quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

polisnização

depois de um tempo
o vento vindo
transforma o clima
com mãos invisíveis
tocando a pele
das folhas verdes
cheirando as moças
e os sinais de civilização

o vento passa
por entre as casas
apartamentos
e a mente presa
burocracias
enquanto cozinham
feijão e bife

por entre janelas
daquela cidade
que dentro da gente
cantava hinos
desesperados em juventude
permanece um coro
desabrigado

o vento fica
roçando as árvores
queimando raízes
passado e promessas
descobre um futuro
por entre formigas
cava um muro
ergue um buraco
no meio do caminho
sem pedras

depois de um tempo
o ritmo lento
da clorofila
do pensamento
do sol batendo
a seiva bruta
penetra as ruas
da minha cidade
só de saudade
e escreve cartas
que ninguém vai ler

e as letras fogem
dos meus cadernos
das minhas telas
computadores
são mantras cegos
que esbarram em prédios
sem perceber

e os poemas
por mais pequenos
podem crescer

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