domingo, 1 de maio de 2011

a dama e o vagabundo

ela é a dama
e eu o vagabundo
ela, caravana
dentro do meu mundo

ela só fascina
e eu sou um problema
eu só tenho a rima
pra fazer poema

ela tem cabelos
cacheados
deslizando pela face
pequenos tubos
onde ensaio
a experiência de amar

ela pensa
que a vida é ao acaso
como um jogo de dados
que alguém vai jogar

costuma ler sobre tudo
e se entrega às palavras
como quem vai no mar

esconde um segredo profundo
mas tão lá no fundo
que nem sabe onde está

gosta das coisas mais simples
que um vagabundo
pode complicar

viaja com os olhos no escuro
olhando para dentro
do globo ocular

percorre com as mãos o futuro
num gesto suave
fazendo ninar

se olha no espelho e não enxerga
a beleza do traços
de filme noir

precisa dizer todo o dia
para alguém da família
o lugar onde está

é a pequena do ninho
e sem um carinho
não pode ficar

dorme abraçada no frio
e acorda no cio
querendo acasalar

como uma gata de raça
se cobre e se enlaça
e só falta miar

merece todas as estrelas
e todos os poemas
que lua inspirar

mas essa dama foi logo
gostar de um vagabundo
seja o que for!

pois essa dama escreve
em linhas bem tortas
uma estória de amor

2 comentários:

  1. Que bonito cara! C anda se apaixonando pelos cantos?

    Abraz!

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  2. Lindo. Queria ter um vagabundo que me dissesse essas coisas.

    (O problema é que eu já tive)

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