quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Bobo

estive por muito tempo desprezando
um poema

estive a minha vida inteira desprezando
um breve poema

e ele estava bem debaixo do meu
lapís

vem descalço pegando doenças
de enchentes
de gentes
vem vitimado de mortes
e inocentado de sentenças verbais

um desses ais de se gritar depois do metiolate

é preciso imprecisar a vida
pressionar a poeira de certezas
(por que esse poema me incomanda/encomenda [e comenta] enquanto escrevo-o ovo?)
contra a parede craniana

e nem rumo...

estive uma tarde na invisível
varanda...
aberta clara o abismo de se afogar no poema

eu sempre tive pena
do poema
de deflorar
comer
enquanto
degustar

a culpa foi tua
eu
lírico

não deveria haver multa
para poemas-pre-cipício?

as cigarras me disseram
que eu ejaculo precocemente o poema


e nem fumo

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