domingo, 24 de junho de 2012

menina do sorriso na face

menina do sorriso na face

eu tava pesquisando
alguma música
alguma rima
ou quase

menina do sorriso na face
pra dar pinta
sua linda
no teu mural do face

numa espécie de mantra
canto em cima da mente
numa dança por dentro
menina
em ritmo de dance
queria dar pinta
no teu mural do face
menina do sorriso na face

vem me confessar bobagens
vem que eu vou contigo
deito a cabeça
no seu umbigo
o mundo todo
ao redor do umbigo

vem me contar vantagem
a gente não tem inimigo
deita a cabeça
no meu ombro
fica comigo

menina do sorriso na face
eu fico só olhando a sua cara
sem dizer nada
como se filmasse
um filme sem filme
fala sem texto
meu corpo no teu
sexo no sexo
tudo ao inverso
oposto do oposto
mizanabime
quero te ver
fica comigo

menina do sorriso na face


sábado, 9 de junho de 2012

disritimia sincronizada

essas tiazonas meio gordas
balançando no sertanejo
num contraste meio poético
com meu objeto de desejo

louis e seu espumante barato
barato espumante na brisa
da chuva pingando na minha
camisa rosa colorindo o tato

voando num xote no baile
salão ecoando conversas
o chão as paredes não existem
o teto amplo amplia as pernas

nunca tinha ido a pendotiba
e você nunca bebeu tanto
parece um filme adolescente
todo cliche tem um encanto

lençol branco escondendo
mesa de madeira mais banal
dj avanzin mandando no seal
e a gente todo se querendo

beijos roubados de brinks
aventura dentro doida mexe
algumas com tudo nos trinks
outras pra lá de marrakesh

quebrando copos de vidro
cabelo ao vento gente beba reunida
num subúrbio a oriente do oriente
eu deixo ela me conduzir na saída

a mão por dentro do vestido
a boca na taça de cristal
a vida que borbulha sem vidro
ou é ela que é meu temporal?

esse poema tá meio engraçado
tipo pedir risole pro garçom
tocou até claudio zoli
eu não lembro que música não

ah, era aquela do trocando
de bikini sem parar
mas isso nem importa

ah, sei lá



quinta-feira, 7 de junho de 2012

tela camera cama

podia parar de chover
podia você estar aqui

  • mesmo estando debaixo do meu cobertô
  • na minha cama de criança
  • podia você estar aqui

    mesmo estando coberto
    no seu corpo de mulher
    tudo o que você podia ser
    inventamos na pele e em letras

    em pixels, em pontos
    em discos
    em giros
    em danças

    seu olho brilha
    no nosso quarto escuro

    os adesivos de estrela saíram
    faz tempo do teto
    dividíamos a mesma infância
    em tempos e espaços outros
    mas tenho certeza
    que toda noite olhávamos
    para o mesmo céu de falsas estrelas

    os adesivos de estrelas
    viraram estrelas
    o teto
    virou o céu
    a infância, agora dentro
    no único tempo e espaço que existe
    - aqui, agora, eu e você
    em toda noite que existe
    em todas as noites inventadas
    num céu de estrelas verdadeiras

    como qualquer poesia


    (poema a 4 mãos - Taiyo Omura e Carolina Amaral)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

sinto que estou lendo algo já escrito no futuro
sinto que estive escrevendo algo que li agora
como aquela sensação de já ter visto o filme
logo depois de vê-lo

pipoca no jornal
atrás do tecido
reluz um gosto amargo
do seu beijo
feito um desafio

relógio parado
andando para trás
entortado
escangalhado
na parede do meu quarto
sem paredes

o seu cheiro ainda tá na camisa
desregramento dos sentidos
legau
consegui sentir sua pele pelo cheiro
e da pele veio a cor


sábado, 2 de junho de 2012

a boca da cama


o ventilador
na boca da cama
nem engana
o calor
ela me olha
na cama
na boca de
uma mulher
a cara
o cabelo amassado
não enganam
que ela amou
ontem
o sol
na pele de lençol
altura da bunda
também deita
nela
eu mais desejo
que escrevo
estrelas no lençol
ela tampa a boca
com uma estrela
lá fora a obra
bate
aqui é só
pulsação
parece outra
cidade
parece
coração

perdida em sono
na boca do dia
me perco no corpo
nas curvas
desse bicho solto
largado
lagarto
na cama
espalhado no tempo
de uma sexta-feira
infinita

de leve
ainda dormindo
esboça um sorriso
vindo do sonho
o lençol respira
num ciclo
movendo estrelas
em pleno dia

na boca da cama
galáxias da cama
esparramado universo
fabricando verso
numa brincadeira
ainda dormindo
esboça um sorriso
é quase um mantra
de sonhos lindos
e sem pijama
só de calcinha
invade a retina míope
de um poeta

o meu desejo
na boca da tua pele
se faz primeiro
impulso
instinto
depois tela
depois palavra
depois mentira
depois invenção
depois verdade
depois mito
mais ou menos
nessa desordem
na boca do sentido
vem um leve grito
do seu gemido
mesmo ainda dormindo
escuto os sons
da madrugada
me vem idéias
loucas
nem tão loucas
de escrever-te
comigo mesmo
em tua pele
essa poesia
ensaiamos faz tempo

o pé descoberto
pra fora do lençol
uma parte do ombro
uma do joelho
atrás dos cabelos
e as mãos em pose
(um quadro cubista?)
água não se recorta
só flui
e o lençol

na boca do corpo
se esparrama
como rio de janeiro
em ínicio de junho
paredes abacate
a cama branca
travesseiro tropical
lençol branco
de estrelas
e um corpo
chocolate ao leite
doce
(com alguma pimenta, brasileira)
um corpo que se derrete
na boca de um poeta

eu mais desejo
que escrevo