quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Fotografia de uma galera

em frente a entrada
de um lugar extinto
um sentimento tímido escondido por rostos
expostos ao flash da câmera de um desconhecido
que como numa contemplação à natureza (nós também a somos)
pinta com tintas de luz e cor um momento
me fazendo reverter ao tempo e lugar
e me tornando simples pó, retrato de uma criança em crescimento

gente tão feliz, porque você as quer assim
sorrisos tão verdadeiros, porque não podem estar mentindo para você
e no ar, no ar não, no éter que permeia o contorno das formas
na fotografia, um senso de percepção da eternidade desse instante
apesar de ser completamente finito
um olhar mais perspicaz que o de um adulto saudável
pleno de seus compromissos e intelectualidade (que acredita possuir)
encarando o observador, ingenuamente, num paradoxo inexplicável

e são apenas crianças! e eu também no meio desse rebuliço
escondido numa máscara que escondia outra
um eu tímido e o rosto escondendo sentimentos que se explodiam
a cada hora e segundo, criando um mundo exterior mais plausível
àquele terrível mundo sem poesias

rostos pintados, geralmente sem nada, tinta nenhuma,
graça nenhuma, mas intrigantes
quem são essas crianças que ousaram desafiar elas mesmas com esse olhar?

ainda ficou uma lembrança obscura, perdida em meio a tantas correrias
medos bobos e corredores com segredos
gente tão simpática que parece até que as conheço

quem serão vocês agora?
donos de fábrica, vendedores ambulantes, viciados, roqueiros?
traficantes, restaurantes, ajudantes, ambulância, roceiros?

o olhar não engana
continuam os mesmos...
bebendo a vida e seus anseios
apenas crianças...



(cadernos adolescentes)

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