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como faltou água hoje na descarga do banheiro
enchi um balde com água e desinfetante
depois que defequei.
joguei de uma vez só
e a minha sujeira desceu toda.
pouco tempo atrás eu estava pedindo
para alguém me limpar.
mas eu sei que o tempo não existe
do jeito que achamos que existe:
o que chamamos tempo
pode ser somente o acontecimento simultâneo
de eventos.
eu aqui jogando o balde com água e desinfetante
na privada
e os ponteiros do relógio do meu pulso
marcando 19:50.
o que eu gosto na poesia
é sincronizar
imagens
e
sons
que nunca existiram juntos.
desse jeito
ao ler a poesia
conseguimos viver no presente atemporal
de toda a nossa eternidade e efêmeridade
através de todas as banais ações e eventos
conseguimos viver a poesia
sem dimensões.
ler uma poesia assim
talvez seja
por um tempo indefinido (pois não há de fato)
ser o que se é,
sem metáforas
sem rimas
sem fim,
Eu gostaria de ter um computador em frente à privada também, para poder cagar e escrever poesia ao mesmo tempo.
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