domingo, 6 de janeiro de 2013

ouvindo coltrane

a noite vai vestindo o seu manto negro sobre as coisas imateriais
e eu percebo o quanto não existo
madrugada cai da janela do quarto
foge no passado um som dissipado
estranho
já sonhei com esse lugar
antes
negras curvas do corpo iluminado
uma moça triste sorria
um pássaro sorria
na janela do passado
e lembro de uma estória

tínhamos apenas um segredo
eu e ela
eu era uma porta
e ela uma janela

ouvindo john coltrane
deixando que a escuridão
queime

ouvindo toninho horta
fico sentado no chão
olhando a porta

ouvindo djavan
parece um dejavu

nesse sonho ou pesadelo
seu rosto vem distorcido
onde tudo é mais bonito
eu arranho seu cotovelo

um amor supremo

está mais quente
faz calor no rio de janeiro
até o vento sente
e se esconde 

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