quinta-feira, 10 de junho de 2010

visões muito claras

em pé surfando em cima de uma bicicleta com os braços lambendo o vento
descendo uma ladeira que sobe
a velocidade segue apenas a pulsão incessante das coisas que não existem

estamos numa nova dimensão
onde as leis da gravidade só servem para os otários
e pessoas que catam migalhas de civilização pelas vitrines

o mundo foi destruído por um poeta e recomposto pela imaginação

(nesse momento passamos por um mindingo falando no celular)

é interessante notar que nessa viagem
a paisagem na verdade é feita de tempo

ih, olha lá eu quando era criança
agora quando estava ouvindo jimi hendrix na aula de química
e agora quando tive filho...

tudo isso acabou de passar aqui no lado direito
no lado esquerdo está o espaço
ih, olha o ventre da minha mãe, mó escuro, mas é quentinho
alá, a maternidade em amsterdã, minha primeira casa no rio...
legal

vejo claramente, dá pra ver claramente, lá no fim dessa estrada
da pra ver claramente nada


3 comentários:

  1. Tenho q ser o primeiro, né? Cada vez mais bêbado, cada vez mais pródigo. Seus versos iluminam a minha sala. É como se soltar ao mar e ver no que vai dar.

    Muito bom. Um dia chego lá!
    Abraçz

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  2. Viu, tô fazendo o dever de casa.


    Esse aqui é pra fazer inveja em quem não anda de bicicleta,né?

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  3. ah, minha casa do lado do rio era boa, mas confesso que não me lembro do seu filho.
    se você entrar num saco preto eu jogo sangue de boi dentro, eu te ajudo. aí você sente o ventre
    eu to sempre querendo voltar pro ventre

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