que o Homem é um macaco
metido a besta.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
terça-feira, 17 de setembro de 2013
picolé itália
procurando uma concha numa praia
importa se é bonita, feia, quebrada?
coisa concreta, concha, ou espiral inventada
o que é preciso é o som do mar estar dentro
lugar náufrago
é pele de gente
ilhas lá longe me avistam
terras à vista me perdem
águas profundas me dançam
longe lá na infância
inda quero descobrir conchas raras
ainda quero um picolé itália
importa se é bonita, feia, quebrada?
coisa concreta, concha, ou espiral inventada
o que é preciso é o som do mar estar dentro
lugar náufrago
é pele de gente
ilhas lá longe me avistam
terras à vista me perdem
águas profundas me dançam
longe lá na infância
inda quero descobrir conchas raras
ainda quero um picolé itália
sábado, 3 de agosto de 2013
contar causos num bar
contar causos num bar
rir desses causos
relembrar uma idiotice
que a gente fez menor
e rir da idiotice
conversar com estranhos
até virar grandes amigos
inventar futuros
diferentes fins
tragar um fumo
olhar a fumaça se misturando com a luz
rir desses causos
relembrar uma idiotice
que a gente fez menor
e rir da idiotice
conversar com estranhos
até virar grandes amigos
inventar futuros
diferentes fins
tragar um fumo
olhar a fumaça se misturando com a luz
segunda-feira, 29 de julho de 2013
domingo, 28 de julho de 2013
rodovia
janela do ônibus
de um ônibus entre milhares de outros que ninguém sabe onde estão
(e se soubessem onde estão, o que saberiam?)
dais para o mistério de cidadezinha qualquer
vida mixuruca
constantemente cruzada por caminhões
com os cartazes mal-escritos a anunciar lojas e igrejas
com os móteis com nomes de músicas de roberto carlos
com essa solidão lotada de gente
e esses vira-latas mancos a esmolar pedaços de pão e carinho
(vivi, estudei, amei, e até cri
e hoje
não há mendigo na beira de estrada que eu não inveje
só por não estar nessa janela do ônibus)
não há nada que aconteça
nessas cidades
nunca nada vai acontecer
não se pode querer que aconteça nada
à parte isso, vem na janela um homem sem dentes
que diz ser Deus
de um ônibus entre milhares de outros que ninguém sabe onde estão
(e se soubessem onde estão, o que saberiam?)
dais para o mistério de cidadezinha qualquer
vida mixuruca
constantemente cruzada por caminhões
com os cartazes mal-escritos a anunciar lojas e igrejas
com os móteis com nomes de músicas de roberto carlos
com essa solidão lotada de gente
e esses vira-latas mancos a esmolar pedaços de pão e carinho
(vivi, estudei, amei, e até cri
e hoje
não há mendigo na beira de estrada que eu não inveje
só por não estar nessa janela do ônibus)
não há nada que aconteça
nessas cidades
nunca nada vai acontecer
não se pode querer que aconteça nada
à parte isso, vem na janela um homem sem dentes
que diz ser Deus
terça-feira, 23 de julho de 2013
quarto
estou nesse momento
no seu quarto
em cada pedacinho dele
eu lembro do espaço que nossos corpos criaram
ocuparam
em cada objeto tem um pouco você
tanto que a saudade se torna quase
insuportavelmente acolhedora
é uma ausência tão grande que preenche tudo
(as ruas lá fora estão cheias
ouço gritos
grito também)
mas no seu quarto a maior presença é a sua falta
olho para o armário
consigo visualizar nós dois sem roupa
entrando em transe
olho para as fotos em cima da mesa do meio
uma ausência sua muito presente
de vários passados
o ventilador ligado
circula um ar que também contém fragmentos seus
e esse ar passa na minha pele
e é como se fosse a sua falta que me soprasse de leve
(soube que aquele seu amigo foi levado preso,
estava filmando com o celular e já foi liberado)
é como se me faltasse um órgão essencial
sangue, oxigênio, não sei
e ao mesmo tempo
eu estivesse na mais equipada incubadora
com tudo para me fazer saudável, respirar
seu quarto me dói como um parto bom
o seu toque está em cada objeto
no diprosalic
nos controles remotos
nos florais
no estojo
nas moedas
na maçaneta da porta
o seu olhar nos olha
do quadro dourado do beijo
da tela escura da tv
da tela acessa do computador
do teto
dos seus próprios olhos nas fotos
e penso que nunca fui olhado tão desprotegido
sinceramente real
com essa tristeza calando fundo
e essa alegria de saber que você volta em breve
e essa coisa que chamam amor
que se mistura em tudo que penso, faço, imagino, sou
(o cheiro de gás ainda está forte na camisa. até saiu o teu cheiro)
no seu quarto
em cada pedacinho dele
eu lembro do espaço que nossos corpos criaram
ocuparam
em cada objeto tem um pouco você
tanto que a saudade se torna quase
insuportavelmente acolhedora
é uma ausência tão grande que preenche tudo
(as ruas lá fora estão cheias
ouço gritos
grito também)
mas no seu quarto a maior presença é a sua falta
olho para o armário
consigo visualizar nós dois sem roupa
entrando em transe
olho para as fotos em cima da mesa do meio
uma ausência sua muito presente
de vários passados
o ventilador ligado
circula um ar que também contém fragmentos seus
e esse ar passa na minha pele
e é como se fosse a sua falta que me soprasse de leve
(soube que aquele seu amigo foi levado preso,
estava filmando com o celular e já foi liberado)
é como se me faltasse um órgão essencial
sangue, oxigênio, não sei
e ao mesmo tempo
eu estivesse na mais equipada incubadora
com tudo para me fazer saudável, respirar
seu quarto me dói como um parto bom
o seu toque está em cada objeto
no diprosalic
nos controles remotos
nos florais
no estojo
nas moedas
na maçaneta da porta
o seu olhar nos olha
do quadro dourado do beijo
da tela escura da tv
da tela acessa do computador
do teto
dos seus próprios olhos nas fotos
e penso que nunca fui olhado tão desprotegido
sinceramente real
com essa tristeza calando fundo
e essa alegria de saber que você volta em breve
e essa coisa que chamam amor
que se mistura em tudo que penso, faço, imagino, sou
(o cheiro de gás ainda está forte na camisa. até saiu o teu cheiro)
segunda-feira, 8 de julho de 2013
ela deita sobre a grama
ela deita sobre a grama
o céu é que se derrama
ela sonha com o sol
o sol é que lhe acorda
em alguma paisagem
remota
traz beijos na bagagem
cartão postal é música
teu corpo é túnica
com que vou falar com deus
olhos virados em júpiter
você louca
e eu aqui
deito sobre a cama
a noite é que se derrama
eu sonho com a lua
e a lua é que me dorme
em alguma saudade
próxima
trago beijos de verdade
cartão postal é o rio
teu corpo é um rio
com que vou falar com deus
à nado
há nada
o céu é que se derrama
ela sonha com o sol
o sol é que lhe acorda
em alguma paisagem
remota
traz beijos na bagagem
cartão postal é música
teu corpo é túnica
com que vou falar com deus
olhos virados em júpiter
você louca
e eu aqui
deito sobre a cama
a noite é que se derrama
eu sonho com a lua
e a lua é que me dorme
em alguma saudade
próxima
trago beijos de verdade
cartão postal é o rio
teu corpo é um rio
com que vou falar com deus
à nado
há nada
terça-feira, 2 de julho de 2013
a incrível surdez branca de ouvir o grito silenciado da noite
o mosquito que fica no ouvido
as sirenes da polícia lá longe
um casal de grilos
o gerador do hospital aqui da rua
o estalo da geladeira
meu coração de saudade
o motor de um carro
algumas fotografias suas
o disco muito do caetano
a luz vagabunda da luminária
o arrastar de uma cadeira no apê de cima
a incrível surdez branca de ouvir o grito silenciado da noite
meu coração de saudade
inventa modos de dormir
pra esquecer um pouco essa saudade
as sirenes da polícia lá longe
um casal de grilos
o gerador do hospital aqui da rua
o estalo da geladeira
meu coração de saudade
o motor de um carro
algumas fotografias suas
o disco muito do caetano
a luz vagabunda da luminária
o arrastar de uma cadeira no apê de cima
a incrível surdez branca de ouvir o grito silenciado da noite
meu coração de saudade
inventa modos de dormir
pra esquecer um pouco essa saudade
cão manco
um cão manco pelas ruas de uma cidadezinha mixuruca
ele seguia qualquer um
qualquer um
como se fosse seu dono
eu acho que vi deus
nesse cão manco
e ele me viu também
e eu fui perdoado
ele seguia qualquer um
qualquer um
como se fosse seu dono
eu acho que vi deus
nesse cão manco
e ele me viu também
e eu fui perdoado
grilo
essa dor de cabeça que martela amplidões pela noite
abre a paisagem noturna dentro do corpo
um grilo ao longe me diz que estou perto de encontrar a escuridão
não dá para enxergar o que se pode enxergar
apesar disso
temos em nós todas as dores do mundo
sem doer nada
é só madrugada
abre a paisagem noturna dentro do corpo
um grilo ao longe me diz que estou perto de encontrar a escuridão
não dá para enxergar o que se pode enxergar
apesar disso
temos em nós todas as dores do mundo
sem doer nada
é só madrugada
segunda-feira, 1 de julho de 2013
quinta-feira, 9 de maio de 2013
eu achava
eu achava que a poesia estava verdade ou na mentira
em qualquer lugar
faltava ainda descobrir
que todos os lugares ainda
não bastam
eu achava que a poesia estava na verdade
dizer as coisas dos jeitos que elas são
dentro da cabeça
mas principalmente
fora do corpo sendo o corpo
tomar de uma vez o mundo
como quem engole chamas
eu achava que a poesia estava na mentira
se colocar em um estado de transe
achando a frase inicial
o personagem inicial
um louco, idiota ou deus
"a poesia é uma linguagem desviante, é preciso primeiro achar quem vai escrever"
uma vez um poeta me disse isso
e eu ouvi.
o porquê de não estar escrevendo com a mesma intensidade de antes
eu não sei exatamente
eu achava que era importante explorar o fluxo
ligar uma musica que continuasse que empurrasse a mente e a vontade de escrever pra frente
alongar os parágrafos alongar as frases deixar as associações se estabelecerem num jogo constante que vai e vai
ouvir miles davis ou outra coisa qualquer que seja boa para despertar a consciência
eu achava que precisava editar mais o que escrevia
não exatamente para embelezar
mas achar a forma certa
a frase certa
ser cuidadoso
mais caprichoso com as palavras
eu achava que ser poeta tinha a ver com a maneira de vi-ver o mundo
de ser o mundo
e de não ser o mundo
e então não haveria tanta necessidade de se preocupar com a polidez da linguagem
e volta e meia a linguagem te pega
te joga na cadeira e te faz ser
manter o ritmo é importante manter o ritmo
construir uma casa sólida com as linhas que vem e vão
e é isso que vou fazer não me importanto com o resultado final
uma trilha de rastros
deixados por um cão surdo
ninguém sabe onde vai dar
ao menos na música é coletivo
você está junto de outros
no teatro também
agora talvez o problema ou solução da escrita seja a solidão
eu achava que era preciso inventar e ser outros ao mesmo tempo em grande diálogo ou confusão ou briga ou festa
e escrever era deixar que elas se amassem no papel
por uma noite
por uma noite
as palavras geram inícios de poemas
em qualquer lugar
faltava ainda descobrir
que todos os lugares ainda
não bastam
eu achava que a poesia estava na verdade
dizer as coisas dos jeitos que elas são
dentro da cabeça
mas principalmente
fora do corpo sendo o corpo
tomar de uma vez o mundo
como quem engole chamas
eu achava que a poesia estava na mentira
se colocar em um estado de transe
achando a frase inicial
o personagem inicial
um louco, idiota ou deus
"a poesia é uma linguagem desviante, é preciso primeiro achar quem vai escrever"
uma vez um poeta me disse isso
e eu ouvi.
o porquê de não estar escrevendo com a mesma intensidade de antes
eu não sei exatamente
eu achava que era importante explorar o fluxo
ligar uma musica que continuasse que empurrasse a mente e a vontade de escrever pra frente
alongar os parágrafos alongar as frases deixar as associações se estabelecerem num jogo constante que vai e vai
ouvir miles davis ou outra coisa qualquer que seja boa para despertar a consciência
eu achava que precisava editar mais o que escrevia
não exatamente para embelezar
mas achar a forma certa
a frase certa
ser cuidadoso
mais caprichoso com as palavras
eu achava que ser poeta tinha a ver com a maneira de vi-ver o mundo
de ser o mundo
e de não ser o mundo
e então não haveria tanta necessidade de se preocupar com a polidez da linguagem
e volta e meia a linguagem te pega
te joga na cadeira e te faz ser
manter o ritmo é importante manter o ritmo
construir uma casa sólida com as linhas que vem e vão
e é isso que vou fazer não me importanto com o resultado final
uma trilha de rastros
deixados por um cão surdo
ninguém sabe onde vai dar
ao menos na música é coletivo
você está junto de outros
no teatro também
agora talvez o problema ou solução da escrita seja a solidão
eu achava que era preciso inventar e ser outros ao mesmo tempo em grande diálogo ou confusão ou briga ou festa
e escrever era deixar que elas se amassem no papel
por uma noite
por uma noite
as palavras geram inícios de poemas
terça-feira, 5 de março de 2013
até
um dos meus avôs veio do pantanal
o outro veio do japão
nasci na holanda
sou brasileiro
nasci num clube da esquina
no encontro de várias ruas
andei de skate
coloquei o pé no pacífico
vi a torre eiffel ascender suas luzes
numa paris sobrenatural
provei vinho de mendoza
senti a brisa de uma geleira derretida
pelas bandas do canadá
tremi com um terremoto na costa rica
e subi num vulcão lá
dizem que três vezes por ano
quando o céu está totalmente aberto
dá pra ver o pacífico e o atlântico
indefinir o longe e o perto
de cima daquele vulcão
um dia quero ver...
já morei em frente ao mar
já quase me afoguei
tive amores imaginários
alguns amores deixei
vi um céu muito estrelado
de dar dó
lá em visconde de mauá
e a cachoeira mais bonita aquela
acho que foi em serra do cipó
parecia um lugar de sonhos
de repente era
não canso de ver
o horizonte do arpoador
olhar o mar sem pressa
seja de onde for
funciona pra mim como uma reza
de repente é...
quando eu nasci
uma anja loira, alta, holandesa
disse: vai, Taiyo!
ser outros na vida
navegar é precioso
vai ser outros
outras pessoas
fazer poesia
do pantanal eu trago uma pré-história
um gosto de antes dos começos
como tocar no mar pela primeira vez
achar os olhos da mãe e do pai quando bebê
do japão tem um olhar invertido
olhar o que está dentro
do brasil eu colhi um sorriso
a alegria de estar vivo
da holanda um olhar subversivo
como jogar uma bicicleta num canal
nasci mesmo foi numa esquina
na esquina entre o bem e o mal
caminhando em saltos
pulando moças, cheiros, apartamentos
até encontrar aquela visão
que eu tinha desde pequeno
até ver o meu sol,
viver, meu nome, viver
escrito em corpo de mulher
até encontrar carol
o outro veio do japão
nasci na holanda
sou brasileiro
nasci num clube da esquina
no encontro de várias ruas
andei de skate
coloquei o pé no pacífico
vi a torre eiffel ascender suas luzes
numa paris sobrenatural
provei vinho de mendoza
senti a brisa de uma geleira derretida
pelas bandas do canadá
tremi com um terremoto na costa rica
e subi num vulcão lá
dizem que três vezes por ano
quando o céu está totalmente aberto
dá pra ver o pacífico e o atlântico
indefinir o longe e o perto
de cima daquele vulcão
um dia quero ver...
já morei em frente ao mar
já quase me afoguei
tive amores imaginários
alguns amores deixei
vi um céu muito estrelado
de dar dó
lá em visconde de mauá
e a cachoeira mais bonita aquela
acho que foi em serra do cipó
parecia um lugar de sonhos
de repente era
não canso de ver
o horizonte do arpoador
olhar o mar sem pressa
seja de onde for
funciona pra mim como uma reza
de repente é...
quando eu nasci
uma anja loira, alta, holandesa
disse: vai, Taiyo!
ser outros na vida
navegar é precioso
vai ser outros
outras pessoas
fazer poesia
do pantanal eu trago uma pré-história
um gosto de antes dos começos
como tocar no mar pela primeira vez
achar os olhos da mãe e do pai quando bebê
do japão tem um olhar invertido
olhar o que está dentro
do brasil eu colhi um sorriso
a alegria de estar vivo
da holanda um olhar subversivo
como jogar uma bicicleta num canal
nasci mesmo foi numa esquina
na esquina entre o bem e o mal
caminhando em saltos
pulando moças, cheiros, apartamentos
até encontrar aquela visão
que eu tinha desde pequeno
até ver o meu sol,
viver, meu nome, viver
escrito em corpo de mulher
até encontrar carol
é quase primavera
paisagem de sonhos
na janela da nossa casa
é a vida que pousa
em nossas mãos
parece um filme que eu vi
há um tempão atrás
casa verde
a grama verde
o cheiro de chuva
parece que é sua
essa beleza das montanhas
caminhando em teus quadris
para ver o sol se pôr
no seu umbigo
beber água
passo por essa terra
ou a terra que me caminha
ou o céu que navega sobre mim
um passarinho pousou no seu ombro
deve ser de deus
um bando de estrelas voam
paisagem de sonhos
é quase primavera
promessa de te ver
fecundando o chão
nos teus cabelos a brisa rega
nesses teus cabelos pretos
escuridão que ilumina
minhas mãos entrelaçadas
rezam
tranças
transe
tons
de verdes heras
é quase primavera
meu amor
na janela da nossa casa
é a vida que pousa
em nossas mãos
parece um filme que eu vi
há um tempão atrás
casa verde
a grama verde
o cheiro de chuva
parece que é sua
essa beleza das montanhas
caminhando em teus quadris
para ver o sol se pôr
no seu umbigo
beber água
passo por essa terra
ou a terra que me caminha
ou o céu que navega sobre mim
um passarinho pousou no seu ombro
deve ser de deus
um bando de estrelas voam
paisagem de sonhos
é quase primavera
promessa de te ver
fecundando o chão
nos teus cabelos a brisa rega
nesses teus cabelos pretos
escuridão que ilumina
minhas mãos entrelaçadas
rezam
tranças
transe
tons
de verdes heras
é quase primavera
meu amor
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
diários antigos da carol
a carol é poeta:
hoje ela achou
diários antigos
e me falou
- é bonzão se perder no que a gente acha.
hoje ela achou
diários antigos
e me falou
- é bonzão se perder no que a gente acha.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
então era isso
então era isso
eu já imaginava
faltava alguma coisa
nessa madrugada
algum claro enigma
decifrar o som do nada:
faltava escrever isso
que coisa louca
não se pode mais dormir
é preciso trocar essa reza
de cabeceira
por um poema
de canções surdas
só eu vou escutar mesmo
aquilo que nunca cantei
enquanto você que lê
inventa uma cobra coral
dentro do corpo
como uma serpente mitológica
engolindo o próprio chakra
enquanto isso o poema se consome
e some
então era isso
era preciso ser outros
era um caminho impreciso
ser outras pessoas
orientar-se pelo oriente
faltava achar a voz
bem baixinho
seria preciso desfazer o ritmo
para dançar
o movimento de ficar parado
a superfície impenetrável do ar
eu já imaginava
faltava alguma coisa
nessa madrugada
algum claro enigma
decifrar o som do nada:
faltava escrever isso
que coisa louca
não se pode mais dormir
é preciso trocar essa reza
de cabeceira
por um poema
de canções surdas
só eu vou escutar mesmo
aquilo que nunca cantei
enquanto você que lê
inventa uma cobra coral
dentro do corpo
como uma serpente mitológica
engolindo o próprio chakra
enquanto isso o poema se consome
e some
então era isso
era preciso ser outros
era um caminho impreciso
ser outras pessoas
orientar-se pelo oriente
faltava achar a voz
bem baixinho
seria preciso desfazer o ritmo
para dançar
o movimento de ficar parado
a superfície impenetrável do ar
moon dreams
ouço essa música
e consigo ver nós dois flutuando
só um pouquinho acima do chão
num musical inventado
em preto e branco
na orla dessa cidade
e a lua cheia sorrindo no céu
a lua sonha a gente
e consigo ver nós dois flutuando
só um pouquinho acima do chão
num musical inventado
em preto e branco
na orla dessa cidade
e a lua cheia sorrindo no céu
a lua sonha a gente
solo 1
flores na janela da sala e eu pensando em alguma coisa para melhorar a minha vida e a de meus semelhantes não olhar pra trás não olhar para trás jamais seguir andando seguir os Andes
flores na chuva
cidade cinza
nuvem solar
achar a comida de pássaro e voar
teus olhos separam o que é real
obrigado, flores
flores na chuva
eu só preciso continuar seguindo
continuar na chuva
minha floresta de mims
nasce, cresce, morre e nasce
natureza morta
vivendo em quadros
na paisagem mental
podem ser girassóis
podem ser apenas o verde das árvores
ou serei o verde em mim que se faz humano
natureza morta
flores na chuva
yin e yang
ali naquele escuro
júpiter sincero aguarda um estalo
entre o solo de silêncio e luz
dos parâmetros tortos na calçada
ela pula um cocô de cachorro
com a leveza cega de um Nijinski
motocicleta feita de vento
impossível conter o movimento
motocicleta feita de corpo
espaço aberto ao vigilitante desatento
solos que a cidade esqueceu
um saxofonista rasteja nú pelo chão
sobre um cimento ciumento em cima no centro
próprio umbigo
vão
flores na chuva
cidade cinza
nuvem solar
achar a comida de pássaro e voar
teus olhos separam o que é real
obrigado, flores
flores na chuva
eu só preciso continuar seguindo
continuar na chuva
minha floresta de mims
nasce, cresce, morre e nasce
natureza morta
vivendo em quadros
na paisagem mental
podem ser girassóis
podem ser apenas o verde das árvores
ou serei o verde em mim que se faz humano
natureza morta
flores na chuva
yin e yang
ali naquele escuro
júpiter sincero aguarda um estalo
entre o solo de silêncio e luz
dos parâmetros tortos na calçada
ela pula um cocô de cachorro
com a leveza cega de um Nijinski
motocicleta feita de vento
impossível conter o movimento
motocicleta feita de corpo
espaço aberto ao vigilitante desatento
solos que a cidade esqueceu
um saxofonista rasteja nú pelo chão
sobre um cimento ciumento em cima no centro
próprio umbigo
vão
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
esperar
escrever até entrar em transe
reconhecer que não é você ali
mas é mais você do que se fosse
esperar a noite chegar
o silêncio gritado dos animais
atrás, atrás do morro do prédio
esperar o silêncio dos apartamentos
as janelas quase fechadas
algum radinho de pilha bem baixo
esperar que o eco dos cães
se perca no próprio escuro da noite
e de alguma forma se transfigurar em latido
esperar que o som desencontre o seu sentido
reconhecer que não é você ali
mas é mais você do que se fosse
esperar a noite chegar
o silêncio gritado dos animais
atrás, atrás do morro do prédio
esperar o silêncio dos apartamentos
as janelas quase fechadas
algum radinho de pilha bem baixo
esperar que o eco dos cães
se perca no próprio escuro da noite
e de alguma forma se transfigurar em latido
esperar que o som desencontre o seu sentido
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
ossos de tijolo
não é que não há nada para ser escrito
pelo contrário
eu poderia falar dos moleques aqui do play
falando alto
e já é madrugada
ou da noite
falar de como está quente
repetir de novo aquela estória de
"a cidade dorme"
ou outra merda qualquer
de qualquer forma não ligo
to pouco me lixando
a gente continua a falar
ou escrever
para escreviver
serestar na madrugada
quase nada
não é que tudo tenha que ser escrito
mas quase
eu tive um professor
um mestre
chamado Evaldo
e ele escreveu um livro chamado
"Retalhos do Quase Nada"
eu gostei muito desse título
gosto até hoje
o manoel já disse que escrever nadas
ajuda a gente a ficar mais cheio de ocaso
de noite, na parede do quarto, os ossos de tijolo do prédio exalam ócio
pelo contrário
eu poderia falar dos moleques aqui do play
falando alto
e já é madrugada
ou da noite
falar de como está quente
repetir de novo aquela estória de
"a cidade dorme"
ou outra merda qualquer
de qualquer forma não ligo
to pouco me lixando
a gente continua a falar
ou escrever
para escreviver
serestar na madrugada
quase nada
não é que tudo tenha que ser escrito
mas quase
eu tive um professor
um mestre
chamado Evaldo
e ele escreveu um livro chamado
"Retalhos do Quase Nada"
eu gostei muito desse título
gosto até hoje
o manoel já disse que escrever nadas
ajuda a gente a ficar mais cheio de ocaso
de noite, na parede do quarto, os ossos de tijolo do prédio exalam ócio
domingo, 6 de janeiro de 2013
ouvindo coltrane
a noite vai vestindo o seu manto negro sobre as coisas imateriais
e eu percebo o quanto não existo
madrugada cai da janela do quarto
foge no passado um som dissipado
estranho
já sonhei com esse lugar
antes
negras curvas do corpo iluminado
uma moça triste sorria
um pássaro sorria
na janela do passado
e lembro de uma estória
tínhamos apenas um segredo
eu e ela
eu era uma porta
e ela uma janela
ouvindo john coltrane
deixando que a escuridão
queime
ouvindo toninho horta
fico sentado no chão
olhando a porta
ouvindo djavan
parece um dejavu
nesse sonho ou pesadelo
seu rosto vem distorcido
onde tudo é mais bonito
eu arranho seu cotovelo
um amor supremo
está mais quente
faz calor no rio de janeiro
até o vento sente
e se esconde
e eu percebo o quanto não existo
madrugada cai da janela do quarto
foge no passado um som dissipado
estranho
já sonhei com esse lugar
antes
negras curvas do corpo iluminado
uma moça triste sorria
um pássaro sorria
na janela do passado
e lembro de uma estória
tínhamos apenas um segredo
eu e ela
eu era uma porta
e ela uma janela
ouvindo john coltrane
deixando que a escuridão
queime
ouvindo toninho horta
fico sentado no chão
olhando a porta
ouvindo djavan
parece um dejavu
nesse sonho ou pesadelo
seu rosto vem distorcido
onde tudo é mais bonito
eu arranho seu cotovelo
um amor supremo
está mais quente
faz calor no rio de janeiro
até o vento sente
e se esconde
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