por que é que dá tanta vontade de fazer xixi quando se brinca de pique-esconde?
é impressionante isso.
parece que o mundo gira mais devagar, o tempo passa mais rápido.
cada segundo demora pra caramba.
como naquela vez que conversávamos num luau, ou não,
como naquela vez que conversávamos num fim de festa,
como naquela vez que vocês ficaram com medo de matar a aranha grandona que tava na parede do quarto,
passou como num outro tempo, num outro espaço.
aquelas músicas eletrônicas já não tocam mais na minha cabeça quando lembro daquela época.
aquelas brincadeiras sacanas, "mês", "um sorvete bem grande", "escalar", "muredão", inventar brincadeiras.
o ônibus da escola parece uma profecia: estava tudo lá, escrito em subtexto.
malabares com a felicidade e a tristeza:
você brincava com meu coração como se fosse jogar bolinhas no sinal.
a gente tinha o sonho de revolucionar o mundo, depois de entender a revolução que nossos pais e avós não conseguiram fazer.
nós tínhamos a inocência de não ter inocência.
nós tínhamos a faca (sem ponta) e o queijo (parmesão, do xis do Zé da cantina) nas mãos, e fizemos o que?
viramos jovens caretas: buscamos entrar no mundo, e não construí-lo, ou reconstruí-lo.
o guaraná e a playboy ficaram para trás,
percebemos que a poesia não estava nos espaços: era o nosso olhar.
mas uma coisa que sempre me intrigou, e sempre vai me intrigar:
por que é que dá tanta vontade de fazer xixi quando se brinca de pique-esconde?
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