terça-feira, 17 de agosto de 2010

Uma breve estória do eu finito

Minha vida começou quando comecei a escrever.
Essa frase.
Antes dela não havia luz nem barro.
Não havia nem mesmo o tempo verbal.
Só havia o desverbo.
E seres invertebrados começaram a andar por de sobre,
roçando nas letras e nos pequenos abismos.
Choveu fininho e depois muito.
O sol beijou no rosto de uma ameba
e ela floresceu virgem um verso
de poema.

Minha vida começou quando flores e eu
nos abrimos para o sol penetrar.
Ele umedeceu o chão dos silêncios
com saliva quente e multidão.
A gravidade insistiu em cair sobre nossos
.............................centros...............................
deslocando o peso das frases para o
...............................................................fim
como..................em
...........elefantes......posições
................................................de yoga
se desequilibrando em pluriversos paralelos.
Do primeiro gozo ao cair no chão cresceu um
poema.

Minha vida começou quando terminou.
Como terminou
modificou-si-chão
Onde terminou
movimentou-si-em-vão
O quê terminou
coisificou-si-tão
Quem terminou
identificou-si-não
poema.

Começar um poema é começar a viver.

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