há muito tempo
sobre a gente
de mãos dadas
passando as escadas
do Municipal, na mente
na Cinelândia, no tempo
que era pequena
fiz um poema
tentando dizer
o que não foi dito
o que não foi feito
a gente sem jeito
virando infinito
tentando dizer
que a vida é pequena
fiz um poema
em verso e em prosa
misturando o real
com o que não inventei
o nosso olhar, fotografei
em preto-e-branco-jornal
onde apareço jocosa,
feliz, ingênua
fiz um poema
mas o perdi de mim
nas farsas de uma cidade
nos braços de um qualquer
no corpo de mulher
na própria felicidade
no muro um jasmim
de espanto em floema
quero o poema de volta
do mesmo jeito que fiz
mas não consigo escrever
escrevo o sinto
escrevo o que minto
o que posso fazer
se de mãos dadas, um triz,
a falta de um beijo, derrota?
quero o poema e os nadas
as ausências, as frases feitas
mas nem tenho os vazios
mas só lembro das mãos
só aceitamos os nãos
pelos antigos edifícios
pelas ruas estreitas
como nossas mãos: dadas?
li mil vezes, de trás pra frente, de frente pra trás, tive piti de pelanca,ainda estou processando.
ResponderExcluirIsso foi antropofágico, dá pra ver que é seu, que são suas palavras, seu jeito mas você digeriu muito bem, tem mais coisa minha aí do que você imagina.