quarta-feira, 29 de abril de 2009

Lição n:1 de Poesia

a cada dia que passa eu desaprendo mais poesia.
desprenho mais poesia.
do meu ventre de Homem.
do meu pau.

a cada dia que passa as palavras vão sumindo.
primeiro das letras.
depois dos fonemas.
depois dos ouvidos.
depois dos olhos.
depois da pele.
depois das pernas.

e correm atrás de poesia.

não dá mais pra andar na rua.
os carros não passam, eles arranham com seus érres.
o asfalto falta.
a moto mata.

não dá mais pra andar na rua.
a cada esbarrão o meu nome embaralha as minhas letras com as da pessoa.

não dá mais pra me olhar no espelho.
porque eu não vejo eu, eu vejo ue.

não dá mais pra cagar direito.
é como se eu fosse perdendo letras, palavras inteiras, pelo vaso.

não dá mais pra te amar, mãe.

eu não sei mais amar, mãe.

amar, mamar, mar...

puta que pariu.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

2 Irmãos

Conheço dois irmãos que se odeiam
não falam direito um com o outro
os dois tem razão, e esse é o problema
a guerra não vai terminar nunca

Conheço dois irmãos que se ignoram
a ignorância é o único mal, palavras implicam
já não se sabe quem começou o que, não existe começo
as palavras também não tem fim, já disse que
se multiplicam ao infinito

Conheço dois irmãos que se justificam
desviam as setas de si mesmos
como alvos-ambulantes correndo atrás de segredos
tropeçando no infinito, descarregando escuridões
conhecem apenas o que os olhos não vêem

Conheço dois irmãos que se calam
palavras contidas, em conta-gotas, feridas
e só doses homeopáticas de poesia
podem corroer o qu'era veneno
deixar correrem os meninos
redescobrindo uma infância tardia, que arde

Conheço dois irmãos porque não os conheço
enxergo de fora o que tenho medo de olhar pra dentro
em cada palavra uma cura descubro
que curando-os cura a mim mesmo
procurando o escuro de mim mesmo
só conheço dois irmãos, inseparavelmente
só conheço dois lados da mesma moeda
só conheço os dois irmãos que sou-me

Conheço dois irmãos que se amam

Diálago entre Deus e Einstein

- Soube que você disse que eu não jogava dados.
- Evidentemente.
- De onde tirou isso?
- Ué, pois joga?
- Jogo. E adoro, por sinal.
- Eu achava que tudo tinha uma explicação científica...
- Achou errado.
- Mas...
- Einstein, você confundiu seus irmãos.
- Não tive irmãos, só irmãs.
- Tô falando dos humanos em geral.
- Ah, sim. Mas, Deus...
- Porque você nunca me chama de "Pai"?
- Você faz tanta questão?
- Qual o problema?
- Mas, "Pai"...
- Olha o tom de voz...
- "Pai", quer dizer que as minhas teorias estavam erradas?
- Sim.
- O que exatamente estava errado?
- A questão é o seguinte, filho: nem tudo são números.
- Como assim? O que é tudo então, por favor, me diga, preciso saber!
- Quer saber o que é tudo?
- Minha vida inteira. Desde a primeira vez que olhei as estrelas no céu, quis saber o que significava...
- Se eu te contar, você jura não me encher mais o saco?
- Juro!
- Palavra de escoteiro?
- Palavra de escoteiro!
- Mindinho com mindinho?
- Mindinho com mindinho!
- Tudo é poesia.

sábado, 25 de abril de 2009

Ao infinito

corro pela noite com os braços abertos
esfregando minhas mãos pelos carros que correm
arranhando a minha pele com os ponteiros das horas
de todos os relógios em todos os pulsos

em cada esquina existe uma menina
e em cada menina existe um história de ninar
em cada esquina existe um perigo que me fascina
em cada menina eu te vejo, minha menina, e começo a rimar

porque em cada rima existe um mundo
em cada poesia eu me multiplico

sou feito palavra

que muda de significado ao infinito

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Espetáculo

depois de tantos gritos
o mundo ficou um pouco calado
calado demais

depois de tantos tiros
e tantos frios
um morno silêncio paira no ar

entorpecente aurora
que com sua luz
cala os fracos
e seduz os opressores

não quero cantar um mundo futuro
nem um mundo caduco
até porque tantos outros mais afinados
e de mais repertório
já cantaram

mais sinto essa luz matinal na pele
essa luz do presente
e não sinto nada

o que cantar?

as coisas mais belas adormecem...
num mundo sonolento
na velocidade da luz, mais, na velocidade do tempo
do pensamento
da energia elétrica
do wi-fi

e natureza estranha
olhando esse espetáculo vazio

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Coitados

coitado do baleiro do clube onde eu nadava
porque todos os garotos (e algumas garotas)
roubavam suas balas

coitado do porteiro da escola
que já de manhazinha, suado,
exibia suas mal cheirosas pizzas

coitada da menina que era gorda
e pior ainda
continua gorda e solitária no fundo da sala

coitado do calado
que nunca pode dizer eu te amo
pra menina que sentava do lado

coitado do professor novato
no primeiro dia
percebeu que não servia pra isso

coitada da menina
que perdeu a mãe
e ficou doente do coração

coitado do garoto
que sonhava acordado
hoje escreve essa poesia

e ainda vai dormir

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tique - Taque

tem algo no ponteiro do relógio que

me lembra que sou feito de tempo

Aprendi

aprendi muito com a espuma do mar subindo na areia
e trazendo concha, ou pedrinha, alga
aprendi olhando a criança deixar o mar encostar no pé
eu mesmo deixando a criança encostando o mar no pé encostar na visão
como o mar, a espuma, as velas no horizonte, longe, a proximidade das coisas
com o mistério viver

eu poderia ficar parado por horas
parado só aprendendo
seria melhor do que correr até o final da praia
suar, exercitar os músculos, os órgãos
sem sair do lugar

porque ao ver o mar, a criança e eu mesmo
eu saí da frente do mar, da frente da criança
e de dentro de mim

não estava no metrô da cidade
nem no reflexo do cartaz, nem no olhar das pessoas
nem no útero de minha mãe, nem no sorriso da calçada
nas linhas retas das nuvens

não pertencia a nenhum grupo, nenhuma tribo,
não carregava nenhum sentimento ancestral

era só eu
e só

olhei para o mar
e pensei:

isso que vejo
está ai fora
ou está
aqui dentro?

Série - Coisas que gosto nas coisas - n°1

- gosto de poesia:

1) achar a palavra certa para as coisas

2) perder as palavras

- a poesia da Marta:

foi legal a água e o açúcar
que que eu mais gosto de fazer...
é difícil, eu gosto de muita coisa
eu gosto de ir no parque aquático
eu sinto a água
gffjhj5huiydrs...

hjgthgygffddfggg;;;;
pronto, esse daí é diferente

as setedfdffcfgvgfvggvgggbhkkl,l,~]~
]
]]]´~´çççç;~;/]~~;;;

é diferente mais ainda
de todas!

as mifgmkjfghnjknhjhmhhbb..........

muito mais diferentes de todas

2)segunda poesia da Martha:

hhjjgghkkjojjhjjkokkl,llç...?c mnhjkjj gvghif???????

(Martha é uma menina filha da minha colega
aqui do trabalho - hoje ela explicou pra mim
o que era poesia)

sábado, 18 de abril de 2009

c@belos

o cabelo da menina no sol
a luz no cabelo da menina
o sol no cabelo da menina

o sol cabelo
no mar da menina
nomear só .......................................................................distancia
o brilho do cabelo
o mar da luz
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
arrepio de verão
mas as palavras não se pertecem
que nem o sol
que não pertence ao cabelo da menina
mas ilumina

o sono de sábado
dormindo debaixo do sonho
seguindo o sol dos cabelos
ponto de fuga infinito
sou um ser imortal
porque crio
porque acredito

o teu cabelo ao vento
sobrenome: liberdade
e nas esquinas de nosso tempo
cruzam trens desgovernados

a vida não se traduz poesia
nem os cabelos luz

é esperar com os olhos
o que a poesia não vê.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Poesia

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4 Amigos

você percebeu que ele falou coisas muito interessantes?
................................................................................................rapaz, deixa eu te contar uma coisa
................................diga meu caro........................................
................................meu carro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

--------------------------------quando eu a vejo...........meus olhos mudam de direção
------------------sério?



--------------------------------------------o sorriso dela
--------------------------------------------é o Sol
--------------------------------------------na janela

ele tá----------------------------------------------------aprisioxonado

Fast-Poetry 2

the office only keep sleeping
just in time to dream with you
even if I was a poet writing
I fell my language with a strange review

the words, one by one, are dying
in my ears they sing requiems and cry
when I try to write other way, I'm lying
but I try, I still gonna try, and still gonna try

have you ever been trapped
by your own world?
words, phrases, sentences,
if I could break my heart
and write a poem with blood

then I would be mine

Fast-Poetry

if i could break my heart
into little pieces of dreams
i would know you from the beggining
i would turn myself in you

i fell the breath of nature
telling me things from the past
it is a kind of intuition
i know my heart is cloudy
i know the color of your blues
i just don't know when to stop
and when to cry

the sun takes your inner sun
the sky is angry, the gods fell sorry
something tells me that
your love is full of hate
and there's always a place in destiny
for two little dreamers
and two little divers of heart's ocean

my heart is like the ocean
but the water can't break the stone

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Alquimia

ainda vou tranformar
as sombras
em ouro

ainda vou transformar
a metamorfose
em metáfora

ainda vou transformar
teu sorriso
em símbolo

ainda vôo

Soneto Antiqüado

obama reinventou a linguagem para as dama
trouxe uma nova bagagem de merchandising
o lennon fez uma revolução deitado na cama
hoje no youtube você nem precisa rimarising

dizem que vivemos numa era de amadorismo
já me acusaram de cometer atentado ao pudor
eu tento pois que tento ler antigos, romantismo
o troço não entende o agora, esse globalworldor

vivemos num tempo de não-partidos, nem
homem nem mulher, algo indefinidamente clean
o politicamente correto nem é mais político, tem
cheiro branco, olhos azuis, cabelo vermelho pichaen

eu só queria que me reconhecessem como O
Poeta do tempo atual, eu queria a glória do hall
da fama, ser reconhecido lá fora, ganhar O
DIREITO DE SER ARTISTA, o dinheiro no final

no final de um poema sempre tem um dilema
no final de um dilema sempre tem um poema
no final de um final sempre tem um começo
no final de um
no final de
no final
no
n

Lei 948325/2009:

parágrafo único:

É proibído fazer sonetos.

Ynpeto

fecho os olhos novamente
calo os calos da mente
calo tudo o que falo
e encaro simplesmente
a cara da minh'alma dormente

num ynpeto yang
revejo os filmes que li
os futebóis que criei
os creme-craquer que engoli

imagem retorcida

I {MA G ENS RET }OR C I D }? A Sº

IA MAGEM vira MARGEM DO RJ

i-Margem

a linguagem da internet é outra é outra
a rima é feita mais visual-sonoramente
os sonetos vão morrer vão morrer
a rima vai deixar de ser escrita
para ser

PA RA SEMP RE ! °º°ªªª§§¬¬£³³£²³£¹³²¹²³£³£¢¬£¢£¬£¬¢£¢¬¬¢£¬¢£¬¢£¢¢²£¬³²³£²¹³²³³£¬

eu queria que as letras falassem,
dan ça
ss
em

fizessem EXpreSsões FAciais - : )


mas elas continuam

mas as letras continuam

elas continuam

látras

<

terça-feira, 14 de abril de 2009

Meditação

preste atenção nessa
---------------------palavra
-----------------------------ela arde
-----------------como
--------uma vela
e chama
-----------------------acessa
a tela da imaginação

-------------------------------preste atenção
no som
----------------que sai do Sol

e l e t o ma c o n t a d o s e s p a ç os

------------------------------------vadios

preste atenção
a vida está localizada num ponto ao Sul e ao Norte
do Equador

-----------------empreste a atenção

sem juros

-----------no sheik ------------------especial
a-tenção

----------------as palavras são como a mente:

M E N T Em

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ainda

já risquei os dias do calendário
alinhei o quadro na parede
coloquei o travesseiro no lugar
tirei a poeira atrás do piano
joguei fora os rascunhos de escola
vendi meu videogame com as fitas
reví as fotografias daqueles dias
provei finalmente aquele chocolate
lí aquele poema do Pessoa

e ainda te amo

domingo, 12 de abril de 2009

Poema para Judas

que fardo carregar nas costas
o fardo dos fardos
dois mil anos e ainda te crucificamos
e tu já estás mais do que perdoado

que fardo carregar nas costas
o dedo apontado de farpas
tu eras apenas um político
não entendeste que o reino
não era de Estado e sim de estado

que fardo carregar nas costas
o espelho dos espelhos
o exemplo dos nossos erros
mesmo arrenpendido logo depois de errado
mesmo depois do mestre, ao teu lado,
ter te dado de volta um beijo de perdão já perdoado

jogam teu nome no chão
batem-no com madeira
jogam a raiva que tem de si mesmos
num nome que já não entendem

distante sina que tão perto grita
o deserto hoje é a cidade
as arenas nosso coração

por entre os espinhos e cuspes que o mundo ainda te lança
faça a saliva entender sua imagem divina
e o espinho revolver-se em rosa
e dai oferenda aos que te ferem
a rosa em forma de poema

a rosa em forma de poema

a formosa prosa em dilema

a rosa em forma de poema

Despedida

- Promete que volta?
- Prometo. Mas antes tenho que descobrir quem eu sou.
- Quando você volta?
- Quando for o tempo.
- Você me traz uma lembrança?
- Só posso trazer o que já for seu.

sábado, 11 de abril de 2009

Coraçãico

meu coração se move por inércia
uma borboleta dorme na China
bárbaros conquistam Roma
sonho com paisagens da Pérsia
desvendo o véu de uma menina
mas o abrupto final me toma

meu coração se move por sonho
uma borboleta dorme na menina
o véu dos bárbaros me toma
sonho com paisagens de sono
há um abrupto final na China
transformo e masco a História, goma

saliva de imperadores dilaceram meus alimentos
trombetas bíblicas me buzinam no trânsito vazio
acho que sou o causador dos meus tormentos
toda vez que escrevo e o coração vadio

portais se abrem
se fecham
está escuro
vejo as coisas
vejo asco
isas
asas

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Enigma Temporal

algum enigma saiu dos eixos
dos nexos dos tempos temporais

foi a descoberta da vida
o vento a venda dos cegos temporais

quem marcou o tempo que o segundo
demorou primeiro?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Série - Dual - n:3

cada vez me impressiono mais com coisas pequenas
a vida desfia as claridades e faz ninar os sonhos
achar o verdadeiro valor das coisas, do tempo, apenas
consiste em saber livrar-se do que achamos que somos

cada vez mais o que é menos é mais
o cheiro de Minas, o ar do Capanema, os olhos no metrô,
o cão deitado, Cecília dormindo, a Urca, o cais,
ainda vou ver meu pai chorar

terça-feira, 7 de abril de 2009

Série - Dual - n:2

As fotos que mais me emocionam
são as que eu não tirei
é mais nítida a imagem inexistente
e menos vivo tudo que revelei

Minha memória está toda torta
espalhada, embaralhada nessas fotos
às vezes o vento das coisas sopra
e faz veloz o cinema da minha vida

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Série - Dual - n:1

às vezes me pego com as mãos para cima
pedindo um pouco de chuva ou qualquer sombra
a resposta que vem não vem em rima
descasca o céu, a pele da mão, e sonha

às vezes tudo que toco é meu, e se tranforma
em parte de mim, me elevo e me distorço
mas sempre fica um pedaço fora do eixo e da norma
e é dele que faço em palavra a alma

sábado, 4 de abril de 2009

Fringuji Xeran

Cupoanca...
junitrete...
hunbrung...

voniyus liuyt redet
numbipo lio vucebas
zoynit asser qwe

pijo , niy bevre

luicon luicon poels

pijo, niy vevre:

solfi

sexta-feira, 3 de abril de 2009

97%

o banho alma a lava

Seara

eu só te peço tudo.
quantos corações cabem dentro de um fusca?
o teatro é liberdade.
minha máscara gutembergueia a poesia do meu rosto.
pode ter sido hoje que o muro de berlin caiu,
seriam mesmas as lesmas dentro do cimento e dos sorrisos.

envolto em palavras, retorcidas, penetradas
que envolvidas por mais palavras
comem-se numa festa triste
que um vazio termina.

carcomido, fagulha de mim
o ping-pong do coração bota efeito
onde eu não estou de calça
nas fotos de formatura
na época da ditadura milimétrica celular.

o poeta que não tem métrica
não tem auto-ridade moral para poesia

por isso sei que sou um merda
e só por isso
espalho-me pelos terrenos inférteis do mundo
mostrando vida que brota da pedra.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Retalhos de um quebra-cabeça num caleidoscópio quebrado

o mel na garganta mestrua o futuro.
o que eu ainda vou te dizer.

só tenho certezas no absurdo.
só escuto o que ainda não foi dito.
meu belo prazer downloadeia um caminho cigano.

o sinal da rua e a listra branca no chão
entende mais a superfície do mundo do que eu
estende uma rede branca de eletricidade sobre as coisas
e vira peça de museu, ao lado de um urinol (em que eu urinei)

se a propaganda do nosso amor vendesse
o amor não precisava barganhar novidades
dentro da acústica molhada do suor dos carros
ainda se elabora uma canção que ouví criança
dizendo que as coisas ainda assim mesmo são belas.