terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fundo Falso

A buzina do táxi me deu um soco na barriga do ouvido
e a minha vida foi atropelada
pelo acelerado coração dela
ví o meu sangue manchado de poesia
pintando no asfalto uma rosa amarela

Siga aquele táxi
Não há tempo a perder
Não há vento no centro da cidade
então respiro com os olhos a poeira dos prédios e
o seu amor me sufoca
como se fosse um mergulho
do vigésimo andar
amarrado em fios do computador

Foi de parar o trânsito
e meditar em praça pública
o vento nos pêlos pubianos
invento a graça disso tudo
invento os carros, os motores e em transe: mudo

Foi você mesmo que disse que sabia dirigir
Eu te emprestei meu parto
te dei a chave do quarto
e fechei os olhos

não existem acidentes
só ácido no dentes
de quem corre na falta de asfalto rente

Olha o volante!
Olha o Dante, o inferno, Machado,
A apoteose dos ossos do carro
retorcidos e retumbantes
numa marcha
até o fim do sono
até o engano das curvas
as formas sinalizadas na chuva

mal implantadas na estrada

3 comentários:

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  3. Universo urbano
    desencano
    desarmo
    desfaço
    devasso?
    cansado?
    cante!
    que eu canto
    de outro lado!

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