Há poucos estrangeiros na Suíça,
é preciso acordar cedo.
Há muito branco no país,
é preciso acordar cedo.
Há na Suíça uma legenda,
que estrangeiros se cortam, simplesmente.
Então lá vai uma estrangeira
acorda de manhã cedinho
para buscar o leite para os gêmeos
em sua barriga
Na rua já se acostumou
aos olhares estranhos
aos pastores alemães
ao frio nos olhos e na
distância dos corpos
Mas nesse dia algo suspeitava o ar
na estação vazia de trem, que neva
- estrangeiro, se corta com estilete
e o grupo a cerca, a cerca, a cerca
acerta-a, erra-a, acerta-a, assepta
Está salva a raça
- Meu Deus, não há Deus, não há culpa
só o suor na face
e das bolsas estilhaçadas
no ladrilho já abortado
o batom, a carteira,
o espelhinho, os gêmeos,
escorre uma coisa espessa,
que é feto, sangue, neve... não sei,
Por entre objetos cortantes
sem redenção nem noite,
duas cores se procuram
dolorosamente se tocam
ásperamente se enlaçam
formando um outro tom
a que chamamos aborto.
e aborta-se o que ainda restaria de decente na humanidade... belo e contundente o teu poema.
ResponderExcluircarlos omura, não, tayo drummond, não...ah sei lá
ResponderExcluirA vida é tênue com a neve dos corações.
ResponderExcluirBelíssimo poema sobre a vida bandida dos alpes.