mulher sentada olhando o mar
o mar deitado olhando a mulher
a espuma dançando na pedra
a pedra sonhando com a mulher
a mulher se fazendo pedra
montanhas do rio de janeiro
lugar qualquer
o sol na linha do horizonte
não existe mas acreditamos
que ele esteve lá
porque o fogo laranja
se apaga
na espuma do mar
que contempla a pedra
a mulher e a linha do horizonte
que não existe
mas está lá
no limite das palavras
ou no infinito
mulher abraça as pernas
não vejo o rosto
o rosto é o mar
um fogo laranja
some
atrás do mar
quanto mais some esse fogo
mais claro o poema
se forma
em espumas
que não posso ver
a vida inteira eu procurei
um momento como esse
em que uma mulher se faz pedra
a pedra grita mar
e a espuma vira palavra
nunca achei
nem vou achar
e isso não me basta
e a poesia vive
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