segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pedi a conta

O labirinto do tempo.
O tempo num labirinto.
Hoje, às 18 horas, pedi a conta do café.
Hoje, às 18 horas, Prometeu rouba o fogo.
Hoje, às 18 horas, um índio avista algo na praia.
Hoje, depois de sentar-me na mesa da calçada, e tomar o café, eu pedi a conta.
Mas poderia ser Prometeu, que depois de sentar-se numa rocha do Olimpo, roubou o fogo dos Deuses.
Ou poderia ser um índio, hoje, que, sentado na areia, avistou algo na praia.

Eu, depois de sentar-me aqui na calçada da Rua Visconde de Pirajá, olhando as pessoas, os carros, a vida borbulhante e o espumante da senhora da mesa ao lado, eu tomo meu café. Mas poderia ser Prometeu, que cansado da prepotência dos Deuses, senta-se numa pedra, no Monte Olimpo e pensa num plano, um plano para a Humanidade, ali embaixo, a vida acontece. Ou o índio tupinambá, que, sentado na areia de uma praia na Bahia, não entende quando, de repente, estranhas figuras chegam na areia da praia, como 2 batedores de carteiras que chegam na frente da calçada do café, ou como 2 guardas sonolentos protegem um segredo dos Deuses.
Eu, avistando 2 batedores de carteira, que atacam, agora, uma senhora rica. Com a mesma violência que um capitão português catequiza o índio, numa praia da Bahia, hoje, às 18 horas.

Prometeu passa pelos guardas e esconde o fogo numa planta. Ou poderia ser o batedor de carteira, que esconde em seu bolso da calça jeans a carteira da senhora que sente que foi roubada, ou o índio que é obrigado a entregar seu colar com uma pedra brilhante.

Eu estou aqui, sentado na calçada, e acabo de tomar o meu café. Estou sentado quando percebo que uma senhora, ou um índio, ou Prometeu, está sendo assaltada. Eu, ou um índio, ou uma senhora, já não sei, só sei que jogo minha xícara de café ainda cheia, pois acabo de pedir meu café, que ainda não chegou. Eu jogo minha xícara de café vazia, que se quebra no chão da calçada.

Ou poderia ser o pedaço das vestes de Prometeu, que cai agora no chão, denunciando que ele roubou o fogo dos Deuses. Ou o índio, que antes de entregar seu colar com uma pedra de esmeralda, joga nela um feitiço mortal.

Eu acabo meu café, agora, às 18 horas, e acorrentado numa montanha, recebo a visita constante de capitães portugueses, cujas carteiras são roubadas, ou não, pelos Deuses.

Eu acabo meu café e peço a conta.

Um comentário: