domingo, 1 de fevereiro de 2009

Beijo de 100 anos

Eu queria dizer verdades
mas só consigo escrever poesias

Eu queria mesmo era não escrever,
só escrever o que eu não escrevi,
o que já estava escrito no mundo e em mim
e eu só reescrevi

Eu queria a descoberta
de palavras novas cidades novas musas
olhar de criança sobre as coisas
e afeto de velho sobre as coisas porque vai morrer

Mas assim como eu
minha poesia tem 20 anos
(tirando é claro as outras encarnações)

e o que se vive em 20 anos? o que se sofre em 20 anos?
com que propriedade falo e flora sobre a fauna da vida?

Mas agora não tem cura
essa coisa de poesia

Buscamento descoberta da cortina
que nunca acaba

Eu queria sentir ao ler como se tivesse ali no rosto d'alma um beijo de 100 anos

4 comentários:

  1. Poeta,
    Passei aqui, lí as últimas postagens,fiquei realmene com a cabeça nas estrelas...
    Viver cada momento da vida,já é uma dádiva, com poesia,é uma benção celestial...
    bjs!
    Mari

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  2. Todo o texto existe pela presença da falta; paradoxalmente. A falta que todo homem carrega consigo o tempo todo, tanto dos outros, quanto daquele que ele podia ser, mas ainda não é, se faz uma presença viva, perceptível no papo das crianças com seus amigos imaginários, no sonhos dos adultos com seus desejos frustrados, na insônia dos apaixonados em suas camas de solteiro. A falta que todo homem carrega consigo o tempo todo é aquela que explica e dá sentido a boa parte dos seus atos e lapsos.

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  3. se com 20 anos você já tá escrevendo assim... nossa!

    beijos de 100 anos.

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  4. Fantástico,Taiyo!!

    Belíssima poesia-reflexão!

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