sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dentro

Tenho o corpo mortal
mas algo dentro de mim sonha.
Sei o que é o bem e o mal
mas fabrico diariamente um veneno
aplico-me peçonha.

É um vício matinal
e algo dentro de mim, sombra.
Espelho de faces, um portal
por onde entro grande, saio pequeno
uma outra pessoa.

Sou um descendente
do primeiro vivente
que questionou as coisas

sou um parente
do primeiro poeta
que apontou a Lua

tenho o corpo mortal e isso não me incomoda
as coisas passam, mas sonhos persistem
por que eu teria medo e por que seguiria moda
se as coisas passam, mas os sonhos persistem?

Tenho o sonho imortal
de amar você, simplesmente
sem discurso e sem moral
no decurso dos rios da gente
sem final

Meu corpo é de carne
que apodrece: não-poema.
Sou torpor, e cantar-me
só pode valer a pena

4 comentários:

  1. Olá, Omura! Parabéns pelo blog. Sucesso e longevidade é o que eu desejo.

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    G.N.

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