o rio?
com quem você ficou? o que uma árvore te contou? em quem você vai votar para presidente do brasil?
no tema? o presente.
mostrar não só a fome de comida, mas principalmente, a de idéias.
mostrar que não queremos nem a faca, nem o queijo, mas a fome.
no enquadramento? a função da câmera varia de acordo com a desfunção mental. quanto menos razão melhor.
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uma câmera pode ser sujeito, objeto, divindade, corpo humano, pensamento, som, invensom.
todos os mestres podem ser seguidos. dialogar com eles.
na movimentação de câmera? pesquisar o tempo.
e a câmera estática? pesquisar o espaço.
no som?
o som falaremos mais no somnema
na música?
a música como ruído produzido ao se jogar coisas que não existem na tela.
a música como a criação de um universo que não existe mas a gente acredita.
a música como manipulação invisível do sentimento de um tijolo.
- enorgia: energia/orgia.
é preciso alongar e aquecer a voz para filmar.
usar as expressões do corpo.
usar as inexpressões da alma
beijo, gozo, sexo.
engendrar a câmera dentro de um ritual de movimento e repouso e repetição
a câmera tanto pode ser a fogueira como a roda ao redor dela.
o importante é não registrar uma visão. ser uma visão. e ser um tato.
filmar com olhos vendados uma luta sexual.
uma suave violência.
o câmera morde o cangote da atriz e geme junto com ela.
- poética da antropofagya das aculturas
nosso herói nunca foi herói nem ator
nossa câmera tem miopia - que é a minha utopia
não enxerga de longe - é preciso estar perto, junto, colado, se movimentar junto
lutar junto, suar junto, entrar no ritual, desnudar a câmera é enxergar de perto - CLOSE: abrir.
ele é índio tomando coca-cola.
para nós é até branco. multicores. incolor.
no CineOP vimos um filme filmado por uma tribo indígena falando de um ritual.
esse índio, com sonhos americanos, é um sujeitobjeto dos nosso cinema.
assim como a visão que temos do índio que mora dentro da gente. não somos índios,
nem europeus, nem africanos, nem brasileiros. não somos nada. não podemos querer ser nada.
a parte isso temos em nós todos os sonhos do mundo.
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- montagem barreana.
utilizar os preceitos de barros: tudo que não invento é falso.
nada pode ser inventado que já não tenha sido pela vanguarda soviética e sua classificação extensa
das impossibilidades do kynema em ter limites.
o montador é uma criança de aproximadamente 3 anos que nunca tocou na areia do mar.
o programa de edição é um tecladinho CASIO de brinquedo, que faz sons engraçados.
é preciso batucar para ter ritmo.
uma criança batucando um filme.
uma criança que come um filme e planta outro através da máquina-corpo, cagando numa tela.
- somnema.o som é 50% de um filme.
o som é uma tela.
a tela é um ambiente acústico.
será preciso criar imagens através do som.
será preciso criar sons através da imagem.
no próximo artigo, mais sobre o somnema.