ao que nunca foi
meu
pelo menos
nem eu
me fui
dou adeus
pra figura do eu
na janela do ônibus
escolar
adeus
eu
vou-me embora para
lá
onde o vento faz a chuva
onde tem mulher bonita
onde eu não posso morar
adeus
poesia
adeus
minha vó
adeus
eu quero ir embora
dormir numa carona
e acordar no mesmo lugar
de nunca
andar parado
com os pés na estrada
suja de barro e fantasia
digo adeus
aos meus medos
tchau inocência
tchau manoel de barros
tchau pessoa
tchau bituca
tchau lô
tchau glauber
tchau mãe
tchau vó
tchau pai
eu só preciso de mim mesmo
para descobrir que não existo
e cultivar esse segredo
de inventar infinitos
dentro de um
poema
tchau tristeza
eu quero ser filiz
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