quinta-feira, 2 de setembro de 2010

teu corpo

teu corpo
não é como uma nuvem metafórica
que pode ser
e também não se curva
pela geografia feminina
dessa cidade maravilhosa
não silencia como a lua
e nem pertence aos encantos do outono
como um orvalho faminto
sugando as lágrimas da chuva

teu corpo não é feitiço nem doença
não se espalha pela grama como formigas
nem tem a extensão como a de um pássaro inventado
sem asas e sem perdão

teu corpo não é de virgindade
não é como o tempo escorrendo de relógios
nem como a lógica escorrendo de ralos em poemas
não inventa primaveras com o gesto
nem se comunica com fumaça em línguas de índio
como silêncios gritados de passados ínfimos

teu corpo não é como o cinema mudo
não ficciona o movimento incerto
não emociona como um mendigo feliz

teu corpo não é como outra coisa
que não o teu corpo

teu corpo é como teu corpo
e nem como ele é

teu corpo é teu corpo

sólido
imperfeito
humano

corpo de mulher

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