debaixo da pele
um outro tipo de pele
debaixo da carne
um outro tipo de carne
por entre o sangue
um outro tipo de sangue
por entre os fluidos
um outro tipo de fluido
por entre as energias
um outro tipo de energia
há algo além
e além
e além
nesse abismo
que somos
que estamos
que seremos agora
o corpo procura
a mente
procura
a consciência
sabe
sente
debaixo da mente
por entre a mente
somente
resta
nada
semente
aquele vazio
do sonho lúcido
angustiante
incrível
ainda sou fraco demais pra tanta liberdade
preciso de bases de pedra
como aquela circular, mesmo que flutue no abismo
está lá
é sólida
de pedras
ainda mais
ainda mais e mais profundo
imagens se formam
desaparecem
sons veem
e vão
não em vão
vulcões
de imagens-sons
no centro
vazio
da criação
não são palavras
palavras são depois
e o depois não existe
no limite das palavras
onde o som encontra o sentido
ou vício ou verso
o universo respira uma dança
por entre as costelas galácticas
por entre os sistemas solares
no escuro abismo infinito de estrelas
no limite das palavras
e para além delas
ainda há
ainda resta
ainda sobra
e não está no espaço
nem no tempo
nessa poesia maior menor inexistente
estamos nós
dançando em círculos
inventando órbitas
no globo ocular
para enxergar a valsa
que a alma dança no mundo invisível
de braços abertos
(eles vão até onde o universo vai)
de olhos abertos
(eles vão até onde o universo vai)
o horizonte em mim se faz abraço
se faz embalo
e deito suavemente em meu próprio olhar
durmo
sonho
vivo
não sei identificar
o que é sonho
e o que não é
e nem importa mais
so(u)(l)
quarta-feira, 30 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
estromatólitos
na orla
brinquedos de luz
invertem o céu
o mar
se funde ao céu
logo ali
yoga
naquele escuro
um homem de mochila
enfrenta o mar
de pé
numa pedra
vim para as pedras
não para escrever
mas para ser escrito
por elas
poderia ficar horas
só olhando o jeito
que o mar bate na pedra
e cria espumas e sons
(de alguma forma isso me lembra nós dois nus)
vim para perto do mar
para entender suas origens
estromatólitos são seres de fontes
do tempo que quase não tinha tempo
(mas no filme parecia uma pedra de gelatina)
quanto mais olho o mar
menos me sou
e a poesia
fica sendo aquela coisa
como colocar máscaras
e viver em transe
moça
máscara
meu olhar
mundo
medo
espuma do mar
mulher
máscara
duna solar
planeta sade
javali selvagem
na lama
(essa foi djavan ein?)
e olha que eu nem precisei
inventar mitologias:
está tudo aí
as poses e cia.
poesia
índia do mato
ralando mandioca
os cabelos
o encontro do mar com o céu
de noite
os olhos
duas luas minguantes
em eclipse prismático
de algum lugar distante
os quadris
montanhas do rio de janeiro
a boca
fruta tropical
de um sábado-feira
(mulher bonita não paga e também leva!)
as coxas
canoas de árvores fortes
subindo seu rio
no delta do Nilo
no encontro das pernas
um porto seguro?
bahia?
vulcão em vulva
víbora
vício
ofereço em sacrifício
fluxo e precipício
black magic woman
making the devil out of me
o manoel chamaria de caracol de batom vermelho
o bandeira chamaria de porquinho-da-índia
o vinícius de morena
o caymmi de morena rosa
o caê de coisa linda
djavan de galáxia negra
o lô de ela
o drummond de pernas pretas
o murilo de visões do mar
o rimbaud de dérèglement de tous le senses
o carvalho de in the mood
o augusto dos anjos de estromatólito moreno
bilac de ourivesaria inca
bituca de o que será
jorjamado de gabriela
guimarães de diabo
cores, nomes
nomes
cinema
transcendental
biológico
sem lógica nenhuma
cores
sons
noite, dia
fome
força
fundo
cinema mudo
cores, nomes
mito
brinquedos de luz
invertem o céu
o mar
se funde ao céu
logo ali
yoga
naquele escuro
um homem de mochila
enfrenta o mar
de pé
numa pedra
vim para as pedras
não para escrever
mas para ser escrito
por elas
poderia ficar horas
só olhando o jeito
que o mar bate na pedra
e cria espumas e sons
(de alguma forma isso me lembra nós dois nus)
vim para perto do mar
para entender suas origens
estromatólitos são seres de fontes
do tempo que quase não tinha tempo
(mas no filme parecia uma pedra de gelatina)
quanto mais olho o mar
menos me sou
e a poesia
fica sendo aquela coisa
como colocar máscaras
e viver em transe
moça
máscara
meu olhar
mundo
medo
espuma do mar
mulher
máscara
duna solar
planeta sade
javali selvagem
na lama
(essa foi djavan ein?)
e olha que eu nem precisei
inventar mitologias:
está tudo aí
as poses e cia.
poesia
índia do mato
ralando mandioca
os cabelos
o encontro do mar com o céu
de noite
os olhos
duas luas minguantes
em eclipse prismático
de algum lugar distante
os quadris
montanhas do rio de janeiro
a boca
fruta tropical
de um sábado-feira
(mulher bonita não paga e também leva!)
as coxas
canoas de árvores fortes
subindo seu rio
no delta do Nilo
no encontro das pernas
um porto seguro?
bahia?
vulcão em vulva
víbora
vício
ofereço em sacrifício
fluxo e precipício
black magic woman
making the devil out of me
o manoel chamaria de caracol de batom vermelho
o bandeira chamaria de porquinho-da-índia
o vinícius de morena
o caymmi de morena rosa
o caê de coisa linda
djavan de galáxia negra
o lô de ela
o drummond de pernas pretas
o murilo de visões do mar
o rimbaud de dérèglement de tous le senses
o carvalho de in the mood
o augusto dos anjos de estromatólito moreno
bilac de ourivesaria inca
bituca de o que será
jorjamado de gabriela
guimarães de diabo
cores, nomes
nomes
cinema
transcendental
biológico
sem lógica nenhuma
cores
sons
noite, dia
fome
força
fundo
cinema mudo
cores, nomes
mito
quinta-feira, 24 de maio de 2012
sábado, 19 de maio de 2012
flui
ela me fez entender heráclito
numa mesa de restaurante a quilo
que nem era vegetariano
com flores de plástico
chão de ardósia
2 formigas no chão
no rádio tocava
garotos não resistem aos seus mistérios
e you're beautiful
belas sugestões!
não quis mostrar
o caderno, o diário,
mas consegui ler
assim de relance
algumas palavras como
silêncio, suzana, etc...
nesse pacto secreto
como aqueles de infância
sobre coisas muito banais
mas secretas
o trato era escrever sobre o almoço
e ela fez um poema
muito melhor
não devia ter lido antes...
o desafio era estar
ser
ao mesmo tempo sem deixar
de poesiar
como se faz
protegido pelas conchas
da escrita
e assim
por mais que véus e enfeites de plástico
cobrissem um pouco o espaço
como em filmes de Wong Kar-Wai
(ou o Carvalho - como costumava apelidar)
por mais que as banalidades
as apresentações
e modos sociais
inventassem algumas conchas
algum sonho tava ali
talvez sendo carregado por formigas
talvez pulsando alguma vida
nas flores de plástico
nos gestos
no sorriso
em lembranças inventadas
e já que se pode caminhar pelo mesmo rio
duas vezes
se a frase às vezes não encaixa
e nessa ondulação flutuante
das coisas que se descobrem no mar
pequenos tesouros
fragmentos de antigos naufrágios
até águas de outros rios
tudo flui
estou até rindo agora
pensando:
por mais que eu tente
esse poema não vai ser tão bom
quanto estar lá
(ou quanto o poema dela)
ah! pro escambau!
quem falou que a vida se separa em poesia e em vida?
já até me falaram isso
mas eu não acreditei
numa mesa de restaurante a quilo
que nem era vegetariano
com flores de plástico
chão de ardósia
2 formigas no chão
no rádio tocava
garotos não resistem aos seus mistérios
e you're beautiful
belas sugestões!
não quis mostrar
o caderno, o diário,
mas consegui ler
assim de relance
algumas palavras como
silêncio, suzana, etc...
nesse pacto secreto
como aqueles de infância
sobre coisas muito banais
mas secretas
o trato era escrever sobre o almoço
e ela fez um poema
muito melhor
não devia ter lido antes...
o desafio era estar
ser
ao mesmo tempo sem deixar
de poesiar
como se faz
protegido pelas conchas
da escrita
e assim
por mais que véus e enfeites de plástico
cobrissem um pouco o espaço
como em filmes de Wong Kar-Wai
(ou o Carvalho - como costumava apelidar)
por mais que as banalidades
as apresentações
e modos sociais
inventassem algumas conchas
algum sonho tava ali
talvez sendo carregado por formigas
talvez pulsando alguma vida
nas flores de plástico
nos gestos
no sorriso
em lembranças inventadas
e já que se pode caminhar pelo mesmo rio
duas vezes
se a frase às vezes não encaixa
e nessa ondulação flutuante
das coisas que se descobrem no mar
pequenos tesouros
fragmentos de antigos naufrágios
até águas de outros rios
tudo flui
estou até rindo agora
pensando:
por mais que eu tente
esse poema não vai ser tão bom
quanto estar lá
(ou quanto o poema dela)
ah! pro escambau!
quem falou que a vida se separa em poesia e em vida?
já até me falaram isso
mas eu não acreditei
quinta-feira, 17 de maio de 2012
alive
looking trough the stars
up in the great black sky
I search the meaning of life
while my guitar gently cry
some lô borges songs
that my mother used to hear
when I was inside her belly
when the stars that I saw
were her flesh and blood and tears
looking trough the mirror
I see some strange lines
inside my eyes
they look like stars
up in the great black sky
and life suddently starts to
mean something in the way she moves
I see the sound of things
like the wind in my skin
I see the sound of you
coming in visions of my mind
looking trough the night
I dream about
some lô borges songs
that I used to hear
when the world was inside my belly
nine out of ten movie stars
make my cry
I`m alive
vivainda
vivaldi
vulva
vácuo
vapor barato
vamos dançar no escuro
no fim do mundo
no futuro
fugere urbens
fugere tudo
i`m alive
up in the great black sky
I search the meaning of life
while my guitar gently cry
some lô borges songs
that my mother used to hear
when I was inside her belly
when the stars that I saw
were her flesh and blood and tears
looking trough the mirror
I see some strange lines
inside my eyes
they look like stars
up in the great black sky
and life suddently starts to
mean something in the way she moves
I see the sound of things
like the wind in my skin
I see the sound of you
coming in visions of my mind
looking trough the night
I dream about
some lô borges songs
that I used to hear
when the world was inside my belly
nine out of ten movie stars
make my cry
I`m alive
vivainda
vivaldi
vulva
vácuo
vapor barato
vamos dançar no escuro
no fim do mundo
no futuro
fugere urbens
fugere tudo
i`m alive
quarta-feira, 9 de maio de 2012
caracol de batom vermelho
você é um caracol
de batom vermelho
se enrosca fugindo do sol
e não escuta conselho
você é um caracol
labirinto de espelho
pode se ver um só
ou milhares de medos
você é morena
do cravo e canela
nem grande nem pequena
a altura dela
parece meu sonho antigo
que eu carrego acordado
combina muito comigo
uma mistura de fado
nunca ganhou poesia
a não ser do pai poeta
só pode ser fantasia
uma estória incorreta
como pode, menina
ninguém ter te escrito até ontem
se sei que por onde caminha
caracóis seduzidos se escondem?
como pode, menina
fugir pro casco espiral
sempre que o sol aproxima
por dentro constrói temporal?
você é um caracol-mulher
de batom vermelho
dança que nem a ginger
quando inventa de frente ao espelho
esse poeminha rimado
mal-rimado que nem de criança
parece algo quebrado
ritmo vai que balança
percebe que sonho acordado
nem preciso deitar e dormir aqui
você faz meu sonho sonhado
parecer como um filme de Berkeley
você é um caracol-criança
de batom vermelho flor no cabelo também
inventa do nada uma dança
que era só um cochilo num trem
me pede um cafuné num instante
no outro não sabe o que quer
você é um caracol-viajante
se enroscando no mundo que é
num mato perdido em minas
rasteja a memória no chão
cães, piques, meninas
tudo na palma da mão
conheço as estórias completas
conheço porque inventei assim
poetas são como profetas
escrevem o começo depois do fim
não tenha medo do sol
esse é meu conselho
você é um caracol
de batom vermelho
de batom vermelho
se enrosca fugindo do sol
e não escuta conselho
você é um caracol
labirinto de espelho
pode se ver um só
ou milhares de medos
você é morena
do cravo e canela
nem grande nem pequena
a altura dela
parece meu sonho antigo
que eu carrego acordado
combina muito comigo
uma mistura de fado
nunca ganhou poesia
a não ser do pai poeta
só pode ser fantasia
uma estória incorreta
como pode, menina
ninguém ter te escrito até ontem
se sei que por onde caminha
caracóis seduzidos se escondem?
como pode, menina
fugir pro casco espiral
sempre que o sol aproxima
por dentro constrói temporal?
você é um caracol-mulher
de batom vermelho
dança que nem a ginger
quando inventa de frente ao espelho
esse poeminha rimado
mal-rimado que nem de criança
parece algo quebrado
ritmo vai que balança
percebe que sonho acordado
nem preciso deitar e dormir aqui
você faz meu sonho sonhado
parecer como um filme de Berkeley
você é um caracol-criança
de batom vermelho flor no cabelo também
inventa do nada uma dança
que era só um cochilo num trem
me pede um cafuné num instante
no outro não sabe o que quer
você é um caracol-viajante
se enroscando no mundo que é
num mato perdido em minas
rasteja a memória no chão
cães, piques, meninas
tudo na palma da mão
conheço as estórias completas
conheço porque inventei assim
poetas são como profetas
escrevem o começo depois do fim
não tenha medo do sol
esse é meu conselho
você é um caracol
de batom vermelho
terça-feira, 8 de maio de 2012
percebe?
você
rima
comigo
já
percebeu
isso?
clube
manoel
vinil
infinito?
você
tá
até
no
sonho
ou
eu
durmo
enquanto
vivo?
acho
até
engraçado
nem
te conheço
mas
conheço
nem
pergunto
e
já
entendo
meio
bituca
meio
caê
meio
almodovar
meio
sei lá
trem de doido!
rima
comigo
já
percebeu
isso?
clube
manoel
vinil
infinito?
você
tá
até
no
sonho
ou
eu
durmo
enquanto
vivo?
acho
até
engraçado
nem
te conheço
mas
conheço
nem
pergunto
e
já
entendo
meio
bituca
meio
caê
meio
almodovar
meio
sei lá
trem de doido!
segunda-feira, 7 de maio de 2012
puro barato
percorro
teu corpo
palavra
escorrego
pela sala
num canto
do pescoço
esqueço
o tempo
sussurrando
vento
num fio
de cabelo
arrepiado
as mãos
assumem
o corpo
num toque
torto
enquanto
o mundo
gira
ao redor
da tua camisa
lisa
solta
espera
um pouco
o gozo
preso
solto
na ponta
da boca
morna
e morde
a carne
quente
na suave
violência
de tornar
o corpo
um só
envolve
o ar
num gesto
bruto
seiva
elaborada
com o nosso
suor
escorre
sujo
um sonho
fundo
um deus
de carne
um louco
som
e presa
na parede
como
presa
como
ventre
livre
dentro
como
a tua pele
e pêlo
ímpar
descreve
com o dorso
interroga
a curvatura
da cintura
com cintura
consentindo
em sufocar
o grito
gemido
ao dar
a cara
à tapa
a nádega
a faca
a esfera
ocular
o eclipse
lunar
a própria
terra
enterrada
em seu
gozar
espera
mais um
pouco
e eu já
rouco
arranho o
corpo
com os
dentes
enquanto
torce
a cama
o tempo
o espaço
sideral
invade
em movimento
vulcão de dentro
percorre o corpo
palavra
torto
invade o tempo
por entre as carnes
por entre as pernas
invade os mares
as primaveras
e vem de um tempo
que nem era tempo
e vem com força
invade a moça
transforma tudo
inventa um corpo
de um só corpo
inventa um som
maior que o om
inventa a espera
o esperma
fecunda a terra
inventa o verde
que não se perde
fazenda viva
inventa a vida
em forma vulva
e vem molhando
em seiva sangue sublimado
em sonho já sonhado
inventa um corpo em rima
em cima um do outro
se faz de outra
inventa ruas
por entre as pernas
e grita nua
palavras xulas
inventa a puta
se faz de muitas
inventa um jeito
se dá sem medo
entrega o seio
a minha língua
inventa rimas
e num crescendo
aumenta o ritmo
o corpo inventa
caminhos vivos
em meio a líquidos
e superfícies
descobre a pele
desperta vícios
alucinados
o olhar em branco
lençol molhado
o sol é lua
no céu nublado
o ventre uiva
a céu aberto
invade o músculo
em tempestade
inventa o corpo
e parte em arte
cada pedaço
teu corpo arde
em brasa fria
e na barriga
eu bebo e paro
avanço e bebo
o nosso oásis
até os pêlos
dos teus cabelos
invento redes
invento tardes
e deito e canso
descanso e deito
e durmo e acordo
e acordo e sonho
em tuas redes
invento o grito
do teu gemido
parece um mito
de muito tempo
...
agora dorme
agora pulsa
transborda tudo
e ri de tudo
inventa a carne rubra
até o umbigo
e vibra a nuca
em ondas livres
o corpo em pane
um tsunami
passou por dentro
agora dorme
agora pulsa
dragão mais lento
sorrindo leve
inventa um sono
inventa um corpo
agora sem corpo
agora livre
depois do ato
puro barato
teu corpo
palavra
escorrego
pela sala
num canto
do pescoço
esqueço
o tempo
sussurrando
vento
num fio
de cabelo
arrepiado
as mãos
assumem
o corpo
num toque
torto
enquanto
o mundo
gira
ao redor
da tua camisa
lisa
solta
espera
um pouco
o gozo
preso
solto
na ponta
da boca
morna
e morde
a carne
quente
na suave
violência
de tornar
o corpo
um só
envolve
o ar
num gesto
bruto
seiva
elaborada
com o nosso
suor
escorre
sujo
um sonho
fundo
um deus
de carne
um louco
som
e presa
na parede
como
presa
como
ventre
livre
dentro
como
a tua pele
e pêlo
ímpar
descreve
com o dorso
interroga
a curvatura
da cintura
com cintura
consentindo
em sufocar
o grito
gemido
ao dar
a cara
à tapa
a nádega
a faca
a esfera
ocular
o eclipse
lunar
a própria
terra
enterrada
em seu
gozar
espera
mais um
pouco
e eu já
rouco
arranho o
corpo
com os
dentes
enquanto
torce
a cama
o tempo
o espaço
sideral
invade
em movimento
vulcão de dentro
percorre o corpo
palavra
torto
invade o tempo
por entre as carnes
por entre as pernas
invade os mares
as primaveras
e vem de um tempo
que nem era tempo
e vem com força
invade a moça
transforma tudo
inventa um corpo
de um só corpo
inventa um som
maior que o om
inventa a espera
o esperma
fecunda a terra
inventa o verde
que não se perde
fazenda viva
inventa a vida
em forma vulva
e vem molhando
em seiva sangue sublimado
em sonho já sonhado
inventa um corpo em rima
em cima um do outro
se faz de outra
inventa ruas
por entre as pernas
e grita nua
palavras xulas
inventa a puta
se faz de muitas
inventa um jeito
se dá sem medo
entrega o seio
a minha língua
inventa rimas
e num crescendo
aumenta o ritmo
o corpo inventa
caminhos vivos
em meio a líquidos
e superfícies
descobre a pele
desperta vícios
alucinados
o olhar em branco
lençol molhado
o sol é lua
no céu nublado
o ventre uiva
a céu aberto
invade o músculo
em tempestade
inventa o corpo
e parte em arte
cada pedaço
teu corpo arde
em brasa fria
e na barriga
eu bebo e paro
avanço e bebo
o nosso oásis
até os pêlos
dos teus cabelos
invento redes
invento tardes
e deito e canso
descanso e deito
e durmo e acordo
e acordo e sonho
em tuas redes
invento o grito
do teu gemido
parece um mito
de muito tempo
...
agora dorme
agora pulsa
transborda tudo
e ri de tudo
inventa a carne rubra
até o umbigo
e vibra a nuca
em ondas livres
o corpo em pane
um tsunami
passou por dentro
agora dorme
agora pulsa
dragão mais lento
sorrindo leve
inventa um sono
inventa um corpo
agora sem corpo
agora livre
depois do ato
puro barato
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