Não me recordo a primeira vez que pisei na areia.
O que ficou, relatos de minha mãe.
Parece que estranhei.
Algumas imagens perduram, outras não, como se ainda não existissem, mas já passaram.
Filmes que no final você jura que já viu antes. E viu.
Frases escondidas em pequenos movimentos do cotidiano.
Silêncios e sombras que já estavam lá antes.
Demora-se um tempo para perceber quem somos.
Ainda mais tempo perceber o que somos.
E estamos sempre, ainda, buscando um sentido.
Não me recordo a primeira vez que escrevi poesia.
Provavelmente, foi por uma menina.
Ou, por mim mesmo.
As correrias da infância são mais donas de mim que eu as sou.
A cada instante meu corpo indaga esse formato atual. Cresci muito.
Mas serei o mesmo?
Quando eu tinha consulta na pediatra, sempre escutava um pouco temeroso quando diziam que eu teria um metro e noventa. Estiquei. Tenho quase isso. Um e oitenta e seis.
Parece que isso teve algum efeito na minha alma também, no meu jeito de enxergar o mundo.
O mais óbvio é a minha miopia. Vejo tudo embaçado.
O mais óbvio é a poesia.
Vejo tudo embaçado.
Tirando algumas superficialidades, somos todos muito iguais.
ResponderExcluirAbraços!