quarta-feira, 13 de maio de 2009

Outro

Chorei páginas dos meus olhos.
Chorei até molhar os livres.
Quem fala em mim é sempre outro.
Chorei, enfim, de risos tristes.


Quem anda descalço no cinema
tem os pés pisando sonhos.
Quem corre atrás de morena
só tem os calos que calam
só tem os olhos nos olhos

do Outro.

Eu queria ser a terra nos pés.
Falta-me coragem para ser de terra.
Faltam-me páginas para molhar a terra.
Falto-me eu no Outro.

Pra que servem palavras senão para parar o sentido do mundo?

Se eu pudesse sumir
voando nas minhas palavras
desaparecendo na minha linguagem

virar um pó
sem imagem
nem som:

mistério.

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