quarta-feira, 22 de setembro de 2010

tchau

digo adeus
ao que nunca foi
meu

pelo menos
nem eu
me fui

dou adeus
pra figura do eu
na janela do ônibus
escolar

adeus
eu
vou-me embora para

onde o vento faz a chuva
onde tem mulher bonita
onde eu não posso morar

adeus
poesia
adeus
minha vó
adeus

eu quero ir embora
dormir numa carona
e acordar no mesmo lugar
de nunca
andar parado
com os pés na estrada
suja de barro e fantasia

digo adeus
aos meus medos

tchau inocência
tchau manoel de barros
tchau pessoa
tchau bituca
tchau lô
tchau glauber
tchau mãe
tchau vó
tchau pai

eu só preciso de mim mesmo
para descobrir que não existo

e cultivar esse segredo
de inventar infinitos
dentro de um
poema

tchau tristeza
eu quero ser filiz

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