sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Clones

e se a minha poesia fosse clonada
enquanto alegremente estivesse sendo lida em voz alta
num corredor da escola primária
o garoto apaixonado e menina desinteressada
será que o amor resultante daquelas palavras
ao saírem da boca cruzando o ar
e tocarem sutilmente o que a menina esconde
será que o amor se duplica?

e se a emoção dividida ou multiplicada
escolhesse pelo livre arbítrio
dividir aquela poesia em duas
duas folhas de papel partido
dois corações partidos
universo paralelo

e se para cada palavra existisse o seu clone
a mesma palavra e o mesmo sentido
mas que no fundo e na superfície
não podem ser o mesmo ser vivo

por estar vivo

cada palavra está acrescida de algo divino e humano
um sentido realmente sem sentido
um traço, um afeto, uma pista, um desengano
num desenredo mítico, o ego se busca em cada verso

por estar vivo

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