sábado, 10 de julho de 2010

chão

pego um lápiz.
risco no chão um círculo. ao redor de mim.
de dentro dele pulo. para cima. mas caio de novo.
algo não me deixa simplesmente voar. é o círculo.
apago.
desenho um quadrado.
um quadrado tem quatro cantos, bem como o elevador.
só que quando a gente fica num, só tem três.
então na verdade o quadrado tem sempre três lados.
anotei isso com caneta preta no meu braço, acho que é importante.
(sei lá, vai que cai na prova de geografia?)

apago o quadrado. já aprendi.
desenho uma casa.
dentro dela tem pessoas, eu sei que tem, não precisa desenhar.
qual o nome?
acho que eles não são de ficar falando com gente estranha.
devem ser de outra cidade.

apago a casa, eles foram morar em outra, não tem problema.

deito no chão e desenho o contorno do meu corpo.
levanto e olho. dou tchau para mim. mas não recebo tchau de volta.

- é que eu sou tímido.

me puxo pela perna até ficar de pé.
você é da minha altura!

pronto chega já brincamos.
apago meu contorno. fica o chão ali. só o chão.
mas tem algo diferente.
parece que o chão tem vida ou coisa assim.

foi o chão que me ensinou que eu não tinha limites.

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