segunda-feira, 20 de abril de 2009

Aprendi

aprendi muito com a espuma do mar subindo na areia
e trazendo concha, ou pedrinha, alga
aprendi olhando a criança deixar o mar encostar no pé
eu mesmo deixando a criança encostando o mar no pé encostar na visão
como o mar, a espuma, as velas no horizonte, longe, a proximidade das coisas
com o mistério viver

eu poderia ficar parado por horas
parado só aprendendo
seria melhor do que correr até o final da praia
suar, exercitar os músculos, os órgãos
sem sair do lugar

porque ao ver o mar, a criança e eu mesmo
eu saí da frente do mar, da frente da criança
e de dentro de mim

não estava no metrô da cidade
nem no reflexo do cartaz, nem no olhar das pessoas
nem no útero de minha mãe, nem no sorriso da calçada
nas linhas retas das nuvens

não pertencia a nenhum grupo, nenhuma tribo,
não carregava nenhum sentimento ancestral

era só eu
e só

olhei para o mar
e pensei:

isso que vejo
está ai fora
ou está
aqui dentro?

3 comentários:

  1. Incrível como aprendemos com coisas simples e belas.
    Obrigada pela visita

    Ada

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  2. como digo num meu poema
    : o mar é dentro.

    sou mãe e sou marítima e sou tudos estas coisas que fala e que diz. é lindo :) lindo o poema e todo o blogue. incrível a imagem ali em cima.

    obrigada pela visita :) beijo.

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