domingo, 27 de maio de 2012

estromatólitos

na orla
brinquedos de luz
invertem o céu
o mar
se funde ao céu
logo ali
yoga
naquele escuro

um homem de mochila
enfrenta o mar
de pé
numa pedra

vim para as pedras
não para escrever
mas para ser escrito
por elas

poderia ficar horas
só olhando o jeito
que o mar bate na pedra
e cria espumas e sons
(de alguma forma isso me lembra nós dois nus)

vim para perto do mar
para entender suas origens

estromatólitos são seres de fontes
do tempo que quase não tinha tempo
(mas no filme parecia uma pedra de gelatina)

quanto mais olho o mar
menos me sou
e a poesia
fica sendo aquela coisa
como colocar máscaras
e viver em transe

moça
máscara
meu olhar
mundo
medo
espuma do mar
mulher
máscara
duna solar
planeta sade
javali selvagem
na lama
(essa foi djavan ein?)

e olha que eu nem precisei
inventar mitologias:
está tudo aí

as poses e cia.
poesia
índia do mato
ralando mandioca
os cabelos
o encontro do mar com o céu
de noite
os olhos
duas luas minguantes
em eclipse prismático
de algum lugar distante
os quadris
montanhas do rio de janeiro
a boca
fruta tropical
de um sábado-feira
(mulher bonita não paga e também leva!)
as coxas
canoas de árvores fortes
subindo seu rio
no delta do Nilo
no encontro das pernas
um porto seguro?
bahia?
vulcão em vulva
víbora
vício
ofereço em sacrifício
fluxo e precipício
black magic woman
making the devil out of me

o manoel chamaria de caracol de batom vermelho
o bandeira chamaria de porquinho-da-índia
o vinícius de morena
o caymmi de morena rosa
o caê de coisa linda
djavan de galáxia negra
o lô de ela
o drummond de pernas pretas
o murilo de visões do mar
o rimbaud de dérèglement de tous le senses
o carvalho de in the mood
o augusto dos anjos de estromatólito moreno
bilac de ourivesaria inca
bituca de o que será
jorjamado de gabriela
guimarães de diabo

cores, nomes
nomes
cinema
transcendental
biológico
sem lógica nenhuma
cores
sons
noite, dia
fome
força
fundo
cinema mudo
cores, nomes
mito

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