que era tão sensual quanto uma aliteração
e costumava vestir o silêncio com fantasia de carnaval.
essa menina cresceu
e virou mulher.
teve três filhos comigo:
um soneto,
uma fotografia onde pode se ver perfeitamente nada,
um filme mudo.
no soneto está tudo o que quis de mim e não tive:
amor, vento, coração, lua...
issos.
na fotografia aparecem claramente as cores da voz dela quando gemia de prazer.
o diafragma e o ventre da máquina estavam abertos para o sol penetrar.
no filme dá pra escutar o movimento dos nossos olhos quando o sol penetrava a câmera.
mas a mulher envelheceu e virou criança.
dizia que eu era o pai dela.
dizia que a cadeira de balanço tava balançando ela.
dizia que o mundo ia acabar.
misturava passado presente futuro.
a criança tentou ver tudo junto.
tudo no mesmo enquadramento.
e conseguiu!
consegui ver nada.
era tudo poesia.
Que fique registrado: dezporcento da sua futura fortuna me pertence. Vou anotar cada inspiração que eu forneço.
ResponderExcluirE porra, esse ficou bom pra caralho.