pego um lápiz.
risco no chão um círculo. ao redor de mim.
de dentro dele pulo. para cima. mas caio de novo.
algo não me deixa simplesmente voar. é o círculo.
apago.
desenho um quadrado.
um quadrado tem quatro cantos, bem como o elevador.
só que quando a gente fica num, só tem três.
então na verdade o quadrado tem sempre três lados.
anotei isso com caneta preta no meu braço, acho que é importante.
(sei lá, vai que cai na prova de geografia?)
apago o quadrado. já aprendi.
desenho uma casa.
dentro dela tem pessoas, eu sei que tem, não precisa desenhar.
qual o nome?
acho que eles não são de ficar falando com gente estranha.
devem ser de outra cidade.
apago a casa, eles foram morar em outra, não tem problema.
deito no chão e desenho o contorno do meu corpo.
levanto e olho. dou tchau para mim. mas não recebo tchau de volta.
- é que eu sou tímido.
me puxo pela perna até ficar de pé.
você é da minha altura!
pronto chega já brincamos.
apago meu contorno. fica o chão ali. só o chão.
mas tem algo diferente.
parece que o chão tem vida ou coisa assim.
foi o chão que me ensinou que eu não tinha limites.
Infância... talvez eu nunca a entenda!!
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