.
.
hoje eu fechei os olhos e entendi o Sol
entendi que as coisas são feitas eternas
e que só hoje posso brindar o futuro
meus olhos passeiam pela vida com a certeza
de alcançar os rios mais bonitos do planeta
e tocar os pés no encontro de águas
chorar
e navegar em qualquer embarcação
para qualquer porto
porque o rio que passa na minha aldeia
são todos os rios do mundo
e nenhum rio do mundo
eu não tenho nenhum rio que passe em minha aldeia:
ela já é o rio
eu já sou a aldeia
ah! essas músicas idiotas não me saem da cabeça
não se pode mais fazer nada
um copo de chopp, cigarros, eu inventei promessas
e os futuros continuam os mesmos
somente o presente mente
só
eu seguro, então, nos seus braços
e juntos vamos contemplar a transitoriedade das coisas eternas
olhando o Sol, os prédios
a vontade de ser livre
o pombo atropelado no meio da rua
e o silêncio que de dele emana
antes eu saberia fazer rimas
e juntaria palavras como ímãs
mas hoje não sou mais poeta
perdi o alvo, a reta, a seta
estou nú diante de Deus (diante de mim mesmo)
lá vai aquele homem vestindo sua couraça
de pobreza e sorriso
eu daria um pão
eu daria minha vida
se não fosse pobre de espírito
se não pedisse migalhas de poesias
pelas ruas, pelos rios, tentando decifrar a natureza
cometemos muitos erros ao tentar decifrar a natureza:
a poesia se perde, como agora.
eu poderia dar pontos nos nós
dizer pra que vim ao mundo
falar a Verdade.
mas eu olho os olhos das crianças no metro:
elas não tem olhos, tem espelhos.
isso ficou lindo:
ResponderExcluir"antes eu saberia fazer rimas
e juntaria palavras feito ímãs,
mas hoje não sou mais poeta,
perdi o alvo, a reta, a seta,
estou nu diante de deus"
abraços