domingo, 26 de junho de 2011

outros pontos

Escondo-me por trás da escrita, para poder aparecer mais real. A escrita começa antes, no encontro com a pessoa que vai escrever. É uma coisa meio transe - não é nunca você. É o tal do Eu-lírico. Achar essa entidade e perder a identidade, um caminho que garante mais força ao texto. Versos livres são artifícios de preguiçosos. Os poetas deveriam antes dominar o soneto, e outras formas clássicas. A aventura do verso livre exige uma disciplina interna. Se não vira fotografia digital - quando antes o filme tinha 12 ou 24 fotos, hoje é um desperdício de imagens. Não há mais escolha, enquadramento, cuidado. Voltamos aos primórdios, o que é bom. Em ciclos parece que caminhamos até passar pelos mesmos pontos, mas com uma visão de mundo diferente. Enxergando outras coisas. Enjoando de outras. Pois estou num novo ponto do ciclo. Está na hora de deixar a preguiça e entrar mesmo na prosa. Sempre tive medo da prosa. Mudar de parágrafo é um ato de medrosos. É coisa de quem não tem coragem de seguir na mesma linha. De criar uma linha extensa. Para isso contei com a sugestão da poeta Flavia Doria. Começarei adaptando para prosa alguns poemas meus. Transformando. E para facilitar, usarei a memória. Falarei de mim, coisas que vivi. É mais fácil partir daí, e depois criar em cima. Portanto, espero trazer mais desafios e descobertas na escrita, tanto para mim quanto para vocês (se é que alguém acompanha esse blog). Que escrever se torne novamente o meu vício, sem ser em verso. Ou vício-verso. Será que conseguirei limar essas gorduras poéticas numa prosa magra como eu? Será um exercício. Alongamento do texto e emagrecimento das firulas. Quero agora contar estórias e aprender a escrever prosa. Simbora.

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