foto de Ana Pas.
um pedaço de saco plástico de um supermercado antigo
já não tem mais o cheiro da fruta e só carrega consigo
um pedaço do vazio que assopra dessa areia e chão batido
ao passo que passa pelo meu pensamento e esbarra perto
dos pés descalços e alça voo por centímetros e até metros
acima desse barro eu paro e sento em cima do banco em pranto
solitário, silencioso, atento
percebo que esse saco plástico sou eu mesmo
voando ao vento
e agora crendo
que a vida é feita pra voar
eu invento
um novo canto
que altere as linhas melódicas do horizonte e da paisagem
em miragem tênue do que existe e do que não entendo
o saco plástico agora está solto no vento e de dentro
de mim de todo esse silêncio que me envolve e dissolve
o ar suspenso em névoa amarela e alaranjada como os olhos
novos da amada antiga
um pedaço de saco plástico de um supermercado antigo
um pedaço de vazio que assopra de dentro desse chão batido
fabrica em mim um sopro e suave sol sustenido
e eu penso em minha mãe
em meu pai
no teu sorriso
minha mais nova favorita.
ResponderExcluirum girassol da cor de seu cabelo
ResponderExcluirO mais leve dos últimos, e mais solto!
ResponderExcluiresbarrei nesse poema:
ResponderExcluira primeira estrofe é um bloco certo
tão sonoro, correto e coeso
que parece que foi feito como fazemos cocô:
sentado, com uma pressão precisa.
melhor comentário que já vi, ian.
ResponderExcluirgostei muito.
e senti mesmo o mesmo prazer que sinto
quando cago.