debaixo da pele
um outro tipo de pele
debaixo da carne
um outro tipo de carne
por entre o sangue
um outro tipo de sangue
por entre os fluidos
um outro tipo de fluido
por entre as energias
um outro tipo de energia
há algo além
e além
e além
nesse abismo
que somos
que estamos
que seremos agora
o corpo procura
a mente
procura
a consciência
sabe
sente
debaixo da mente
por entre a mente
somente
resta
nada
semente
aquele vazio
do sonho lúcido
angustiante
incrível
ainda sou fraco demais pra tanta liberdade
preciso de bases de pedra
como aquela circular, mesmo que flutue no abismo
está lá
é sólida
de pedras
ainda mais
ainda mais e mais profundo
imagens se formam
desaparecem
sons veem
e vão
não em vão
vulcões
de imagens-sons
no centro
vazio
da criação
não são palavras
palavras são depois
e o depois não existe
no limite das palavras
onde o som encontra o sentido
ou vício ou verso
o universo respira uma dança
por entre as costelas galácticas
por entre os sistemas solares
no escuro abismo infinito de estrelas
no limite das palavras
e para além delas
ainda há
ainda resta
ainda sobra
e não está no espaço
nem no tempo
nessa poesia maior menor inexistente
estamos nós
dançando em círculos
inventando órbitas
no globo ocular
para enxergar a valsa
que a alma dança no mundo invisível
de braços abertos
(eles vão até onde o universo vai)
de olhos abertos
(eles vão até onde o universo vai)
o horizonte em mim se faz abraço
se faz embalo
e deito suavemente em meu próprio olhar
durmo
sonho
vivo
não sei identificar
o que é sonho
e o que não é
e nem importa mais
so(u)(l)
Nenhum comentário:
Postar um comentário