a noite vai vestindo o seu manto negro sobre as coisas imateriais
e eu percebo o quanto não existo
madrugada cai da janela do quarto
foge no passado um som dissipado
estranho
já sonhei com esse lugar
antes
negras curvas do corpo iluminado
uma moça triste sorria
um pássaro sorria
na janela do passado
e lembro de uma estória
tínhamos apenas um segredo
eu e ela
eu era uma porta
e ela uma janela
ouvindo john coltrane
deixando que a escuridão
queime
ouvindo toninho horta
fico sentado no chão
olhando a porta
ouvindo djavan
parece um dejavu
nesse sonho ou pesadelo
seu rosto vem distorcido
onde tudo é mais bonito
eu arranho seu cotovelo
um amor supremo
está mais quente
faz calor no rio de janeiro
até o vento sente
e se esconde
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