terça-feira, 5 de outubro de 2010

aberta

a luz apaga
o silêncio se contamina
de respiração
crescente
rua vazia
lua
minguante
enquanto o tempo
escorre pelos joelhos
bambos
numa dança
do desejo

transe

a luz continua apagada
mas acesa a atenção
alerta
os pêlos
o frio abraça o morno
e debaixo das pernas
aqueço
o hálito fresco
a língua do tato
recita estímulos
no pulso
primordial

esquecemos o tempo
esquecemos as roupas
as máscaras arcaicas
retornam
e ornam a cama de retratos
de deuses e animais
miados
uivos
gritos de dor
um suspiro no umbigo
rígido
flexível percorrer dos abismos
labirintos de corpo
entrelace no espaço
entre
no espaço

entre

o silêncio contamina o gozo
de rouquidão atrasada
em batimentos de um samba
louco
percepção alterada
a fala se resume em toque
se desreprime em verbo

até se tornar carne

simplesmente
palavra

simplesmente
a..b..........e........r.......t.................a

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