segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Processo Criativo - reflexões sobre fazer poesia (ou ser desfeito por elas) - parte 3

Conversando ontem com meu amigo escritor Rafael Sperling, enquanto tomávamos açaí (foi-se o tempo do absinto) eu percebi que estou encontrando uma maneira de me despistar. Ou seja, sair de esquemas automáticos da escrita, sair dos vícios de linguagem e buscar verbos novos para se perder. Para me despistar, começo a escrever mais em prosa. Alongar o texto, fugir do verso, versando de outro jeito, mas sem deixar de ser poema pra mim.

É uma coisa que recomendo: quando sentir-se seguro na escrita, ou sentir que achou um estilo, sentir que os textos estão fluindo bem numa linha, tente o caminho oposto, mude a própria linguagem e não-objetivo da escrita.

Nesses últimos textos, ando em busca de entender meu processo de escrita, compartilhando com vocês e comigos, enfim, conoscos, esses issos e nadências aparentemente impenetráveis do poema. O exercício tem se mostrado enriquecedor.

Encarar a poesia como um exercício diário foi de grande importância para o meu empequenamento. Por empequenamento quero dizer a percepção poética de que o mundo é maior do que você, de que você é maior e mais do que você, e de que você que inventa o mundo e você.

Os músculos poéticos vão ficando cada vez mais fracos para a sensibilidade, ao contrário de uma ginástica física.

Nesse ponto, o ócio é muito importante.

As coisas que não importam são fundamentais.

2 comentários:

  1. "de que você que inventa o mundo e você"
    e quando você leva a poesia para o mundo?
    e quando você inventa a poesia no mundo?
    .... na realidad-real?
    diz baixinho para mim, Taiyo

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  2. gde ponte de interrogação!

    Bem sacado esse negócio dos músculos da poesia x sensibilidade!

    escrever todo o dia pra mim é meio cocô duro! adicionaria portanto (já que estamos falando nisso) que, quanto mais tempo espaço os meus textos, mais diarréia o são! por mais que não sejam extensos.

    as coisas que não importam, tô contigo, são as mais importantes!

    se importar com as coisas que não importam é vida!

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